Projeto de UME santista contra violência à mulher é premiado
Yasmin das Mercês
O projeto Marias da Penha, desenvolvido na UME Orlando Adegas (Morro da Penha), conquistou o 1º lugar na categoria Entidade Pública do Prêmio #Rompa TJSP/Apamagis, promovido pelo Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo em parceria com a Associação Paulista de Magistrados (Apamagis).
O projeto se destacou entre os 21 trabalhos listados na mesma categoria. O prêmio, que reconhece práticas de enfrentamento à violência contra a mulher em todo o Estado, teve 70 inscritos, divididos em três modalidades.
O 'Marias da Penha' completou três anos e promove acolhimento, informação e diálogo entre as mulheres do Morro da Penha. Nesta sexta-feira (12), a unidade realizou a última reunião do ano, que ocorre mensalmente. Foram discutidos os recentes casos de violência contra a mulher registrados no País, ressaltando a importância da rede de apoio e do debate aberto sobre o tema.

Os encontros são abertos a todas as mulheres da comunidade, mesmo aquelas que não têm parentes matriculados na unidade. A escola fica na Rua Quatro, 80.
REFLEXÕES
O projeto foi idealizado por Juliane Baroni, que na época era diretora da UME Orlando Adegas e hoje atua como chefe de Seção da Educação Infantil, da Secretaria de Educação (Seduc). Segundo ela, a ideia surgiu após uma palestra sobre violência doméstica que provocou reflexões sobre o papel da escola desde a primeira infância.
"Fiquei refletindo sobre qual era o papel da escola e o nosso papel enquanto sociedade para mudar essa realidade. Se as crianças são cuidadas majoritariamente por mulheres, por que tantos meninos, quando crescem, se voltam contra nós com tanta violência? Idealizei o projeto para que pudéssemos, juntos, construir esse olhar desde a infância”.

Desenvolvido inicialmente como uma ação pontual para novembro, quando se celebra o Dia Internacional pelo Fim da Violência contra a Mulher, o projeto ganhou amplitude já nos primeiros meses. Com apoio da Unidade de Saúde da Família, Conselho da Mulher, profissionais da educação e de parceiros que atuam na valorização feminina, foram organizadas palestras, rodas de conversa, oficinas, atividades culturais e práticas pedagógicas voltadas para as crianças de 4 meses a 5 anos.
APRENDIZADO BRINCANDO
A coordenadora pedagógica da unidade, Priscila Sessa, reforçou a importância da abordagem desde os primeiros anos da educação. “As crianças aprendem brincando. Por isso, precisamos apresentar desde cedo que meninas e meninos têm os mesmos direitos, que a mulher é forte, tem vontades e precisa ser respeitada”.
Com o tempo, o Marias da Penha mobilizou toda a comunidade escolar, fortalecendo vínculos com as famílias, ampliando a participação das mães e integrando o debate sobre igualdade de gênero ao cotidiano da unidade. O impacto positivo levou o projeto a ser incorporado ao Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola, tornando-se uma ação permanente.
Esta iniciativa contempla o item 4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Educação de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS
Fotos: Henrique Teixeira