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Em dois anos, Beco Limpo capacita 175 jovens e dissemina educação ambiental em comunidades de Santos

Publicado: 29 de abril de 2024 - 16h36

Na horta comunitária do Projeto Beco Limpo são colhidas alface, salsinha, tomate e tomilho. Mas as sementes plantadas nos dois anos da iniciativa da Prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), em parceria com o Instituto Arte no Dique, no Rádio Clube, também deram outros frutos. Por lá já passaram 175 jovens, de 17 a 23 anos, vindos das comunidades do Dique da Vila Gilda, Vila dos Criadores, São Manoel e Alemoa. A colheita é imensurável, já que eles se tornam agentes comunitários de meio ambiente e passam a disseminar conhecimentos sobre preservação ambiental em meio aos moradores.

A própria horta comunitária simbolizou o encerramento da sexta turma do projeto, neste mês, quando 20 jovens puderam expor os conhecimentos obtidos em três meses de curso, em áreas focadas desde o cultivo de plantas até a reutilização de materiais. A sétima turma já iniciou as ações de educação e capacitação, que são remuneradas. O Beco Limpo conta com investimento do Ministério Público Federal (MPF) e já teve reconhecimento nacional ao vencer o prêmio ESG do Grupo A Tribuna, em 2023, que busca valorizar empresas públicas e privadas com iniciativas na área ambiental, social e de governança, concorrendo com iniciativas de diversos estados brasileiros.

As oficinas profissionalizantes são focadas nas áreas de marcenaria criativa, gestão de resíduos sólidos e cocriação socioambiental. Na marcenaria, por exemplo, os jovens são desafiados a conhecer ferramentas de uso comum do dia a dia para pequenas reformas e construções. Com a iniciativa de reutilização, a turma conta com a parceria da Ecofábrica de Santos, Cata Treco e também da Cooperativa Comares.

PRODUÇÃO DE GANCHOS É SÍMBOLO

Uma das atividades de mais destaque do Beco Limpo é a produção de ganchos - ícone do projeto - para serem pendurados sacos de lixos nas portas das casas. O objeto simboliza uma luta nas comunidades para que os resíduos não cheguem até a maré, indo de encontro com a proposta de combate na questão do lixo no mar proveniente de fontes terrestres, problemática que gerou o surgimento do projeto.

Já nas aulas de cocriação, onde é trabalhada a criatividade dos jovens, a turma conta com auxílio do designer Barão di Sarno, designer e arquiteto em São Paulo, que trabalha no desenvolvimento de questões sociais por meio de maquetes e desenhos para que haja um maior envolvimento e interação dos jovens ao olhar para as questões urbanas enfrentadas diariamente.

SUSTENTABILIDADE

“As cidades em todo mundo vêm buscando a sustentabilidade e Santos também está nesse caminho. Sustentabilidade, além do importante respeito ao meio ambiente, também inclui acesso a habitação digna, à saúde, à educação, à segurança e ao desenvolvimento humano. É  o exercício da cidadania. O Projeto Beco Limpo trabalha todos esse conceitos e ajuda desenvolver o espírito cidadão nos jovens, que passam a ser multiplicadores de práticas e valores muito importantes para a sociedade”, diz o prefeito Rogério Santos.

'GÁS' AOS JOVENS

Segundo a coordenadora do projeto, Beatriz Prol, a certificação que o projeto entrega para os alunos é uma prova que mostra a capacidade de eles poderem ir além. “Nossos alunos se mostram muito interessados e engajados com as questões ambientais e comunitárias. A formação que o Beco Limpo dá, além da oferta da bolsa, é o que oferece um ‘gás’ para eles conseguirem trabalhos e se encontrarem em futuros projetos. Alguns, no término dos ciclos, acabam até virando nossos monitores. Tivemos casos de alguns dos nossos formandos estarem tão motivados com essa conquista que terminaram o ensino médio e começaram um curso técnico. Eles sentem como se tivessem sido promovidos, e para nós é uma enorme realização”.

FIM DE CICLO

No último dia da sexta turma, os jovens tiveram que colocar ‘a mão na terra’ e realizar todas as etapas dos cultivos (preparo e adubação do solo, escolha das sementes e mudas, plantio e compostagem de resíduos orgânicos), além de realizar atividades de reaproveitamento, pintura, limpeza e manejo dos canteiros. Os envolvidos também participaram da escolha das verduras e legumes mais proveitosos para as refeições dos moradores da região.

Com mensagens como ‘Amar é Arte. Plantar faz parte’, os pallets de madeira, utilizados para delimitar o espaço da horta, também foram arte dos alunos, que deixaram a criatividade correr solta. Cores vibrantes, desenhos e palavras escritas como ‘paz’ e ‘gratidão’ marcaram a decoração do local. Para quem passar pelo lugar, inclusive, perceberá que o mais bonito não é a estética, mas sim a forma como os jovens expuseram os seus sentimentos e dedicaram cada segundo à iniciativa.

GRATIDÃO

Quem consegue definir muito bem o quanto a experiência do Projeto Beco Limpo foi importante é Erika Oliveira, 22, moradora do São Manoel. “A gente aprendeu sobre várias coisas legais relacionadas ao meio ambiente e sustentabilidade nos encontros. Para mim, está sendo importante essa formação e aprendizado. Eu, por exemplo, nunca havia cavado nem um buraco, e hoje vamos até plantar coentro juntos”.

A colega Cailany de Souza, 19, aproveitou para contar os bastidores da atividade e não deixou de mostrar gratidão ao projeto. “No início foi bem difícil porque estávamos aprendendo a plantar uma semente. Mas quando eu vejo no que a horta está se transformando, fico bem empolgada. Temos cebola, alface, tomilho, couve e coentro. Agradeço muito pela experiência que tive não só nessa atividade, mas em outras do Beco Limpo”.

HORTA COMUNITÁRIA

Beatriz Prol explicou no que consiste a ação. “A horta comunitária surge de uma necessidade de a gente oferecer para a comunidade um pouquinho de natureza e comida saudável, tendo em vista todas as necessidades e limitações que o pessoal, principalmente de periferia, acaba enfrentando também com o preço desses produtos. Então a gente tenta conciliar as atividades de horta e compostagem, onde eles trabalham os resíduos domésticos de cozinha que podem ser reutilizados para virar adubo, como uma iniciativa aqui do projeto Beco Limpo”.

Quem acompanhou de perto o desenvolvimento e a vontade de aprender de cada um dos jovens foi a monitora Camilly de Araujo, voluntária do projeto há nove meses. “A hortinha comunitária, na verdade, faz parte do nosso trabalho como sociocomunicadores, que busca envolver os participantes em questões que de fato acreditamos. Além da conectividade entre eles, estão conhecendo de perto o conceito de sustentabilidade e cuidando de um alimento orgânico”.

 

Esta iniciativa contempla os itens 2, 4 e 11 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Fome Zero e Agricultura Sustentável, Educação de Qualidade e Cidades e Comunidades Sustentáveis. Conheça os outros artigos dos ODS

 

FOTOS:

Horta Comunitária (Raimundo Rosa/PMS) 

Arquivo/PMS

Divulgação: Arte no Dique