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Zona Noroeste de Santos celebra 46 anos em constante renovação

Publicado: 28 de agosto de 2022 - 11h46

Jackson de Paula

Ela está completando 46 anos. Ainda nova, conserva belezas naturais e segue em pleno processo de evolução. Tem 12 milhões de metros quadrados, é formada por 16 bairros e, dia após dia, ganha novas curvas, cores e alimenta sonhos de milhares de pessoas. Essa é a Zona Noroeste, popularmente chamada ‘ZN’ (diferentemente da grafia oficial, ZNO) –, região de Santos que completa mais um aniversário neste domingo (28).

Estação elevatório no final da Avenida Haroldo de Camargo será entregue em janeiro próximo e aliviará enchentes no Castelo e Areia Branca (Santos) e Jardim Guassu (São Vicente)

Território que abriga cerca de 30% da população santista, cerca de 120 mil moradores, a Zona Noroeste vive um momento especial. Obras de grande porte e ações de revitalização percorrem o asfalto dos mais variados bairros, produzindo assim um novo - e marcante - capítulo de uma das regiões mais queridas de Santos.

Implantação de um novo viaduto na entrada da Cidade, obras de macrodrenagem para evitar enchentes, com entrega de estação elevatória no final da Avenida Haroldo de Camargo em janeiro próximo, construção de 574 novas unidades habitacionais (Prainha do Ilhéu) e reurbanização da Avenida Álvaro Guimarães (Rádio Clube) são sinônimos de um futuro promissor à ZN.

Avenida Álvaro Guimarães será revitalizada

Somado a isso, construção de vias verdes (Areia Branca), novas unidades de ensino (Vila Haddad e São Manoel), pavimentação e drenagem de diversas ruas, entre outras intervenções, também já estão saindo do papel. Obras que garantirão mais segurança e qualidade de vida para quem circula a pé, de bicicleta ou de carro pela região. Motivos para celebrar mais um aniversário não faltam.

Areia Branca terá projeto inovador de vias compartilhadas

ACESSIBILIDADE E COMBATE ÀS ENCHENTES

A comemoração de mais uma primavera da Zona Noroeste pode começar por um dos limites da Cidade. Lá, próximo aos bairros Bom Retiro, Piratininga e São Manoel, obras seguem a todo vapor. A construção do novo viaduto no km 63 da Rodovia Anchieta, que ligará a região à Avenida dos Bandeirantes, trará alívio ao tráfego de veículos. O viaduto completo, que também facilitará o acesso dos moradores dos três bairros à Rodovia Anchieta, deverá ser entregue em março de 2023.

Viaduto ligará a Zona Noroeste à Avenida dos Bandeirates

Além do viaduto, que integra a segunda fase do Sistema Santos Binário (Conexão Porto-Cidade), a região também terá uma estação elevatória, onde hoje fica parte do estacionamento do Assaí atacadista. Ela representará o fim de incômodos em período de chuva para os moradores da região. Cerca de cinco mil famílias serão beneficiadas com os trabalhos de macrodrenagem, que devem ser concluídos em novembro de 2024.

“Essas obras na entrada de Santos são icônicas para nós moradores da Zona Noroeste. Já sofremos muito com engarrafamentos e as enchentes. Até hoje me emociono ao passar por essas obras que estão acontecendo”, salientou a ouvidora Maria Gorete de Sousa, moradora do São Jorge há mais de 50 anos, e que passa diariamente pela entrada de Santos para ir ao trabalho.

Maria Gorete de Sousa mora no São Jorge há mais de 50 anos

Em paralelo à entrada da Cidade, a obra da EEC7, na Avenida Haroldo de Camargo (Castelo), é outra que será uma aliada no combate às enchentes da ZN. O sistema terá uma estação elevatória, um canal e uma comporta na parte aterrada do mangue, beneficiando sobretudo os bairros Castelo e Areia Branca, além de parte do Jardim Guassu, em São Vicente. A EEC7 entrará em funcionamento já em janeiro de 2023.

UMA CIDADE DENTRO DA OUTRA

Região de Santos que começou a ser povoada há um século, a Zona Noroeste expandiu seu desenvolvimento econômico a partir dos anos de 1970. Com a expansão de obras públicas, atraiu novos moradores e comerciantes década após década, e hoje concentra quase um terço da população santista.

