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Aquário, referência no atendimento à fauna marinha

Publicado: 28 de abril de 2011
18h 00

Eles chegam debilitados, feridos, em caixas e muitas vezes suportando viagens de mais de 100 quilômetros para chegar a Santos. São tartarugas e aves marinhas, como gaivotas, fragatas e atobás, recolhidas no mar ou na faixa de areia por banhistas, que se dispõem a pedir socorro à Polícia Ambiental, Ibama ou Corpo de Bombeiros para garantir-lhes atendimento. O destino é um só: o Aquário.

Primeiro aquário público do Brasil e segundo em visitação no estado, atrás apenas do Zoológico da capital, conta com verdadeira força-tarefa para manter o plantel e atender os animais. De 1993 até este ano, chegaram ao parque 1.791 animais, entre eles 449 pinguins, outras 316 aves e 230 tartarugas.

O equipamento é referência no tratamento de animais, sendo o pioneiro no país na recuperação de pinguins, o que norteou a criação do protocolo de atendimento em vigor no território.

Os veterinários Cristiane Lassálvia e Gustavo Dutra são os primeiros a avaliar os animais. “Se conseguem se alimentar, recebem apenas medicamentos para sua condição clínica. Do contrário, garantimos alimentação parenteral.”

No último dia 22, foi levada ao Aquário uma fragata com fratura na asa direita, que foi imobilizada. Dois pinguins com infecção nos pés ganharam pensos (‘botinhas’) impermeabilizados e se recuperam em área reservada, enquanto quatro raias permanecem em observação.

As tartarugas chegam quase sempre desnutridas, têm amostras de sangue recolhidas e recebem soro, se necessário. “A maioria apresenta lixo no intestino e temos que estimular a evacuação. Se isso acontece em uma semana, há chance de sobrevivência”, disse Cristiane.

Segundo ela, 60% das tartarugas morrem, apesar dos esforços, pela ingestão de plástico, fios e rede de pesca, e até pedaços de brinquedo.

Cuidados
Os cerca de 2 mil animais do parque consomem 1,100 tonelada de peixes e frutos do mar por mês – no inverno, 1,600 tonelada. A preferência é por sardinha (400 quilos mensais) e manjuba (350 quilos), mas eles recebem também merluza, camarão, lula, marisco, siri, trilha, anchova, tilápia, cavala, tambaqui e bonito.

E, contrário ao dito popular, os peixes não morrem pela boca – eles comem três vezes por semana. “São animais com metabolismo lento, que rejeitam comida em excesso. E o alimento a mais pode deteriorar as condições da água”, explica a veterinária. As tartarugas comem três vezes por semana e os pinguins, com metabolismo acelerado, duas vezes por dia.

Os tanques da quarentena são higienizados diariamente e os de exposição ao público, além de terem o fundo aspirado, são avaliados com a mesma frequência, com testes como alcalinidade, nitrito, amônia, cloro e salinidade. "Qualquer dado diferente dos parâmetros exige providências imediatas”, frisou Sérgio Luiz da Silva, chefe do Aquário.

A tartaruga ‘Chiquinha’, na quarentena, adora cosquinhas no casco, vira-se de costas para receber carinhos na barriga e, feliz, bate as nadadeiras e espalha água para todos os lados – parece uma simples brincadeira, mas é medida de estimulação, para o bem-estar do animal em cativeiro. “Parece um cachorrinho”, brincam os tratadores e estagiários de biologia. Recentemente, o Aquário recebeu um biguá, “que subia no ombro de todos, pedindo mais comida”, disse Cristiane Lassálvia.

Embora garantam gostar de todos os animais, os profissionais deixam escapar preferências. O biólogo Demétrio Martinho apreciava longamente o mero que durante muito tempo viveu no tanque oceânico. “Adoro esse cara”, disse várias vezes, referindo-se ao peixe de 80 quilos (chega a 400).

Alex Ribeiro, da educação ambiental, se entende bem com tubarões de cerca de 90 quilos, e os pega no colo para serem submetidos a exames. “Eles conviveram com dinossauros há 450 milhões de anos e mantêm essa forma há 100 milhões. Isso me fascina”. O veterinário Gustavo Dutra estuda o grupo das tartarugas, que o atrai desde 1990.