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Vila Pelé, em Santos, lembra participação do Rei na formação de conjunto habitacional

Publicado: 4 de janeiro de 2023 - 15h22

Pelé é sinônimo de futebol. Sinônimo de esporte. De excelência em qualquer área. Sinônimo do Brasil no exterior. Mas, para uma parcela dos santistas da Zona Noroeste, além de tudo isso, o nome do Rei define a conquista do mais importante bem material, a casa própria.

Foi depois de décadas de luta de uma comunidade, com participação do próprio Rei do Futebol e intervenções da Prefeitura com apoio dos governos estadual e federal, que centenas de famílias obtiveram a escritura definitiva de suas residências na Vila Pelé 1 e Vila Pelé 2.

A primeira fica no Rádio Clube e começou a ser construída em 1996. Já a segunda foi erguida a partir de 2009, no mesmo bairro, para atender à demanda habitacional do Caminho São José (Dique da Vila Gilda).

Em 2 de abril de 2022, 199 moradores dos dois conjuntos habitacionais receberam os documentos de propriedade - 131 foram entregues para habitantes da Vila Pelé I e 68 para os da Vila Pelé II. A entrega das escrituras desses imóveis foi realizada no Centro Esportivo Manoel Nascimento Júnior.

Moradores receberam escrituras da Prefeitura em abril de 2022

O tempo das ruas de terra batida ficou no passado. Hoje as ruas têm calçada e asfalto e, não raro, se notam jardins com árvores, flores e até cactos pelas duas vilas. Crianças e cães correm soltos, tal como bucólicas cidades do Interior. Pelo fato de muitos moradores se conhecerem, qualquer movimentação estranha é avisada pelos vizinhos, aumentando a sensação de segurança.

COMO O REI PARTICIPOU

"Esta área pertencia à Rádio Clube de Santos, e o Pelé era acionista majoritário. Por isso, a origem do nome ‘Vila Pelé’", conta a dona de casa Maria Jacinta da Corte, 60 anos, ex-integrante de um dos movimentos de moradia do local.

Maria Jacinta

A ocupação da área ocorreu aos poucos, até que houve um grande movimento no final da década de 80. O impasse resultou em uma reunião entre Edson Arantes do Nascimento com lideranças dos grupos de moradia, que acabou por doar sua parte na sociedade para avançar até a regularização da área. "Houve um baile no dia dos namorados, em 12 de junho de 1990, a fim de arrecadar fundos para a construção das casas", recorda Jacinta. Depois de 10 anos morando na Vila Pelé, ela mora no Bom Retiro, mas nunca abandonou as amigas da Vila.

Moradora da Zona Noroeste há 60 anos, Sonia Maria da Silva Dourado nasceu em Petrolina (PE) e se recorda que para a Vila Pelé foram famílias que estavam em áreas de risco nos morros santistas.

Sonia Maria 

A construção das casas exigiu a formação de uma equipe de retaguarda para apoiar quem estava à frente das obras. Uma dessas integrantes do grupo foi Irene Pereira Guerra, 57, que atuou como cozinheira. "Em dia de semana, preparava algo mais leve, com frango ou bife. No fim de semana, o pessoal pedia feijoada ou mocotó".

Apresentando com orgulho a carteira de número 73 da Associação Movimento Juventude, uma das entidades que lutaram pela regularização da área, o recém-aposentado José Roberto Saraiva dos Santos, 59, diz que foram "11 anos de muita luta, mas que hoje vejo que valeram a pena". Santista de nascimento e também de clube, ele conta, com satisfação, que Pelé para ele representa só alegria. "É um orgulho morar aqui".

José Roberto

Antes de ter sua casa na Vila Pelé, Beto, como é conhecido, morava com os pais no Bom Retiro. Quando a residência ficou pronta, se mudou com esposa e filhos para a nova casa. "Foram duas grandes alegrias na minha vida. Quando a casa ficou pronta e, a mais recente, quando recebemos a escritura definitiva".

TRANQUILIDADE, UMA DAS MARCAS

Hoje em dia, morar na Vila Pelé é uma ‘tranquilidade’, como destaca Rosangela Araujo. "Graças à Prefeitura hoje temos a segurança da documentação da casa", diz ela, que fala das vantagens de morar em um local onde todos se conhecem. "Cada um tem seu ritmo, as pessoas vão às casas das outras".

Foi nesse ambiente tranquilo que Rosalba Doria da Silva, a Rose, viu crescer seus três filhos: Gabriel, Daniel e Giovanna. A manicure que hoje vê ex-moradoras da Vila Pelé voltarem ao local procurando seus serviços, relembra que as crianças brincavam nas ruas pulando corda e brincando de pega-pega.