Pacientes de policlínica de Santos criam horta para boa alimentação e qualidade de vida
Egle Cisterna
Alimentação equilibrada e boa saúde andam de mãos dadas quando o assunto é qualidade de vida. Mas essa receita de bem-estar ganhou um elemento a mais na Policlínica São Jorge e Caneleira, na Zona Noroeste, onde os pacientes do Programa Hiperdia, que trata pessoas com hipertensão e diabetes, começaram a cultivar uma horta, incentivados por funcionários e voluntários da unidade da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Nesta terça-feira (21), os participantes da iniciativa fizeram a primeira colheita dos produtos plantados no local.
A ideia de capacitar os pacientes surgiu da equipe da unidade, que tinha um espaço destinado para isso e encontrou um voluntário que tinha o hobby de estudar e cultivar hortas. O engenheiro aposentado Robson Ruas foi convidado para compartilhar os seus conhecimentos e, há dois meses, começou a ensinar a turma.
“O produtor faz o mesmo esquema que a gente faz aqui, só que eu adaptei as informações para uma linguagem mais moderada, que eles entendam, e deu supercerto. Muitos deles estão reproduzindo em casa e, além de boa alimentação, tem gente já pensando em comercializar e transformar isso em uma renda”, comemora Ruas.
Nesta primeira leva de produtos, o grupo colheu 100 pés de alface crespa, roxa e lisa, que foram distribuídos entre os participantes, mas a horta ainda conta com salsinha, cebolinha e quiabo. Este último faz parte da etapa de leguminosas, como tomate e pimentão, que a turma começa a trabalhar agora, junto com o plantio da rúcula. Mais para frente, os pacientes devem aprender o cultivo com a técnica da hidroponia, além de plantas medicinais.
“Sempre gostei de lidar com plantas. Mas fazia isso sem técnica, de qualquer forma, e não dava muito resultado. Aqui aprendi muito e já até desenvolvi um jeito de plantar em garrafas PET”, conta o aposentado João Martins, que, além de implantar uma horta em sua casa, também está passando o conhecimento aprendido na Policlínica para o neto.
Para a cuidadora de idosos Nathalia Ribeiro da Silva, de 34 anos, aprender a cuidar de hortas tem uma função na sua vida que vai além da alimentação saudável. “A gente vive na correria, levanta cedo, trabalha todos os dias, leva filho à escola, cuida da casa, dá atenção ao marido. Não para nunca. De repente, chegou um momento em que paro e aprendo que tudo tem seu tempo. Plantar te ensina a esperar, treina a paciência e te desliga de tudo lá fora enquanto mexe com a terra. É uma terapia”, conta ela.
“Eu sempre gostei de plantar e meu marido também fazia muito isso, só que agora ele está com Alzheimer, então, eu trouxe ele para lidar com a horta como terapia, mas está sendo maravilhoso para os dois. Tanto que já implantamos em casa o que estamos aprendendo. Tem sido maravilhoso”, afirma a dona de casa Jurandir Maria Pereira Rodrigues, de 74 anos.
Esta iniciativa contempla os itens 3 e 11 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade e Cidades e Comunidades Sustentáveis. Conheça os outros artigos dos ODS.