Escola municipal forma artistas da dança em cadeira de rodas

Além do pioneirismo em políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência, por meio da acessibilidade do transporte, vias e equipamentos municipais, Santos também é referência na garantia de acesso desse público à arte e ao esporte. Entre os principais exemplos está a Escola Municipal de Dança em Cadeira de Rodas, que funciona desde 2005 no Centro de Cultura Patrícia Galvão, sendo a primeira e única do país mantida por uma prefeitura.

A iniciativa, coordenada pela Secult (Secretaria de Cultura), foi criada pela bailarina Luciana Ramos, formada na Escola de Bailado Municipal e no Conservatório Santista de Dança, com Alexandre Siqueira, que tem trajetória na dança de salão. Atualmente, conta com 16 alunos cadeirantes, além da participação de 14 andantes do curso de dança esportiva.

A escola visa à formação de bailarinos cadeirantes nas vertentes artística e competitiva, com base no método LAS, criado pela própria Luciana. “Trabalho com respeito ao espaço, tempo e limite de cada aluno, explorando o que cada um tem de melhor para oferecer à arte”, disse a professora.

Nas aulas são utilizados os ritmos latinos (rumba, cha-cha-chá e samba, entre outros) e standard (como valsa e tango). Os fundamentos trabalhados são equilíbrio, expressão, posicionamento, musicalidade, postura, respiração e coordenação motora, espacial e global, contribuindo assim para uma maior autonomia do cadeirante. “Outro benefício indireto é a autoestima, porque a dança exige, entre outras coisas, uma boa postura, roupa bonita e maquiagem”, destaca Luciana.

Quem comprova as melhorias é a telefonista Adelina Perez, 43 anos, aluna há mais de cinco. Ela conta que já participou de outras atividades, como natação e musculação, mas que acabou largando-as porque não estimulavam seu lado artístico. “Com as aulas de dança você aprende a dominar o corpo e isso vai passando para sua vida. Melhorou muita minha vaidade e condicionamento físico”. Adelina, que não sabia dançar e uma vez teve medo de participar de um concurso, em 2007 chegou a ser campeã brasileira de dança esportiva em cadeira de rodas, na parceria com o professor Alexandre. Ao todo, os alunos da escola já obtiveram 13 títulos em competições.

Modelo
Segundo a presidente da CBDCR (Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas), Eliana Lucia Ferreira, com exceção de Santos, os grupos com cadeirantes no país são mantidos por universidades, associações de deficientes ou iniciativa privada. “A escola municipal de Santos é pioneira e deve servir de modelo para outras prefeituras. Nela atuam pessoas sérias, técnicas e competentes, que estão comprometidas com as pessoas com deficiências”.

Cadeirantes interessados em participar podem se inscrever durante todo o ano na Central de Cursos do Centro de Cultura Patrícia Galvão (Av. Pinheiro Machado, 48, Vila Mathias). Mais informações 3226-8000 (ramal 8023).

Campeonato Brasileiro
Este ano, Santos será sede do 9° Campeonato Brasileiro de Dança em Cadeira de Rodas, promovido pela CBDCR e prefeitura, por meio da coordenação da Secid (Secretaria de Defesa da Cidadania). Esta é a segunda vez que a cidade recebe o evento; a primeira foi em 2008.

A competição irá acontecer em julho, reunindo atletas de vários estados. Na oportunidade, também será realizada a Mostra Artística Nacional. Os dois eventos devem contar com mais de 60 participantes.