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Núcleo de jogadores anônimos ajuda pessoas compulsivas

Publicado: 15 de maio de 2003
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Criado há um ano em Santos, o Grupo de Jogadores Anônimos (JA), que funciona na sede da Seção Núcleo de apoio ao Tóxico-Dependente – Senat, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), às terças (19 horas) e sábados (17 horas), tem como finalidade ajudar pessoas compulsivas pelo jogo a abandonar o vício. Funcionando nos mesmos moldes dos Alcóolicos Anônimos (AA) o grupo de auto ajuda já recebeu a visita de mais de 40 pessoas, neste primeiro ano de existência, e, no momento, conta com 15 integrantes que comparecem de forma assídua às reuniões. Há ainda outra parcela de pessoas que busca informações e troca idéias acessando o site www.jogadoresanônimos.org. Em determinados dias da semana, terças, quintas e domingos às 20 horas, são feitas reuniões virtuais com os interessados, que podem fazer perguntas e realizar depoimentos, on line. O advogado que se apresenta com o pseudônimo de ¨Carlos¨, participa do JA há três anos, inicialmente em S. Paulo, sendo um dos fundadores do núcleo de Santos. Em comum, as pessoas que frequentam às reuniões tem histórias dramáticas de perdas e sofrimento em razão do vício, na medida que o jogador compulsivo além de perda de bens materiais, (alguns chegam a vender imóveis) coloca em risco a própria subsistência e de toda a família, apostando tudo o que ganha, e mantendo ausências prolongadas do lar. A compulsão leva a conflitos nas relações afetivas com família, prejudica o desempenho no emprego, em razão de ausências injustificadas, e leva a derrocada moral e perda da auto-estima. Em Santos, segundo avalia ¨Carlos¨, o maior problema tem sido os bingos eletrônicos, mas o jogador compulsivo pode ser afetado por vários tipos de jogos, video-pôquer, carteado, corrida de cavalos, megasena, e assim por diante. Além dos encontros dos jogadores anônimos, o núcleo também mantém reuniões para os familiares, o Jog-Anon, onde podem desabafar seus problemas, aprender a lidar com a situação e entender o doente. Homens e mulheres de todas as classes sociais são afetados pela compulsão pelo jogo. No grupo santista há mais homens assíduos nas reuniões semanais, mas a presença feminina foi mais acentuada em encontros esporádicos. Um traço em comum entre os jogadores figura a vaidade, inteligência, e uma tendência para a solidão. Geralmente são pessoas mais velhas e dispõem de um poder aquisitivo mínimo que disponibilizam para se iniciar no jogo. É mais difícil de se descobrir o jogador compulsivo, do que outros dependentes, como é o caso do alcoólico. O jogador mantém-se discreto e não revela a ninguém quanto perdeu no jogo. Quando o problema se agrava, a auto ajuda se torna fundamental. No processo de recuperação, os interessados (cujos nomes ficam sempre no anonimato) devem responder 20 questões, que dão o perfil do jogador compulsivo, e em seguida começa o longo processo da recuperação, que inclui os chamados ¨12 passos¨. Em todo o Brasil há 27 grupos de JA organizados.