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Teatro guarany traz lembranças memoráveis

Publicado: 25 de julho de 2003
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A emoção está estampada no rosto. A alegria de lembrar da infância, dos momentos especiais que passou ao lado do pai - flautista que se apresentava na Sinfônica do Teatro Guarany, na década de 30 - deixa o pesquisador Jaime Caldas com um sorriso permanente de felicidade pelo privilégio de freqüentar um dos mais importantes teatros do Brasil, onde passaram as melhores companhias da época, inclusive da Europa, e servido como palco das primeiras manifestações a favor da Abolição dos Escravos e da República. Jaime Caldas se entusiasma ao falar do Guarany, comprado pela Prefeitura, para ser restaurado e integrado a paisagem da região central. Não esconde a emoção ao mostrar a planta da primeira construção do teatro, que impressiona pela grandiosidade do palco e da platéia, dividida em primeira e segunda classe, além do setor da geral que tinha capacidade para 300 pessoas. Assisti a várias peças de consagrados artistas nacionais, óperas e Sinfônica onde meu pai tocava como flautista. A apresentação era no poço (espaço situado em nível inferior ao palco), comentou Jaime Caldas, lembrando que ir ao Guarany era um acontecimento na Cidade. CALIXTO O que mais impressionava o menino na época (1933), com sete anos, era a beleza arquitetônica e a pintura interna do teatro. Ficava apreciando todo o conjunto, principalmente o teto, pintado por Benedicto Calixto, aliás, decorou todo o Guarany, lembrou que o pintor foi o autor do pano de boca (espécie de cortina na entrada do palco) encomendado pelo arrendatário do teatro, Raimundo Gonçalves Corvelo, onde entre os anúncios pintados por Calixto aparecia o retrato do alfaiate Silvino Alves Corrêa. Segundo Jaime Gonçalves, a primeira fase do teatro Guarany durou de 7 de dezembro de 1882 até 20 de junho de 1911, quando passou para Santa Casa, antes era propriedade de vários acionistas. Toda sua fachada foi reformada, sendo mantido apenas a parte interna, comentou, elogiando a iniciativa da Prefeitura em restaurar o imóvel, embora reconhecendo que será difícil de conseguir trazer de volta o Guarany nos moldes que foi construído. O importante é que o trabalho da Prefeitura vai imortalizar o teatro para Os santistas saberem pelo menos que ele existiu, comentou. Para a restauração do Teatro Guarany, a Secretaria de Planejamento (Seplan) em parceria com a Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams) e com a Secretaria de Cultura (Secult), está finalizando uma minuciosa pesquisa sobre as características originais do edifício. Jornais, revistas, livros e outras publicações do século XIX estão sendo utilizados como fonte para esta pesquisa. Outros tipos de registros como, por exemplo, croquis (esboços de desenhos) da época, utilizados pelo Teatro contendo as localizações do palco e platéia para mostrar ao público os lugares do espetáculo, também atuam como suporte. INÍCIO DA REVITALIZAÇÃO Na próxima segunda-feira (28), às 13 horas, o chefe do Executivo fará o início simbólico das obras de recuperação do Teatro Guarany. A derrubada de uma parede, que fechou uma das portas, vai marcar o começo dos trabalhos de limpeza, com a retirada de entulho e vegetação, etapa que antecede a restauração do imóvel. Mesmo tendo definido que um Centro Cultural irá funcionar no local, a Prefeitura, através da Secretaria de Planejamento (Seplan), fará uma pesquisa junto à população, que vai opinar quanto ao melhor uso para o espaço. A partir dos resultados, a secretaria vai elaborar o projeto final, que vai respeitar o aspecto original do teatro. Para que isso seja possível, a Seplan, em parceria com a Secretaria de Cultura (Secult) e a Fundação Arquivo e Memória de Santos, está elaborando uma minuciosa pesquisa em publicações do século XIX, desenhos e fotos antigas. Primeiro teatro a ser construído em Santos, inaugurado em 7 de dezembro de 1882, o Guarany terá seu interior totalmente reconstruído, uma vez que um incêndio ocorrido em 1981 causou sua completa destruição interna. O passo inicial para sua revitalização aconteceu no último dia 30 de junho, quando foi assinada a escritura definitiva do imóvel, comprado pela Prefeitura.