'Viva o Bairro' sobe para cuidar do encantador morro da Nova Cintra, em Santos
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Thadeu Aguiar
Um morro que tem uma ‘Lagoa da Saudade’ pra chamar de “minha” já é mais do que privilegiado. Mas, as cerca de cinco mil pessoas que residem e incontáveis visitantes contam com muito mais do que as belezas naturais e o espaço de lazer e entretenimento. No Nova Cintra, ocupado inicialmente por imigrantes portugueses, no século XVI, o crescimento em infraestrutura, com uma grande diversidade de equipamentos públicos e novas atrações, garantem conforto e orgulho aos seus moradores, que podem ser comemorados com muito samba na quadra da Unidos dos Morros.
Foto Raimundo Rosa/PMS
Desse privilégio, passaram a desfrutar, no ano passado, 198 famílias dos conjuntos R2 e R3, na Avenida Santista, entregues pela Prefeitura e o Governo do Estado. Os apartamentos foram destinados às famílias que moravam em áreas de risco socioambiental nos morros santistas.
Foto: Carlos Nogueira/PMS
VIVA O BAIRRO
E o Morro Nova Cintra é um dos beneficiados do programa Viva o Bairro, uma iniciativa da Prefeitura, coordenada pela Secretaria das Prefeituras Regionais (Sepref), em parceria com a Ouvidoria Municipal, que busca ouvir diretamente os moradores sobre as principais necessidades de cada região da Cidade. São disponibilizados trailers, onde é possível registrar pessoalmente reclamações, sugestões e solicitações de serviços públicos.
Foto Raimundo Rosa/PMS
A proposta é identificar demandas específicas do bairro e, a partir delas, iniciar uma nova fase de trabalhos de zeladoria, como limpeza de vias, poda de árvores, tapa-buracos e manutenção de áreas públicas.
Foto Raimundo Rosa/PMS
As equipes já atuaram em toda a extensão da Avenida Santista, uma das vias mais importantes do morro, além da Praça Guadalajara e a Lagoa da Saudade. A Prefeitura Regional dos Morros, por meio da equipe de zeladoria, e apoio de trabalhadores da Terracom já realizou a limpeza geral das áreas e iniciou a pintura de postes e guias.
Foto Raimundo Rosa/PMS
Antes, o trajeto da tradicional Prova Rústica dos Morros, que vai do Morro São Bento até o Nova Cintra, já tinha recebido atenção especial.
Foto Raimundo Rosa/PMS
A QUERIDINHA
A queridinha Lagoa da Saudade é um dos principais cartões postais da Cidade. Com 45 mil metros quadrados, é um lugar perfeito de descanso e lazer, com pescadores ao seu entorno, um passeio mais que agradável para toda família e todas as idades.
Foto: Raimundo Rosa e Carlos Nogueira/PMS
Nos últimos anos, recebeu melhorias como guarda-corpo metálico do seu entorno, substituindo as peças de madeiras danificadas pela exposição ao tempo, manutenção do piso, vigas e corrimão da ponte, entre outros serviços.
Fotos: Isabela Carrari, Chico Arrais e Raimundo Rosa/PMS
A área de lazer no morro ganhou um ponto instagramável com guarda-chuvas.
Foto Isabela Carrari/PMS
Também foi inaugurado o Lagoa Pet Park, um espaço para a diversão dos pets.
Fotos: Isabela Carrari/PMS
O local tem uma pista de skate com escolinha da modalidade, playground, quiosques com churrasqueiras e mata preservada, ideal para caminhadas.
Fotos: Isabela Carrari e Francisco Arrais/PMS
Mas a Lagoa também é local de festa, que faz a alegria dos santista: Festa dos Nordestinos, Festa de Portugal, Festa de Natal, ações de saúde e lazer, a deliciosa “Tardezinha na Lagoa”, com atrações em seu palco flutuante e a tradicional quermesse, sucesso de público.
Fotos: Francisco Arrais/PMS
Aliás, a tradicional quermesse era realizada anteriormente na Praça Guadalara e atraia milhares de pessoas de toda região.
