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Bairro Campo Grande, em Santos, chega aos 133 anos unindo tradição e modernidade

Publicado: 21 de junho de 2023 - 17h42

Um bairro quase completamente residencial, que lembra uma pequena cidade do interior, mas com uma área de mais de 1,1 milhão de metros quadrados, que une tradição e modernidade. Esse é o bairro Campo Grande, que completa 133 anos nesta quinta-feira.

O espaço, inicialmente formado apenas por um grande campo pantanoso com matagal, brejo e animais selvagens, viu sua história mudar no final do século 19, com a implementação da linha de bondes da extinta Companhia City, a famosa Linha 7, que passava pelo canal 2, hoje tomada por arranha-céus. 

A modernidade chegou, mas o bairro consegue manter as lembranças de sua criação, como as muretas da Avenida Bernardino de Campos, que em dois dos seus sete cruzamentos ainda são feitas de pilastras, ao contrário do símbolo já tão conhecido dos santistas, remetendo a uma época em que era possível as crianças brincarem dentro do canal.

Muitas pessoas ainda lembram do bairro pela “dificuldade” de chegar ao Gonzaga ou à Pompeia com a espera para o trem passar, na antiga linha da máquina, na Avenida Francisco Glicério e Rua Marquês de São Vicente. Hoje, pno mesmo trajeto passa o VLT, rápido, não poluente e com pouco barulho.

Já gerações mais antigas têm lembranças de um Campo Grande que não existe mais. É o caso das irmãs Dirce Caetano Ribelo e Dilma Figueira Caetano, de 68 e 65 anos respectivamente, que nasceram, cresceram e vivem até hoje no bairro.

A ligação delas é ainda mais forte por serem responsáveis pelo Externato São Luiz, escola do bairro, na Rua Visconde de Cairu, fundado há 71 anos pelos seus pais. A tradição da escola faz as irmãs se encherem de orgulho. Muitos alunos são filhos e netos de ex-alunos da instituição, conseguindo manter o caráter acolhedor e familiar da unidade.

Dilma lembra com saudosismo de sua infância quando ainda era possível ir do canal 1 ao canal 2 em linha reta pelo caminho de mato, conhecido como “carreirinho”, hoje a Rua João Carvalhal Filho. Esse caminho deixou de existir em alguns trechos com a construção de casas e, posteriormente, de prédios. 

“Eu era sapeca, subia os muros, andava de bicicleta, escalava árvores e adorava ir ao canal 2 pegar peixinhos, conseguia subir e descer ali com facilidade. Minha irmã era mais calma, era mais de brincar de boneca e se enfeitar”, lembra.

Como estamos em época de festa junina, Dirce relembrou que os moradores fechavam as ruas para que todos pudessem participar de uma grande festa ao ar livre. Mas, não esquece também dos “bailinhos” feitos nas casas dos amigos e vizinhos da rua.

“O final de semana era sempre na casa de alguém da turma. Enfeitávamos tudo, colocávamos luzes com papel celofane para dar uma escurecida. Juntava a turma da Rua Pedro Américo com a da Visconde de Cairu e íamos para o bailinho, sempre com a participação dos pais. Era todo mundo junto”, conta Dirce.

Com muita alegria, elas falam de uma memória inusitada da juventude, quando todos os colegas da vizinhança criavam pintinhos. “Antigamente, comprávamos ovos no mercado e quem quisesse ganhava um pintinho e isso era maravilhoso. Todo mundo tinha o seu dentro de casa, com caminha e cobertor. Um vizinho nosso, chamado Chico, andava com o seu como se fosse cachorro e sem nenhuma coleira. Ele acompanhava o Chico até a padaria e todo mundo já sabia de quem era aquele galo no meio da rua”. 

LAR DAS MOÇAS CEGAS

Há 80 anos localizado no limite divisório do Campo Grande, na esquina da Rua Carvalho de Mendonça com a Avenida Ana Costa, o Lar das Moças Cegas (LMC) acompanhou e se transformou junto com o bairro. 

Fundado por um grupo de amigos em 1943, atendia apenas 17 moças cegas que ali também moravam. Com o tempo este número foi aumentando até que, em 1988, os dormitórios foram extintos para que homens também pudessem ser aceitos, dando assim início à expansão do LMC.

Atualmente, são 282 alunos matriculados no setor da educação e 380 deficientes visuais atendidos ao todo, com mais de 40 atividades que vão de aula de música e culinária até aulas de Braille e um Centro de Educação e Habilitação para Deficientes Visuais (Cerdv). O complexo do LMC é composto também por uma lotérica, bazar, piscina aquecida (localizada na Rua Pará) e uma quadra de goalball. 

Há 37 anos no cargo de presidente, Carlos Antônio Gomes, o Calucho, viu o amor nascer pela instituição durante sua criação. Afinal, seu pai Carlos Inocêncio Gomes foi presidente por 25 anos. Ele fala com alegria sobre a importância do Lar das Moças Cegas para o bairro e para a região.

“Temos 120 funcionários que trabalham em cima de nossos 3 pilares: Saúde, Educação e Assistência Social. Ao longo desses anos passamos a aceitar homens, tivemos um grande desafio durante a pandemia e hoje qualquer pessoa com deficiência visual pode ser atendida pelo Lar, de forma gratuita, independentemente de classe social ou cidade em que more. Estamos sempre em constante movimento”, se orgulha Calucho.

CENTRO ESPANHOL

Fundado no dia 1° de janeiro de 1895, o Centro Espanhol de Santos teve sua sede, inicialmente, na Rua Marquês de Herval, 75, no Valongo. Em meados da década de 1960, com uma necessidade de ampliação e oportunidade imobiliária, mudou-se da sua primeira sede própria na Rua Aguiar de Andrade, no Centro, para sua atual localização na Avenida Ana Costa, 286.

Em seus 128 anos de história, já teve sua sede transformada em hospital em 1918 para tratar internados com gripe espanhola, além de ajudar imigrantes espanhóis a retornar para a Espanha. Hoje tem como principal função manter a cultura espanhola viva e tem o Consulado Honorário da Espanha em Santos atuando no local.

Em seus primórdios, apenas espanhóis de nascença poderiam fazer parte da diretoria, como conta Silvio Martinez Claro, atual 1º secretário do Centro Espanhol. “Até a década de 1970, nem os descendentes de espanhóis podiam fazer parte da diretoria, depois disso conseguimos mudar o estatuto, que era antiquíssimo e qualquer pessoa passou a poder ser sócia”, diz. 

EQUIPAMENTOS MUNICIPAIS

Localizado no quadrilátero da Rua Carvalho de Mendonça e das avenidas Ana Costa, General Francisco Glicério e Senador Pinheiro Machado (canal 1), com cerca de 30 mil moradores (Censo IBGE - 2010), o bairro tem uma policlínica, uma Vila Criativa, um Centro de Referência em Saúde Auditiva, dois equipamentos de atendimento Psicossocial (Núcleo de Apoio Psicossocial V e Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil #tamojunto) e três UME’s (Ayrton Senna da Silva, Barão do Rio Branco e Olavo Bilac).

Esta iniciativa contempla o item 11 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Cidades e Comunidades Sustentáveis. Conheça os outros itens dos ODS