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Curso de capacitação oferece nova perspectiva de vida a adolescentes

Publicado: 18 de outubro de 2000
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Anderson de Souza tem 16 anos, cursa a 7ª série do ensino fundamental na EMEF Deputado Emílio Justo, e mora com a irmã e os pais no Morro do Pacheco. O menino tímido, que gosta de matemática, adora jogar bola e tem grande interesse por eletricidade, não é de muita ambição. Mas quer ter uma vida melhor. Foi pensando no futuro que ele resolveu se cadastrar na Seção de Capacitação Profissional, Alternativas de Geração de Renda e Apoio ao Desempregado (Seprod), da Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania (Seac). Anderson é um dos seis adolescentes carentes que foram selecionados para participar da 3a turma do Projeto Praticagem, iniciada há dois meses. O curso é desenvolvido pela Prefeitura em parceria com a Praticagem, sob orientação do Senai, que mantêm convênio com a Seac. Durante sete meses, os alunos adquirem conhecimentos básicos sobre a parte elétrica, mecânica e de laminação (concerto do casco) da embarcação, permanecendo cerca de dois meses (100 horas) em cada uma das áreas. As aulas são práticas e acontecem de segunda a sexta-feira, durante meio período, no estaleiro da Praticagem, localizado na praia de Santa Cruz dos Navegantes (Pouca Farinha), no Guarujá. VANTAGEM PARA TODOS Antes de começarem a atuar no estaleiro, os adolescentes passam por um módulo teórico, onde o material didático e o seu conteúdo programático foi elaborado pelos próprios instrutores da Praticagem - mecânicos, eletricistas e laminadores - orientados pelo Senai. Quando você vai ensinar, você tem de estudar. Os nossos funcionários foram obrigados a se atualizar para elaborar as apostilas, numa verdadeira reciclagem. Este foi o grande benefício que obtivemos com a parceria, ressalta o gerente da Praticagem, Edson Botelho Calenzo. O objetivo do curso é contribuir na perspectiva de vida destes jovens, trazendo para eles uma nova realidade, preparando-os para a rotina do trabalho. Três meninos que fizeram o curso já estão empregados. Precisamos que outras empresas abracem a questão social, seja cedendo espaço, oferecendo vagas ou até contribuindo com bolsas de estudos para os menores carentes. Na prática eles têm muito mais visão, porque estão presenciando situações reais. O motor chega quebrado e a gente abre junto para procurar o defeito. São aulas praticamente individuais, explica o mecânico e instrutor Sérgio Alves Joaquim. O entusiasmo de Sérgio é correspondido pelo aluno Clóvis Eduardo Ribas da Fonseca Jr., 16 anos, Sem um curso a gente não é nada hoje em dia. Aqui é melhor que escola, confessa enquanto substitui o cabeçote do motor de uma lancha, apertando os parafusos com precisão, sob os olhares atentos do mestre. Clóvis quer seguir os passos do pai, que trabalha na travessia de balsas Santos-Guarujá e também ensinar o que aprender a outros jovens, para ajudar a tirá-los das ruas.