Comércio pujante, rede de saúde, escolas modernizadas e diversos espaços de lazer. A Zona Noroeste é praticamente ‘uma cidade dentro de Santos’, como define Marcelo Evangelista de Sousa, de 57 anos, morador do Rádio Clube.

“Acompanhei de perto o crescimento da Zona Noroeste. Quando pequeno, lembro de brincar nas ruas de terra e ver bairros com pouquíssima estrutura. Hoje temos asfalto por todos os lados, uma Avenida Álvaro Guimarães com muitos comércios e que ficará mais moderna, conjuntos habitacionais e ótimos espaços de lazer como o Jardim Botânico. A Zona Noroeste tem de tudo, digo que é uma cidade dentro de Santos”, comentou o funcionário público, que gosta de frequentar o parque, no Bom Retiro, aos finais de semana.

Com 90 mil m², o Jardim Botânico Chico Mendes é a segunda maior área verde da Cidade, ficando atrás apenas dos jardins da praia. O equipamento conta com um importante acervo botânico, com mais de 300 espécies vegetais, divididas em 18 coleções, com destaque para as espécies da Mata Atlântica e Floresta Amazônica, as palmeiras e o bosque de pau-brasil.

Fonte interativa no Jardim Botânico Chico Mendes, parque que é um dos pontos de referência da região

ZELADORIA E MORADIAS

Dentre os benefícios já citados por Marcelo, a Zona Noroeste ainda terá um pacote de melhorias, anunciado em julho pelo prefeito Rogério Santos. Entre as intervenções estão serviços de drenagem e pavimentação no Dique da Vila Gilda (R$ 5,9 milhões); reurbanização da Rua Flamínio Levy (R$ 4,6 milhões); pavimentação e drenagem em diversas ruas do Saboó (R$ 9,2 milhões); obras de contenção e drenagem no Morro do Ilhéu Alto (R$ 6,8 milhões); construção de vias verdes na Areia Branca (R$ 1,8 milhão).

A área da habitação também vem recebendo atenção. O terreno conhecido como Prainha do Ilhéu (Avenida Jornalista Armando Gomes), antes propriedade da União, agora pertence à Prefeitura e será utilizado para a construção de 574 unidades habitacionais. As obras na área de 63 mil metros quadrados devem ser iniciadas este ano.

Terreno conhecido como Prainha do Ilhéu fica nas proximidades da rotatória, ao final da ponte

DE OLHO NO FUTURO

A Zona Noroeste também caminha a passos largos no acolhimento das futuras gerações. Entre os investimentos anunciados recentemente pela Prefeitura, que totalizam R$ 55 milhões, há uma série de melhorias voltadas à Educação.

Na Vila Haddad, por exemplo, será erguida a UME Hilda Rabaça (Praça Guilherme Délius), que tem custo de R$ 9 milhões. No São Manoel será construída a UME Flávio Cipriano (Educação Infantil), ao custo de R$ 8,6 milhões. Já a UME José Carlos de Azevedo Júnior, também no São Manoel, será erguida em parceria com a Ecovias. Ainda há a reforma do Centro da Juventude e a implantação da policlínica Vila Gilda, realizadas em parceria com a iniciativa privada.

Os investimentos voltados aos jovens santistas arrancam sorrisos de Egle Rodrigues Pereira, 55 anos. Rosto conhecido na Zona Noroeste, ela coordena o projeto ‘Tia Egle’, movimento social que já atendeu 10 mil crianças, jovens e suas famílias nos últimos 20 anos. Ela, que mora no Santa Maria, afirma que a Zona Noroeste tem muitos motivos para comemorar em 2022.

Egle Rodrigues Pereira mantém projeto social na região

“Atendemos crianças de todos os bairros e quebradas. Ver o investimento maciço da Prefeitura em Educação me deixa muito feliz. Eu amo a Zona Noroeste. Essa região da Cidade deixou de ser um celeiro eleitoral, que só era vista a cada quatro anos. Hoje temos equipamentos maravilhosos, tanto na educação quanto voltados à cultura e ao lazer da população”.

POPULAÇÃO MAIS FELIZ

Além de obras futuras, muitos projetos também saíram do papel na Zona Noroeste. Ainda na entrada da Cidade, um viaduto em curva de 471 metros de extensão, no encontro das avenidas Martins Fontes e Nossa Senhora de Fátima com a Rodovia Anchieta, foi entregue à população em 2020.

