Escola de futebol revela o craque e forma o cidadão
Mais importante que revelar craques, pois nem sempre surgem um Neymar, Lucas ou Paulo Henrique Ganso, a escolinha de futebol da prefeitura se preocupa em formar o cidadão. Iniciada há nove anos no Estádio Municipal Pagão, atualmente reúne cerca de 220 garotos de seis a 16 anos.
“O garoto que pratica esporte não se envolve com drogas e busca preservar sua saúde”, afirmou o ex-jogador Joel Reis da Rocha, coordenador do estádio. “Nossa proposta é incentivar o menino a ser um atleta, concluir os estudos e buscar o crescimento como cidadão”.
Durante o período de treino, o garoto tem a vida escolar acompanhada. “Aluno sem nota azul não disputa os torneios e não se torna titular do time, mesmo sendo bom jogador”, disse o professor Ademir Aguiar.
Localizada no Bom Retiro, Zona Noroeste, a escolinha tinha como proposta inicial atender 100 garotos no máximo, mas diante da demanda a Semes (Secretaria de Esportes) ampliou o número de vagas.
“Toda semana chegam meninos querendo participar das atividades. Por isso, procuramos encaixá-los nas equipes de acordo com a idade”, disse o técnico Emílio Carlos Justo. E completou: “Alguns meninos que poderiam estar ligados ao crime encontraram novo caminho através do esporte”.
Muitas famílias incentivam os filhos para a atividade física. É o caso de Cristina Aparecida Silveira Alexandre, mãe de duas crianças, uma delas na escolinha há quatro anos. “Quando mudamos para a o bairro Santa Maria, vindos de São Paulo, decidimos colocar Lucas, o mais novo, no futebol para ocupar os momentos vagos. Hoje, ele está com 10 anos, cursa o ensino fundamental com boas notas e tem mais disciplina e responsabilidade”.
Contrato
O crescimento da escolinha está vinculado ao apoio da construtora Trisul, com sede na capital, que há três anos fornece o material esportivo, como bolas, chuteiras, meias, calções e camisas. “Temos uniforme para treinamento e jogos oficiais”, disse Joel Rocha.
Segundo ele, outra parceria surte bons resultados. A fórmula é simples: a Escola Pagão cede os garotos das categorias Sub-11 e Sub-13 para o Jabaquara/Trisul. Aqueles que se destacam são incorporados ao Campus Pelé, entidade comandada pelo ex-jogador Manoel Maria, que participa dos torneios oficiais das categorias Sub-15, Sub-17 e Sub-20. “Seguimos as orientações do Pelé, que sempre se preocupou com as crianças”, afirmou Manoel Maria.
Revelações
Os volantes Gustavo da Silva, 16 anos, e Marcelo de Oliveira, 17, revelados na escolinha, devem formar na equipe Sub-17 do Jabaquara, cujo é técnico é o ex-lateral esquerdo Paulo Robson. “Temos treinado diariamente para aprimorar o condicionamento físico e técnico”, afirmou Gustavo. “Quando surgir a chance, estaremos prontos”, acrescentou Marcelo.
Melhorias
Brevemente, o Estádio Municipal Pagão será utilizado para jogos oficiais das categorias de base do Campeonato Paulista, pois passou por obras para adequá-lo ao Estatuto do Torcedor, supervisionadas pelo Dear-ZNO (Departamento de Administração Regional da Zona Noroeste).
Entre elas, mais seis sanitários, acessos para a arquibancada, com capacidade para 980 torcedores, novos alambrados, pintura e manutenção das redes hidráulica e elétrica. .
O craque
O estádio leva o nome de um dos grandes craques do Santos FC: Paulo César de Araújo, o Pagão. O talentoo extraordinário do atacante é reverenciado por torcedores de todos os times, como Chico Buarque de Holanda. Pagão atuou no alvinegro de Vila Belmiro de 1955 a 1962.
Conquistou títulos nacionais e internacionais, dentre eles o Campeonato Mundial Interclubes e a Libertadores da América em 62. Em 345 jogos pelo Santos assinalou 159 gols. Pagão jogou também na Portuguesa Santista e Jabaquara, além do São Paulo, para onde se transferiu em 1963. Pagão morreu em 4 de abril de 1991.