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Trajetória do fotógrafo antonio vargas em 300 fotos na galeria brás cubas da secult

Publicado: 8 de maio de 2001
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Quem visitar a exposição fotográfica de Antonio Vargas, na galeria Brás Cubas, instalada no segundo piso do prédio da Secretaria de Cultura, na Av. Pinheiro Machado, 48 (aberta até o dia 24 de maio das 14 às 22 horas), vai se surpreender com o mundo de emoções transmitidas pelas fotos, a maior parte delas em preto e branco. A coletânea revela não apenas a trajetória de sua carreira de fotógrafo sensível e antenado com a realidade da vida, sobretudo na série de rostos femininos em expressões dramáticas e angustiadas, como dá lições de sensibilidade ao revelar, com luz e efeitos especiais, o lado belo da vida. Em algumas delas usa as cores. Momentos da dança, nos esportes, que exige percepção e muita rapidez; na amamentação, (série premiada) no teatro e na música, além de referências às minorias como o índio (um de seus projetos é produzir uma série no Xingu) e aos japoneses por quem nutre especial carinho. Eu tive grande ajuda de Massao Oshida no início de minha carreira, revela. Nessa referência às minorias e aos oprimidos, com destaque aos negros, mostra flagrante da raça nipônica, em Santos, na inauguração do monumento à imigração japonesa, no Boqueirão, com a presença do Primeiro Ministro do Japão. É uma das raras concessões ao mundo das autoridades. O que ele procura mostrar, sobretudo em seu trabalho é o essencial invisível através do visível, conforme define. A mostra não está exatamente organizada por setores e nem todas são identificadas. Mas há um fio condutor levando o visitante a se angustiar com o trágico e a se surpreender com o belo, em fotos intercaladas, tal como um painel da vida de cada um. Ele dá um exemplo, lembrando o clima de violência que apavora hoje a todos, citando o trágico episódio do assassinato de um jovem médico na véspera de seu casamento, fato ocorrido há poucos dias em Santos. Quem visitar a mostra verá nas fotos, a mesma dor e angústia, certamente, que tomou conta dessa família diante de uma violência tão inesperada, resume. Essa é a vida, diz ele se situando também como personagem de momentos de dor e humilhação. É da raça negra, ousado, e sempre foi muito determinado em levar adiante seus projetos artísticos. Dormi muitas madrugadas de frio na rodoviária de São Paulo, quando trabalhava na Folha de São Paulo e perdia o último ônibus para Santos. Os vigias me confundiam com mendigo e me expulsavam dali. Nele convive o Antonio calado e de bom senso, ao lado do Vargas, impulsivo, criativo, ousado, inconsequente. É o Antonio que traz o Vargas para a realidade. MUITOS PRÊMIOS E DESTAQUE DA NIKON Vargas tem muitos prêmios em sua carreira, figurando, na mostra, 8 fotos premiadas, a última delas Discórdia, (negros lutando sob o olhar de uma jovem vestida de branco), numa referência à importância da paz, selecionada no Concurso Internacional da Nikon em 1999 e que agora será inserida num álbum que percorre o mundo inteiro. A Nikon Photo Contest International reúne as melhores fotos de renomados fotógrafos de vários países. É a segunda vez que Vargas aparece no álbum da Nikon, sendo a primeira vez em 1976, com a foto Banho do Desencanto, revelando o momento trágico de uma jovem que pisa na praia. O medo que permeia a vida das pessoas é um elo dominante na série onde utiliza modelos femininos em poses dramáticas, algumas delas com molduras em papel rasgado, num processo de autodestruição proposital. Essas modelos loira, negra e uma morena, de posições sociais diferentes, no final da década de 70 e início do anos 80, participaram, durante 3 anos, de exercícios de psicodramas, num processo de sensibilização individual, conforme conta o artista, onde também utilizava a música como forte indutor na composição das imagens. Para trabalhar tantos temas variados, Vargas admite que usou a experiência adquirida em várias áreas onde atuou, no teatro, no mundo das novelas da TV Tupi, ao lado de Carlos Zara, Eva Wilma, na publicidade, em agências como a CDN, de Ciro Del Nero e DPZ, no cinema junto a PAM Filme e também em jornais, como Folha de São Paulo, entre outras publicações. Atualmente Vargas é fotógrafo da Secretaria de Comunicação da Prefeitura. Mas suas fotos rodam o Brasil. Recentemente, foram selecionadas pela Secretaria de Esportes do Estado, por meio de uma agência, para ilustrar o novo Mapa Oficial dos Jogos Abertos. Esse tipo de competição, Vargas cobre há 10 anos e participa das mostras organizada pelo comitê dos Jogos, sempre com destaque. A exposiçao que ora realiza em Santos, com patrocínio da Secretaria de Cultura, representa para ele um momento de valorização de sua trajetória. O fotógrafo se sente muito feliz e agradece o apoio da Secretaria de Cultura.