Fotos: Arquivo/PMS
E O JACARÉ?
Há quem duvide que répteis tenham habitado a lagoa, mas é pura verdade. Um já tinha até o nome de Florentina, com cerca de dois metros, que partiu há 21 anos para o Rio de Janeiro, assim como uma jacaré fêmea de um metro e meio, que também foi transferida. O local ainda tem placa advertindo a presença do notório réptil.
Fotos: Raimundo Rosa/PMS
VOCÊ SABIA?
Existe a crendice de que o local, com área de 20.500m², é originário de uma cratera de vulcão extinto. Nas profundezas da água, teria sido encontrado um minério característico de lavas vulcânicas, mas, na verdade, tratava-se de uma espécie de granito, portanto, sem conteúdo magmático.
Foto: Carlos Nogueira/PMS
E ESSA, VOCÊ SABIA?
A lagoa já ficou completamente seca por duas vezes. Isso aconteceu na década de 1950, quando ainda não existia um muro de concreto ao redor. Devido às chuvas, a terra absorvia o conteúdo da lagoa e formava um grande lamaçal, que tomava conta do entorno. Ela só era reabastecida com o fluxo das nascentes vizinhas, existentes até hoje. Aliás, tais nascentes são responsáveis pelo abastecimento de água em boa parte do bairro.
Evolução da Lagoa da Saudade ao longo dos anos
TEM SAMBA
Já que estamos falando de festa, no Morro da Nova Cintra fica a Unidos dos Morros. A escola de samba foi a carnaval santista foi campeã em três dos últimos quatro desfiles realizados na Cidade. Além do desfile oficial, promove eventos ao longo do ano, como feijoadas, ensaios abertos e rodas de samba, reunindo moradores e visitantes em um ambiente animado e acolhedor. O barracão se torna ponto de encontro e os preparativos para o Carnaval envolvem crianças, jovens e adultos na criação de fantasias, alegorias e coreografias.
Fotos: Divulgação/Unidos dos Morros
TEM FÉ
Outro espaço bem frequentado pelos moradores é a Praça Guadalajara, onde o padroeiro São João Batista tem sua própria paróquia, criada em 1987 e instalada anos depois. O local recebeu a mureta simbólica da Cidade e foi revitalizado recentemente.Foto: Raimundo Rosa/PMS
O Morro da Nova Cintra tem como padroeiro São João Batista, que ganhou capela com pedra fundamental assentada em 1914 – a paróquia foi criada em 1987 e instalada dois anos depois.
Em 28 de outubro de 2006, foi inaugurada, em frente a Lagoa da Saudade, a primeira gruta da América Latina em homenagem à santa Sara Kali. Padroeira universal do povo cigano, ela tem diversos seguidores na região. Sara Kali é conhecida por proteger a fertilidade feminina. O local foi revitalizado recentemente e é o terceiro maior em homenagem à padroeira da comunidade cigana do País.
Fotos: Francisco Arrais/PMS
TEM AGORA O MAIOR PARQUE MUNICIPAL
Se teve reforma, revitalização, teve também inauguração: no ano passado foi inaugurado o Parque dos Morros no Morro da Nova Cintra, criando um corredor ecológico na Cidade, unindo a vegetação da Orla, Zona Noroeste e dos morros. Com 290 mil metros quadrados, o novo equipamento já nasceu como maior parque municipal de Santos e conta com uma trilha de ecoturismo.
Fotos: Marcelo Martins/PMS
No local, também foi lançada a EcoEscola Jornalista e Professor Dirceu Fernandes Lopes, onde os alunos da rede pública de Ensino de Santos passaram a contar com um espaço para atividades de integração em uma área que permite o contato direto com a natureza.
Fotos: Marcelo Martins/PMS
NOVA ILUMINAÇÃO
Entre avanços importantes no morro estão suas sete vias que são corredores de ônibus que ficaram mais seguros para motoristas, passageiros e pedestres, como a modernização da iluminação pública promovida pela Prefeitura de Santos.