Viaduto iluminado embeleza entrada da Cidade

A estrutura, que liga diretamente o Centro à Zona Noroeste, colocou ponto final em um problema crônico no tráfego da região, proporcionando mais fluidez, segurança e integração entre rotas. Trata-se de uma obra de mobilidade, que também resgatou a identidade santista ao inserir um elemento grandioso e representativo do desenvolvimento urbano na porta principal da Cidade.

Cabe lembrar que outras marcantes obras de acessibilidade foram a Avenida Beira Rio e a ponte sobre o Rio São Jorge. A primeira, que faz conexão entre os bairros Bom Retiro e São Manoel, hoje é uma rota alternativa para os caminhões e veículos que precisam acessar a Rodovia Anchieta.

A ponte por sua vez, construída no km 65 da via Anchieta, também é uma nova entrada para Santos. O acesso, que auxilia os motoristas a seguirem viagem até a Rodovia, conta com 1.200 metros de extensão - 750 metros no sentido Anchieta-Zona Noroeste e 450 metros no sentido oposto.

Já no Bom Retiro, os amantes do esporte ganharam, também em 2020, um grande reforço: o novo ginásio poliesportivo Antônio Jorge Pereira de Nóbrega (Nobregão). Com 3,5 mil m² e arquibancadas para 1,5 mil pessoas, o espaço integra o Complexo Turístico, Esportivo e Cultural do M. Nascimento Júnior, fomentando diversas modalidades e proporcionando mais qualidade de vida na Zona Noroeste.

Nobregão: mais espaço para o esporte na região

Locais para integração entre moradores, as praças da Zona Noroeste também receberam atenção especial. Neste domingo (28), durante as comemorações do aniversário de 46 anos, cinco praças foram entregues totalmente revitalizadas à população: Bruno Barbosa, Francisco Marchi, Tennyson de Oliveira Ribeiro, Ex-Combatentes e Recanto Jornalista Paulo Matos.

Para o prefeito regional da Zona Noroeste, Kléber Passos, a implantação de equipamentos e a chegada de novos investimentos deixaram as comunidades locais mais felizes. “A Zona Noroeste vem recebendo uma série de melhorias nos últimos anos, investimentos em zeladoria. Percebemos uma participação ativa da comunidade, que eu chamo de responsabilidade compartilhada, além de uma população muito mais feliz”, avaliou.

“Percebemos a alegria nos olhares dos moradores ao verem tanto desenvolvimento. Todos esses investimentos valorizam essa região de Santos e contribuem para a redução da desigualdade social”, completou.

HISTÓRIA

Embora celebre oficialmente seu aniversário a partir de 1976, por meio da lei municipal 4.047, do então prefeito Antônio Manoel de Carvalho, a Zona Noroeste marca seu primeiro capítulo na história em 1534, com a instalação do Engenho dos Erasmos.

Engenho de cana-de-açúcar São Jorge dos Erasmos, o início de tudo

Localizado distante do Município, fato comum para esse tipo de instalação, o Engenho causou a povoação gradativa do entorno, na primeira metade do século 16. Construído a mando de Martim Afonso de Souza, então governador da Capitania de São Vicente, no início da manufatura açucareira em larga escala no Brasil, viveu seu auge em 1540.

No entanto, por volta de 1620, viveu sua decadência por conta do açúcar nordestino e ataques piratas. O local seguiu produzindo para exportações até meados do século 18.

A posição geográfica da Zona Noroeste também contribuiu com o início das ocupações, conforme explica o historiador da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), Dionísio de Almeida.

“A ligação de Santos com São Vicente por um caminho, que hoje é a Avenida Nossa Senhora de Fátima, e a construção do Polo Industrial de Cubatão, que teve a migração de muitos nordestinos, foram fatores que propiciaram o povoamento”, explicou.

A Zona Noroeste ocupa área de 12 milhões de metros quadrados e hoje é formada por 16 bairros: Alemoa, Areia Branca, Bom Retiro, Caneleira, Castelo, Chico de Paula, Ilhéu Alto, Piratininga, Porto Alemoa, Porto Saboó, Rádio Clube, Saboó, Santa Maria, São Jorge, São Manoel e Vila Haddad.