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Trabalhadores se concentraram na praça mauá

Publicado: 27 de março de 2001
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No início da manhã, às 7 horas, horário em que tradicionalmente acontece a escala de trabalho, houve conflito entre polícia e trabalhadores num dos pontos utilizados para a atribuição de serviço, junto ao Armazém 9. Os estivadores e trabalhadores do Bloco se concentram, então, em frente ao Armazém 23 e de lá saíram em passeata em direção ao Centro, mais precisamente à Praça Mauá. O comércio da área fechou as portas e apenas no início da tarde alguns lojistas se arriscaram a abrir. Durante todo o dia, a Praça Mauá esteve tomada pelos trabalhadores, sendo registrados alguns incidentes. Portas de estabelecimentos foram arriadas à força, uma viatura de emissora de TV chegou a ser cercada por manifestantes e trabalhadores ficaram feridos. Houve reforço de segurança, com equipes do Policiamento de Choque e da Cavalaria. A polícia utilizou cães e helicóptero. No final da manhã, pelo menos 100 homens da Polícia Militar, incluindo os do Choque (30 a 40) e da Cavalaria (30), estavam a postos na praça. Houve muita tensão no início da tarde e o policiamento chegou a utilizar bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Os representantes da Prefeitura estiveram reunidos com o comandante do Policiamento de Choque, coronel Osvaldo de Barros Júnior. Pedindo cautela à polícia, ponderando que a Praça Mauá sempre foi um reduto tradicional do santista para manifestações democráticas e não para repressão. TRANSFERÊNCIA NEGOCIADA Assim que a passeata chegou ao Centro, por volta das 9h30, os líderes sindicais da Estiva e dos Trabalhadores do Bloco foram recebidos pelo Executivo, que também já iniciou uma série de contatos com autoridades, apelando para a abertura de negociação para o conflito. A informação do encontro foi passada pelo presidente do sindicato da Estiva. Vanderlei José da Silva disse que os trabalhadores não iriam aceitar que fosse instalada a desorganização no Porto, exatamente em algo que é organizado. Eles dizem que é lei, mas há uma série de outros pontos da lei que não foram implantados, como Norma Regulamentadora 29. Antes da transferência da escala, é preciso pagar o dissídio coletivo e adotar o Plano de Desligamento Voluntário (PDV). O sindicalista afirmou que os trabalhadores estão sendo vítimas de imposição e que existe um grande complô contra o maior Porto da América Latina. Pouco depois das 12 horas, o executivo retornava ao Paço e revelava que estaria em nova reunião na Capitania dos Portos, às 15 horas. A Prefeitura apelou ao contra-almirante Ribamar e ao Ministério Público pela abertura das negociações e mesmo a formalização de um termo de ajustamento de conduta entre as partes envolvidas no conflito. Na entrevista, expôs também a sua preocupação de que, sem um acordo, o Ogmo obtenha na Justiça o direito de fazer a escala sem os registrados e cadastrados no órgão, o que desencadearia um conflito entre trabalhadores. Um dos contatos mantidos foi com o ministro da Casa Civil, Pedro Parente, a quem argumentou que o Porto santista precisa ter um tratamento diferenciado dos demais portos do País, já que é o maior e sofreu muito com a modernização. Foi obtido do ministro o compromisso de interceder junto a todos os setores do Governo Federal visando à adoção do PDV, que é uma antiga reivindicação dos trabalhadores e pode ser um das saídas para o conflito, já que o Ogmo tem hoje cerca de 11 mil registrados e contratados.