Fotos: Carlos Nogueira/PMS
INFRAESTRUTURA
Com acessos pelos bairros Jabaquara e Marapé, além de uma descida pela Caneleira, o bairro conta com uma policlínica dotada de pronto-atendimento 24 horas por dia e quatro unidades municipais de educação: Deputado Antônio Rubens Costa de Lara, Cyro de Athayde Carneiro, Laurival Rodrigues e Dr. Luiz Lopes. Há também a Escola Estadual Professora Alzira Martins Lichti e a Creche Anjos do Amanhã, conveniada com a Prefeitura.
Foto: Carlos Nogueira/PMS
Na Nova Cintra, funcionam ainda um Centro de Referência da Assistência Social, da Secretaria de Desenvolvimento Social; uma Vila Criativa gerenciada pela Secretaria de Comunicação e Economia Criativa, uma unidade regional da Secretaria de Segurança; a Prefeitura Regional dos Morros e Coordenadoria Técnica dos Morros, ambas da Secretaria de Serviços Públicos, responsável pelos serviços de manutenção e zeladoria. Há ainda a sociedade de melhoramentos do bairro.
Fotos: Isabela Carrari/PMS
CASA SOL
No dia 2 de junho de 1904, foi fundado o Asylo de Mendicidade de Santos pelo delegado de Polícia Antenor de Campos Moura, que assumiu a presidência, com o objetivo de diminuir a mendicância em Santos e dar abrigo. Para o asilo, iriam aqueles que, depois de um exame rigoroso, fossem declarados inaptos a qualquer trabalho necessário para a sua sobrevivência. A primeira sede foi instalada no sopé do Morro do São Bento. A ajuda da comunidade era a principal forma de subsistência do asilo, por meio de sócios benfeitores, beneméritos e doações. Após 80 anos com sede na Francisco Glicério, começou a ser construída em 1998 e inaugurada em 2000 a nova sede, no no Morro da Nova Cintra, ampliando a capacidade de abrigo de 75 para 150 pessoas. Também foi proposta a mudança de nome. Por meio de um concurso aberto ao público, foi escolhido “CASA DO SOL”, mas até hoje os dois nomes são utilizados juntos, para não abandonar sua tradição e reconhecimento.
Neste ano, a Prefeitura de Santos assinou um termo de colaboração com o Asilo Inválidos de Santos (Casa do Sol) para ampliar o atendimento a idosos desospitalizados. O local comemorou 121 anos de existência em junho. O termo de colaboração assinado amplia a capacidade de leitos e de toda infraestrutura da instituição, com acompanhamento e controle adequado de profissionais da área da saúde responsáveis pelos cuidados com os idosos, seja direta ou indiretamente", afirmou a prefeitura.
HISTÓRIA
O Morro da Nova Cintra teve sua ocupação no início do século 16. A área era usada para plantação de cana-de-açúcar. Em 1533, no sopé, foi construído o histórico Engenho dos Erasmos, na Vila São Jorge, para onde o produto era levado.Neste período, o local foi ocupado por imigrantes portugueses - que introduziram técnicas próprias de construção, e no século 19, um português chamado Luiz de Matos chegou na região e logo se encantou com a paisagem. O relevo, o clima ameno, a vista lembravam um lugar especial de seu país de origem: Sintra, uma vila perto de Lisboa. Daí veio a ideia de batizar o morro com o Nova Cintra (uma forma de matar a saudade e homenagear aquele pedacinho de Portugal que parecia ter sido transportado para Santos).
Antes desse nome, quando começou a ser ocupado, era chamado de Cotupé, de origem indígena. Depois veio os apelidos Tachinho ou Tacho, em referência carinhosa dos chacareiros ao lugar onde viviam e trabalhavam. Os moradores comemoram o aniversário do morro em 22 de junho.
Esta iniciativa contempla o item 17 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Parcerias e Meios de Implantação. Conheça os outros artigos dos ODS