Com Carlinhos de Jesus e Aracy de Almeida, evento em Santos exalta o amor pela dança
Vagner Dantas
Histórias de vida escritas com os pés. O último dia da primeira edição do ‘Cultura em Movimento’, nesta quinta (1º), celebrou a beleza, o encanto e a força que a dança proporciona aos seus praticantes. Das sapatilhas de ponta aos sapatos de bico fino, dos pés descalços aos tênis da moda, passo a passo, histórias de superação, conquistas e sonhos encontro na dança o seu ponto de conexão.
Ao longo de todo o dia, centenas de pessoas lotaram as oficinas gratuitas de dança promovidas pela Secretaria de Cultura (Secult), que contaram com vários convidados, como os renomados coreógrafos Carlinhos de Jesus e Aracy de Almeida, além de professores do projeto Fábrica Cultural, que mensalmente atende mais de 3.500 pessoas em seus cursos de dança.
E como não poderia deixar de ser, tudo acabou em dança, com a realização de um grande baile, no final da tarde, reunindo ‘pés de valsa’ de todas as gerações e regiões da Cidade, no térreo do Teatro Municipal.
Ileilde de Oliveira Cardoso da Silva levantou às 6h para se preparar para as oficinas matutinas do ‘Cultura em Movimento’. A viseira e a camiseta cavada que usava nem de perto indicavam os seus 72 anos. Fazendo aulas de dança há 11 anos com o professor Ricardo Andrade, no Jardim Botânico, foi dançando que dona Ileilde amenizou suas dores, mesmo no momento mais difícil da sua vida.
“Perdi um filho, e se não fosse a dança, acho que estaria de cama, depressiva”. Enfermeira aposentada, ela define a dança como um ‘santo remédio’: “Não tenho dor, não tenho cansaço. E, aos meus olhos, não me vejo com 72 anos”.
Dentro do Teatro Rosinha Mastrangelo, a professora de balé Gabriela Hirata, de 29 anos, aguardava o seu horário para participar da oficina com Aracy de Almeida, uma das grandes damas da modalidade no País e que foi primeira bailarina do Theatro Municipal de São Paulo.
Dançando na ponta dos pés desde os 8 anos, Gabriela vive da dança há uma década. “Graduei-me em outra área, mas só depois percebi que a única coisa que me completava era a dança. Acho que sou muito privilegiada de poder exercê-la como profissão”.
A já consolidada conquista de Gabriela é o desejo da jovem Evelin dos Santos Carvalho da Silva, de 21 anos. A estudante de Educação Física começou no balé clássico ainda criança. Porém, depois que começou a praticar danças urbanas, um novo caminho se abriu.
“Me vejo no futuro tendo meu próprio estúdio de dança, acompanhada por outros professores, para que todos possam conhecer essa arte incrível”, comentou Evelin, que já começou a dar aulas de hip-hop.
Se definindo como alguém que fala pouco, Evelin segue escrevendo sua história 'com os pés'. Mas eles também são responsáveis por lhe darem voz: “tudo aquilo que não consigo expressar em palavras, eu ‘falo’ dançando”.
Esta iniciativa contempla o item 4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Educação de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS.
Fotos: Francisco Arrais