Centro de Convivência promove festa pelos 25 anos do ECA
As brincadeiras favoritas de Emilly Rocha, 11 anos, são: amarelinha, pega-pega e esconde-esconde. Aluna da Escola Municipal Deputado Rubens Lara, ela não sabe o que vai ser quando crescer e fica surpresa com a pergunta se ela trabalha. Responde que não, como quem diz o óbvio.
Ao seu lado, Ana Maria Pereira, 68 anos, começou a trabalhar aos 7 anos em Piatã, Bahia. É analfabeta e cresceu sem ter tempo de refletir sobre o que queria para o futuro. “No interior, o casal tem muitos filhos, que é pra ter mais gente ajudando na roça”.
Entre as realidades da menina e da idosa surgiu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), conjunto de leis que protege o desenvolvimento de crianças e adolescentes e, em parte, é responsável pela diferença de vida entre as duas entrevistadas. Emilly e Ana não se conheciam, mas participaram do mesmo ato público em comemoração aos 25 anos do ECA. A celebração foi nesta segunda-feira (13). Foi organizada pelo Centro de Convivência do Morro Santa Maria, com participações do Centro Comunitário da Penha, dos centros da juventude da Zona Noroeste e o dos Morros, e do grupo Maracatu Quiloa.
Caravana
A chefe do Ceconv Santa Maria, Ana Flávia Mello Ramos, explicou que a unidade, assim como outras da Secretaria de Assistência Social (Seas), trabalhou, no primeiro semestre, os direitos previstos no estatuto.
O desfecho desse processo resultou na Caravana do ECA, que reuniu dezenas de pessoas para chamar a atenção dos moradores do Morro Santa Maria. A proposta foi mostrar que lugar de criança é na escola e brincando. “Ainda existe trabalho infantil doméstico, com crianças tomando conta da casa e dos irmãos”.
Crianças brincam na rua
A Rua 8, no Morro Santa Maria, foi interditada ao trânsito de veículos na altura do Centro de Convivência. O equipamento público estava enfeitado com bandeirinhas e bolas de gás para comemorar os 25 anos do ECA.
Na rua, as crianças pularam corda, cantaram, dançaram, jogaram amarelinha e fizeram cartazes em defesa do estatuto.
Rafael da Silva Santos, 12 anos, costuma jogar bola até às 20h e achou estranho saber que, quando seus pais eram crianças, brincar não era um direito. “Está certo o que diz o ECA, porque quando eu estou brincando eu sou feliz”.
Ao explicar o que aprendeu sobre o ECA, Maikely Riane Barbosa, 10 anos, disse que o melhor do estatuto são os capítulos que protegem as crianças de todas as formas de violência. "Que bom que existe algo para defender a criança que sofre abuso".]
Foto: Marcelo Martins