Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

Morro de Santos recebe ação para alertar sobre a esporotricose

Publicado: 15 de julho de 2025
15h 23

O grupo de Informação, Educação e Comunicação (IEC) montou nesta terça-feira (15) estande para conscientizar e distribuir panfletos sobre a esporotricose, na Policlínica do São Bento.

A esporotricose é uma infecção fúngica, que geralmente atinge a pele e os vasos linfáticos, mas também pode afetar órgãos internos. A transmissão ocorre a partir do contato do fungo com a pele, principalmente por mordida ou arranhadura de animais contaminados, ou por meio de feridas causadas por espinhos de plantas, palhas e lascas de madeira.

Apresentam mais risco de contaminação os animais semi-domiciliados, ou seja, que passam parte do dia na rua e outra parte dentro de casa. Os gatos, por seu comportamento de cavar a terra, são mais propensos à infecção pelo fungo, cujo habitat original é o solo.

CASOS

A ação foi motivada pela incidência de novos casos dessa doença de pele em humanos na região dos Morros. Em 2024, foram 11 confirmados e, neste ano, quatro. Todos os casos confirmados em humanos foram transmitidos por gatos infectados pelo fungo Sporothrix schenkii ou o Sporothrix brasiliensis, mais comum no Brasil.

Andrea Ferreira e Sarah Ermenegildo, profissionais que integram o IEC, explicaram a importância da ação. “Em região de morro nós temos maiores áreas expostas, e muitos gatos que saem de casa ou que vivem na rua estão em contato com essas áreas” explicou Sarah.

Muitas pessoas abordadas não possuíam nenhum conhecimento sobre a esporotricose, e, por isso, a doença é confundida com câncer ou outras infecções de pele mais famosas. “As pessoas veem as feridas do gatinho e não imaginam que já podem estar infectadas também”, completa Sarah.

Andrea reforçou a atenção às feridas do felino, já que a contaminação acontece com o contato da pele humana com esses machucados. A infecção não é transmitida de humano para humano.

SINAIS E SINTOMAS

Nos animais, costumam aparecer lesões que liberam secreções e formam crostas, mas que não cicatrizam, em especial na face, orelhas, nariz e membros. Em casos mais graves, acometem o sistema respiratório desses animais. Havendo suspeita de esporotricose, o animal deve ser levado imediatamente ao veterinário para diagnóstico e tratamento.

Nos humanos, as lesões se apresentam em formato de nódulos isolados ou enfileirados ou feridas. Normalmente, a infecção é benigna e se limita à pele. As regiões mais acometidas são as que ficam mais expostas, como face, braços, mãos, pernas e pés. Raramente ocorre cura espontânea e os casos costumam demandar tratamento prolongado.

Há casos mais raros, em que a doença pode acometer outros órgãos, por disseminação na corrente sanguínea, estando associados a pessoas com baixa imunidade. Após a introdução do fungo na pele, há um período de incubação, que pode variar de poucos dias a três meses, podendo chegar a seis. Somente após este período as feridas se manifestam.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico deve ser feito por exame laboratorial. Porém, a evolução da doença e o histórico de contato com animais com lesões ou solo (plantas, jardins) é de máxima importância.

ONDE BUSCAR AJUDA

Animais

Na rede pública de Santos, o atendimento gratuito dos animais é realizado em qualquer unidade da Codevida: Jabaquara (Av. Francisco Manoel s/nº - senhas de consultas distribuídas às 8h), Jardim Botânico (Avenida João Fraccaroli s/nº, Bom Retiro - senhas distribuídas às 8h e às 13h), Caruara (Praça Encarnación Alves Corpaz s/nº, a partir das 9h) e Monte Cabrão (Rua Principal s/nº, a partir das 9h).

Durante a consulta, o veterinário fará a avaliação do pet, coletará o sangue para exame e fornecerá o tratamento. Em casos que o tutor apresente lesão, será encaminhado diretamente pela Codevida para avaliação na policlínica de referência do local de moradia.

O Centro de Controle de Zoonoses e Vetor, da Secretaria de Saúde, realiza a notificação e o acompanhamento dos casos em animais, com levantamento de dados epidemiológicos, investigação de surtos e atividades de orientação aos tutores. Presta ainda apoio ao trabalho realizado pela Coordenadoria de Defesa da Vida Animal (Codevida), da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, como a intermediação do envio de amostras de lesões em animais para laboratórios parceiros como o Labzoo-Micologia da Divisão de Vigilância de Zoonoses do município de São Paulo.

Humanos

Qualquer pessoa que tenha feridas que não cicatrizam, ou tenha tido contato com gatos, cães e outros animais com lesões de pele, deve procurar a policlínica de referência do seu local de moradia para receber o diagnóstico e iniciar o tratamento, que é realizado com medicamento por via oral. O critério de cura será de acordo com a evolução clínica, considerando a recuperação completa da lesão e regressão dos nódulos. Após este período, o tratamento ainda deve ser mantido por três a quatro semanas.

LEGISLAÇÃO

Em Santos, a lei municipal nº 4.347/2023 institui a campanha permanente de orientação, conscientização e prevenção à esporotricose.

 

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde e Bem-Estar. Conheça os outros artigos dos ODS.

Fotos: Raimundo Rosa