Referência no setor, programa contra hepatites completa dez anos
De forma pioneira, a Prefeitura de Santos criou há dez anos o Programa Municipal de Atendimento ao Portador das Hepatites Virais, inicialmente com o treinamento de profissionais para diagnóstico da doença em pacientes da rede de saúde. Hoje, referência no setor, promove a prevenção, em campanhas e orientações aos usuários das unidades de saúde, e exames, acompanhamento dos casos notificados e tratamento.
O programa teve início em 2000 no setor de Vigilância Epidemiológica, onde foi verificada grande incidência de notificações de hepatites virais. “Era uma epidemia cinco vezes maior que a da Aids”, disse a coordenadora do Cocert (Centro de Referência e Tratamento), Márcia Frigério, responsável pela implementação das ações contra a hepatite na rede municipal. A iniciativa contou com apoio da ONG Grupo Esperança. No mesmo ano, começou o atendimento especializado e notificação em todas as unidades. Em 2001, o serviço passou a integrar o programa de Aids da SMS (Secretaria Municipal de Saúde).
Existem cinco tipos de hepatites virais: A, B, C, D e E. A doença costuma causar inflamação no fígado e, por muitas vezes, quem está ou esteve doente pode nem ficar sabendo, pois ela evolui sem sintomas ou sinais. Na maioria dos casos predominam a fadiga, anorexia, náuseas, mal-estar e prostração. A transmissão ocorre de modos diferentes. Os vírus A e E são transmitidos por via fecal-oral, ou seja, ingestão de água e alimentos contaminados e de pessoa a pessoa, e os vírus B/D e C pela via parenteral (sexual, sanguínea, produtos hemoterápicos e de mãe para filho).
Exames
As UBS (unidades básicas de saúde) e USF (de saúde da família) estão aptas a colher sorologia dos casos suspeitos, além do CRT (Centro de Referência e Tratamento) e CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento). Quando confirmada a doença nos vírus B e C, os pacientes são encaminhados para acompanhamento na UBS Centro de Saúde Martins Fontes, (exceto portadores de HIV, atendidos na Secraids).
A unidade conta com equipe multiprofissional, formada por médico, enfermeiro, nutricionista, psicóloga, assistente social, farmacêutico, auxiliares de enfermagem e administrativos. O atendimento do tipo A é feito na própria atenção básica de saúde. Já os vírus D e E não tem prevalência no Estado de São Paulo.
Há pouco mais de um mês, Thereza Assunção, 79 anos, é acompanhada na Martins Fontes. Antes, se tratava da hepatite C em São Paulo, onde residia. “O atendimento aqui é ótimo e o médico excelente, pois ele explica sobre o tratamento em detalhes”. Outro paciente, Roberto (nome fictício), 42 anos, tem hepatite B há cinco anos. “Fui orientado desde o começo e encaminhado ao médico. Passo por exames e consultas a cada três meses”. Nos últimos dois meses, ele deu início ao tratamento, pois a doença se manifestou. “Vou tomar todas as medicações para me curar o mais rápido possível”.
O médico hepatologista Antonio Carlos Moraes afirmou que estão sendo acompanhados cerca de 600 pacientes de hepatites B e C. “Desse total, pelo menos 60% mantém uma resposta virológica sustentada, ou seja, tem a carga viral negativada”. Para isso, devem tomar medicação e comer alimentos saudáveis, não usar drogas e nem consumir álcool. Segundo ele, para o tratamento dos 40% restantes, dois novos medicamentos (telaprevir e boceprevir) deverão entrar no país a partir de 2012.
Mais informações no CTA (Rua Silva Jardim, 94) ou pelo telefone 3229-8797. Até sábado (22), a prefeitura também promove a 9ª Semana de Prevenção e Controle das Hepatites Virais.