Saúde promove primeira captação de órgãos na rede municipal
A SMS (Secretaria de Saúde) realizou em junho a primeira captação de órgãos na rede municipal de Santos. Na ocasião, os rins e as córneas foram retirados de um paciente do sexo masculino (49 anos) com morte cerebral confirmada.
Após os testes e trâmites necessários, como autorização da família do doador, os órgãos beneficiaram quatro pacientes receptores da lista de espera em transplantes do Estado de São Paulo.
Entre eles: dois homens, um de 39 anos (córnea) e outro de 57 (rim), e duas mulheres, sendo uma de 56 anos (rim) e outra de 78 (córnea).
A medida foi possível após a criação pela SMS, em 2009, da Secapt (Seção de Captação e Transporte de Órgãos e Tecidos), subordinada ao Daphos (Departamento de Atenção Pré-Hospitalar e Hospitalar) e que conta com apoio do PS Central.
A seção tem como referência técnica o Hospital São Paulo da Escola Paulista de Medicina/Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo), uma das organizações que atuam com a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de São Paulo.
A retirada dos órgãos do doador ocorreu em 3 de junho, no centro cirúrgico da Santa Casa de Santos (referência regional para o procedimento), por equipes médicas ligadas ao Serviço de Procura de Órgãos e Tecidos da Escola Paulista de Medicina.
Antes disso, a morte cerebral do paciente foi confirmada no PS Central em dois testes clínicos, realizados cada um por médico da rede municipal, além de mais um eletroencefalograma feito por profissional da Secretaria Estadual de Saúde.
A chefe da Secapt, Roseane Carlos Cordeiro, disse que assim que há suspeita de morte cerebral de um paciente, o médico deve abrir um protocolo específico. Este profissional não pode fazer parte de equipe de remoção ou transplante de nenhum hospital.
“Caso a família do paciente queira, ela pode indicar um outro médico para acompanhar o diagnóstico”, afirmou Cordeiro. Segundo ela, a doação só é autorizada quando existe consenso na família.
“Por isso, é importante que a pessoa manifeste em casa o desejo de ser um doador em caso de morte cerebral. Quando isso ocorre, dificilmente a família é contrária”. Os familiares do doador passam por entrevista e assinam protocolo de doação.
O coordenador do departamento de transplantes da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos), Tadeu Tomé, explicou que no país muitos órgãos se perdem pela falta de notificação de mortes cerebrais e de aviso às centrais estaduais de transplantes. “Por isso, é muito bem-vinda essa iniciativa de Santos em incentivar a política nacional de doação de órgãos e fazer valer a legislação federal”.
Capacitação
A Secapt (Seção de Captação e Transporte de Órgãos e Tecidos) de Santos tem entre as atribuições a sensibilização e capacitação de profissionais da área de saúde da cidade. A seção, em parceria com a Santa Casa, já coordenou a capacitação de cerca de 350 profissionais de unidades de saúde públicas e particulares, entre médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas e funcionários administrativos, além de estudantes de Medicina.
“A atividade proporcionou uma visão e um impulso para os profissionais fazerem a captação de órgãos”, disse a médica da UTI do PS Central, Loreto Lázaro Altube, que participou do treinamento. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail secapt.sms@santos.sp.gov.br ou no site www.abto.org.br.