Acidentes com produtos de limpeza aumentam 38,5% em Santos
O registro de pessoas que se acidentaram com produtos de limpeza em Santos aumentou 38,5% em 2018, em relação a 2017. Foram 133 casos contra 96 do ano anterior, de acordo com o Centro de Controle de Intoxicações da Prefeitura. Historicamente, crianças de um a quatro anos de idade são as mais suscetíveis: em 2017, 60 acidentes desse tipo ocorreram nessa faixa etária. Em 2018, o número subiu para 86 – ampliação de 43%.
Diante deste cenário, a Secretaria de Saúde realiza palestras nas escolas municipais, em especial de ensino infantil, voltadas aos pais e funcionários a fim de alertar para o problema (veja programação). Quando se fala em acidentes envolvendo produtos de limpeza, estão incluídos ingestão, inalação ou reação na pele.
“A criança nessa faixa etária está na fase de descobertas e todo mundo tem produto de limpeza em casa, as embalagens são atrativas e coloridas. O importante é não deixar os produtos ao alcance das crianças e nem próximos a locais onde se guarda comida, para não haver confusão”, adverte Beatriz Antoun, médica do CCI.
Outra dica é sempre comprar produtos que tenham procedência. A popularização da Internet fez com que as pessoas aprendessem a fazer misturas de substâncias de forma caseira e as vendesse como produtos para limpeza, geralmente em garrafas PET. E o grande desafio para os médicos é oferecer o tratamento mais adequado quando algum acidente envolve esse tipo de produto.
“Não havendo rótulo, é impossível identificar as substâncias químicas presentes no produto”, alerta a médica.
Tipos de produtos
Os produtos de limpeza podem ser divididos da seguinte forma:
- Cáusticos: se ingeridos, provocam lesões agudas no esôfago e no estômago. Podem causar também reações alérgicas via inalação.
Exemplos: água sanitária; sabões; desinfetantes; removedores de manchas e ferrugem; limpadores de fogão; desentupidores; produtos para limpeza de piscinas.
- Derivados de petróleo: não apenas a ingestão pode causar problemas, como também a inalação desses produtos, que pode gerar prejuízos pulmonares e neurológicos.
Exemplos: lustra móveis; cera; removedores; querosene; aguarrás; bolas de naftalina.
O que fazer em caso de acidente?
Quando ocorre ingestão, o mais importante é não provocar vômito e nem tomar leite. Outra providência importante, especialmente quando envolve produtos derivados de petróleo, é trocar de roupa, para evitar a continuidade da inalação do produto. Se for possível, tomar banho antes de colocar a roupa limpa.
Se o produto cair no olho, o órgão deve ser lavado com água em abundância e, quando provoca alguma reação na pele, a recomendação imediata é higienizar o local com água e sabão.
Feitos esses primeiros passos, a vítima deve ser levada ao Pronto Atendimento, de preferência com o frasco do produto que causou o acidente, para facilitar a identificação das substâncias e prover o tratamento mais adequado.
O CCI realiza orientação via telefone para toda a Baixada Santista e Vale do Ribeira, tanto para profissionais de saúde quanto para a população. O serviço pode ser acionado 24 horas pelos telefones 3222-2878 e 0800-7226001. Outra opção de contato é o e-mail: cci@santos.sp.gov.br.
O CCI atua também em casos de intoxicação que envolvam acidentes com medicamentos, itens cosméticos, produtos químicos industriais, picadas de cobra, escorpião e aranha. Os médicos plantonistas dão as primeiras orientações que devem ser tomadas em cada caso e informam quais os serviços de saúde mais apropriados.
PROGRAMAÇÃO
A equipe do CCI já realizou 18 palestras nas escolas municipais neste ano, para orientar pais e funcionários. No mês de junho, já estão agendados encontros nas escolas Maria Luiza Simões Ribeiro (Saboó - 12/06, às 16 h), Gemma Rebelo (Vila Nova - 18/06, às 16h) e Regina Altman (Vila Progresso - 19/06, às 16h).
Davidson Barthelemy é pai de uma menina de 6 meses, matriculada na escola Irmã Maria Dolores. Ele e a esposa assistiram a uma palestra do CCI na unidade de ensino. “É importante estarmos cientes de situações perigosas e que podem levar nossos filhos até a morte. Passaremos a ter ainda mais cuidado para evitar qualquer tipo de acidente”, afirma ele.
Foto: Francisco Arrais