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Projeto musical educa alunos para a vida

Publicado: 19 de março de 2012
18h 00

São 18h de uma terça-feira e o pátio da escola José da Costa e Silva Sobrinho, no Piratininga (ZNO), pouco a pouco é tomado por alunos e instrumentos musicais. Neste cenário, sons de trombone, trompete, prato, caixa, surdo e bumbo se misturam sem sintonia, mas a harmonia logo acontece sob o comando do professor Michel Teobaldo da Silva. Vai começar mais um ensaio do 'Pra ver a banda tocar’, projeto desenvolvido pela prefeitura desde 2005 no ensino fundamental da rede pública, dentro do programa 'Escola Total', da Seduc (Secretaria de Educação).

Por meio da música, a iniciativa promove mudanças significativas no comportamento e desenvolvimento dos estudantes, tanto na escola quanto no convívio social e familiar. No momento são 1.500 alunos, de 7 a 14 anos, distribuídos em 30 bandas, que participam de desfiles cívicos, eventos, festas comunitárias e concursos.

Segundo a coordenadora do projeto, Maria de Lourdes Pimenta da Silva, a melhora no desempenho educacional é notória. “Eles demonstram mais responsabilidade, disciplina, memorização, raciocínio, auto-estima, socialização e concentração”.

Nos ensaios, estudam teoria musical, ritmo e fazem exercícios. Após terminarem o ensino fundamental, podem continuar por mais um ano. “É um aprendizado para a vida toda e muitos despertam para o lado artístico”, diz o coordenador musical do projeto, Alexandre Felipe Gomes.

Na 'José da Costa' é o professor Teobaldo quem ensina os cerca de 40 alunos da banda. “É inexplicável a satisfação de vê-los tocando”, diz, lembrando que começou aos 11 anos em banda escolar. Ensaiando três vezes na semana, ele destaca a necessidade de disciplina. “Se não for assim não fica”. A banda da unidade interage com moradores do entorno, quando ensaia nas ruas ou se apresentando em festas locais.

Transformações
As mudanças positivas no comportamento dos filhos são atestadas pelos pais. José Ricardo dos Santos, pai de Riane, 11 anos, é enfático: “Quando mais nova, ela era um pouco rebelde, agora se dedica à banda e quer seguir carreira na música”. Tocando trompete, Riane também ganhou um violão do pai e já sabe o que quer: “A música é tudo para mim. Quero ser cantora”.

Quem também notou melhoras na filha Marcela, 11, foi Daniela Monson Tiossi. “Ela está há três anos na banda e a percebo com mais responsabilidade”. Já Manuela, 9, gosta tanto da banda da unidade, que sua mãe, Vanessa Andrade Teixeira, decidiu se mudar para o bairro. “Morávamos no Gonzaga, até que resolvemos vir para cá por causa da banda”.

“Uma banda, um som”
Cada instrumento, assim como cada aluno são importantes para a composição de uma música, segundo o professor. “Uma banda, um som. Se um está errado, todos estão”. Laís de Oliveira, 13, gosta tanto de participar, que ganhou um trombone de vara no Natal. “Amei esse presente. Tocar na banda é tudo. Aprendemos sempre uma coisa nova; fazemos amigos e é super legal”, afirma ela.

Raízes
O que Wellington do Amor Divino dos Santos, 20, tem em seu nome é o que sente pela música. Ex-aluno da José da Costa, fincou raízes na banda e após o expediente de trabalho vai aos ensaios. “Corro para cá e tanto aprendo como transmito o que aprendi”, disse ele, que pretende fazer faculdade de música e comprou seu próprio trompete. “Esse instrumento é como se fosse meu filho, tenho o maior cuidado”.

Thiago dos Santos Faria, 21, é outro que auxilia o professor. “Também comecei em banda de escola, peguei o gosto e fiquei. Quero ajudar a molecada”. Os alunos, em coro, terminam o ensaio entoando o grito de guerra: “Banda Marcial José da Costa”.