Centro de Referência à Saúde Auditiva já transformou 3 mil vidas

O santista Robson dos Santos Passos, 22 anos, quer ser mecânico de avião. E seu sonho é possível porque o que poderia impedi-lo foi resolvido com o atendimento prestado pelo Centro de Referência à Saúde Auditiva de Santos. A unidade é mantida pela prefeitura desde 2005, por meio da SMS (Secretaria de Saúde), em parceria com os governos estadual e federal, com o objetivo de prestar atenção integral a pessoas com deficiência auditiva, de vários tipos e graus, e prevenir problemas do gênero.

Entre os serviços, fornece aparelhos de amplificação sonora individual, que permitem que a pessoa com dificuldade em ouvir escute o som ambiente. Robson é um dos 3 mil pacientes que receberam próteses auditivas em quase cinco anos de funcionamento do centro. Referência na Baixada Santista, a unidade atende, além de santistas, moradores das demais cidades da região (São Vicente, Cubatão, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Guarujá e Bertioga).

Mais de 6 mil aparelhos já foram entregues desde a inauguração. “Meu filho está trabalhando e estudando graças ao aparelho. Estou muito feliz por ele”, atesta a mãe de Robson, Maria do Socorro. “Ele é um dos melhores funcionários que tenho, é atencioso e tem iniciativa”, diz o chefe do rapaz, José Raimundo Santos.

Além de receber gratuitamente os aparelhos, que podem custar cerca de R$ 1 mil, os pacientes do Centro de Referência são preparados para a grande transformação de ouvir pela primeira vez ou de voltar a ter esta habilidade. Eles passam por entrevista, exames e atendimento psicológico e recebem orientações de como lidar com a prótese e mantê-la em bom estado.

“A vida deles muda muito. Por isso, precisam de um processo de adaptação, porque tudo será amplificado com o aparelho, dos sons mais baixos aos altos”, avalia a fonoaudióloga Gláucia Mazon Cagnin, chefe da Seção do Centro de Referência à Saúde Auditiva.

Prevenção na infância
Instalada na Avenida Ana Costa, 228, na Vila Mathias, a unidade, recentemente ampliada e modernizada pela prefeitura, também realiza diagnóstico precoce, reabilitação e prevenção de distúrbios referentes a bebês, crianças, adultos e idosos. Para isso, conta com equipe multiprofissional formada por otorrinolaringologistas, neuropediatra, pediatra, fonoaudiólogas, enfermeira, assistentes sociais, psicóloga, auxiliar de enfermagem e acompanhante terapêutico.

O foco do serviço, segundo Gláucia Cagnin, é a prevenção ainda em bebês, de 0 a 3 anos, para detectar o quanto antes qualquer déficit na audição e evitar comprometimentos no aprendizado, comunicação e vida social. “Quanto mais cedo eles recebem o aparelho, mais normais suas vidas vão ser”.

Os principais fatores de risco que podem levar recém-nascidos a desenvolver deficiência na audição são permanência em unidade de terapia neonatal, baixo peso de nascimento, antecedentes familiares, malformações crânio-faciais, sinais ou síndromes associadas à deficiência auditiva, meningite bacteriana, entre outros.

As portas de entrada do sistema de atendimento da Saúde Auditiva são as unidades básicas ou especializadas de saúde dos nove municípios da região, tanto para recém-nascidos quanto quaisquer pessoas que percebam dificuldades em escutar. Se for o caso, o paciente será encaminhado para um médico otorrino. Quando é detectada a possibilidade de perda auditiva, encaminha-se para o Centro de Referência de Santos.