União da Defesa Civil com moradores reduz riscos nos morros de Santos

“Depois de passar pelos treinamentos da Defesa Civil, hoje posso dizer que sinto mais segurança para mim e para minha família”. A afirmação é do assessor administrativo Rulhis Santana Silva, que mora no Monte Serrat desde que nasceu, há 41 anos. A segurança a que Rulhis se refere é resultado dos ensinamentos passados por técnicos da Defesa Civil de Santos nas aulas de criação dos Núcleos Comunitários da Defesa Civil (Nudecs).

Segundo explica o geólogo Victor Valle, nos encontros de formação dos Nudecs são passadas informações sobre como fazer a avaliação de riscos geológicos para os moradores de morro. “Ensinamos, por exemplo, como identificar uma trinca em uma residência, noções de primeiros socorros e de combate a incêndio”.

O contato direto entre técnicos da Defesa Civil de Santos e moradores é intensificado nos meses de dezembro a abril, quando há maior ocorrência de chuvas fortes no Litoral e é implantado o Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC). No PPDC de 2023-2024, a Defesa Civil recebeu o reforço de 143 funcionários da Prefeitura, vindos de 12 secretarias, já capacitados em cursos e com experiência em edições anteriores, além da equipe fixa de 36 profissionais.

Até o momento, o monitoramento feito neste PPDC aponta que somente em janeiro o nível das chuvas foi bem acima do esperado: choveu 584 milímetros, sendo que a média do mês é de 336 milímetros. Nos demais meses, as chuvas foram menos intensas: 141 milímetros em dezembro, quando a média mensal é de 261 milímetros; 155 milímetros em fevereiro (média de 287,5 milímetros); 200,7 milímetros em março (média de 282,1 milímetros) e 55,6 milímetros registrados até o momento em abril (média de 220,6 milímetros).

REMOÇÃO DE FAMÍLIAS

“Em janeiro, tivemos recorde de chuvas aqui, especialmente entre os dias 23 e 25, onde nós registramos muitas ocorrências de escorregamento de terra. Houve a necessidade de fazer a remoção definitiva de 30 famílias, de moradores de área de risco dos morros, devido justamente às ocorrências de escorregamentos próximos das suas residências ou que atingiram suas casas”, assinala o coordenador da Defesa Civil de Santos, Daniel Onias.

Rulhis e Victor relembram um episódio ocorrido no final de janeiro no Monte Serrat: durante uma vistoria, um agente da Defesa Civil identificou uma trinca entre duas casas. Graças ao rápido contato com a Defesa Civil, as famílias foram orientadas a sair das casas, escapando de um deslizamento ocorrido horas depois.

Sobre a formação dos grupos de moradores, o coordenador da Defesa Civil fala da importância da participação popular ‘para autoproteção’. “As pessoas que se voluntariam, atendem aos nossos chamados, passam por um treinamento de pelo menos três períodos, onde recebem orientações e noções de primeiros socorros, de combate a princípio de incêndios, e principalmente quanto ao risco geológico, a ter essa percepção do risco, a entender e notar os sinais de início de escorregamento e a tomar medidas preventivas para si próprio e para suas famílias”.

Atualmente, há Nudecs no Monte Serrat (13 participantes treinados), Pacheco/Penha (16), Vila Progresso (20), Caneleira (12) e Monte Cabrão, na Área Continental (quatro). Em maio, a Defesa Civil fará um mapeamento de risco, com a participação de moradores, no Monte Serrat.

SAIBA COMO PROCEDER

A recomendação da Defesa Civil é que, ao aparecer qualquer indício, o morador deve sair do imóvel e acionar imediatamente o órgão para que os técnicos avaliem se há risco de deslizamento no local. O contato pode ser feito pelos telefones 199 ou (13) 3208-1000. Também é importante que a população se cadastre para receber os alertas da Defesa Civil. Para isso, basta enviar SMS com o CEP da região onde mora para o número 40199.

Esta iniciativa contempla o item 13 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Ação Contra a Mudança Global do Clima. Conheça os outros artigos dos ODS.

Fotos: Carlos Nogueira