Congresso em Santos segue neste domingo com temas em torno do uso da cannabis
A 2º edição do Congresso Crema, que propõe uma imersão em torno da cultura e dos impactos sociais, econômicos e medicinais da cannabis, termina neste domingo (14). O evento, que acontece no Parque Valongo, é estruturado em quatro eixos principais: medicinal, comercial, justiça social e cultivo. O primeiro festival canábico do Litoral Paulista foi criado por produtores independentes de Santos, com o objetivo de dar visibilidade à cultura da cannabis em sua pluralidade.
O movimento surgiu para colocar o tema no centro do debate político e cultural brasileiro. A programação inclui feira com expositores, espaço gastronômico, intervenções artísticas, exposições visuais e shows com DJs e artistas independentes. O ambiente é pensado para proporcionar não apenas conhecimento, mas também integração e celebração cultural.
Larissa Gonçalves, pesquisadora e curadora científica do Crema Cultural, destacou que o Brasil tem potencial para ser um dos maiores produtores de cannabis no mundo e que não se pode deixar o preconceito burlar essaa potencialidade.
"Este evento vem nessa perspectiva de tentar discutir esse assunto com maturidade, com especialistas, com pessoas referências nos temas. A gente vê hoje no mundo inteiro a discussão da cannabis medicinal. A Califórnia, um estado americano, que tem ali essa pauta mais do que regulamentada mas como uma política pública estabelecida, um mercado funcionando de forma forte”, exemplifica.
“O que a gente tem que eles não têm é a questão do clima. O Brasil é um país agroexportador por natureza, então, a gente tem um solo que nos dá suporte, que nos dá condições para ser o maior produtor de cannabis do mundo. Precisamos olhar para esse potencial agro, para que a gente consiga também criar empregos. Vivemos uma crise econômica e a cannabis tem múltiplos usos. A gente hoje aqui está discutindo o medicinal e também o industrial, porque a gente sabe que o mercado tem interesse em crescer. E na crise econômica que a gente vive, a gente precisa dar oportunidade para as pessoas crescerem nos espaços que elas estão. Em Santos, nós somos o maior porto. Então, a gente tem aqui uma capacidade de entrada, não só para trazer produto de fora, mas para levar produto de dentro para os outros países", conclui.
Larissa lembrou que Israel também é uma referência neste assunto. De acordo com a pesquisadora, o país é um grande produtor, não só de itens à base de cannabis, mas de estudos sobre a planta. Um dos maiores cientistas e especialistas sobre o tema, Raphael Mechoulam, descobridor do sistema endocannabinoide, e dos fitocannabinoides, nasceu lá.
"A gente precisa olhar para esses países desenvolvidos. E esse evento puxa a cidade, as pessoas que moram nelas a pensar sobre a cannabis como uma pauta do futuro. O lema do nosso evento é o futuro é verde, porque a gente acredita na regeneração da natureza e das relações humanas", afirmou.
USO VETERINÁRIO
Ana Carolina Campedelli, presidente e fundadora da Associação Inclusão Diversidade Cannabis para Animais (Índica), destacou a importância da desmistificação da cannabis para os bichos.
"Assim como os humanos, os animais também têm o sistema endocannabinoide e eles também se beneficiam demais com a cannabis medicinal. E a gente hoje trata várias patologias, comportamentais, neurológicas, cânceres, enfim. Em todas as patologias existem estudos já comprovando a eficácia. A Indica é uma associação com mais de mil tutores associados. Temos mais de 300 veterinários na nossa rede", declarou.
Ela ressaltou que também é preciso desmistificar a questão em relação aos animais já que muitos procuram como o último tratamento.
"Vamos fazer a cannabis ser o primeiro tratamento. Tem preconceito, mas essa também é uma das nossas funções. Temos cursos voltados para os veterinários, para eles aprenderem como prescrever a cannabis para o animal. Temos pacientes desde passarinho, cachorro, gato, iguana, porquinho da índia, coelho e cavalo. A cannabis é para todos os animais", finalizou.
PROGRAMAÇÃO
09h30 – Abertura – 2º dia da 2ª edição do Crema Cultural
10h – Cannabis Medicinal e Qualidade de Vida: Entre evidências científicas e práticas clínicas
11h15 – Cannabis, Envelhecimento e Neuroproteção: Perspectivas no tratamento de doenças neurodegenerativas
12h30 – Intervalo
13h30 – Práticas Integrativas e Cannabis Medicinal: Estratégias de cuidado e bem-estar
15h00 – Pelo Direito de Plantar: Estratégias e desafios para o habeas corpus
17h00 – Raízes do Futuro: Cannabis e saberes ancestrais como pilares da saúde planetária
18h30 – Encerramento
Esta iniciativa contempla os itens 9, 10 e 11 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Indústria, Inovação e Infraestrutura; Redução das Desigualdades, e Cidades e Comunidades Sustentáveis. Conheça os outros artigos dos ODS