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Solenidade marca 10 anos de atividades da fams

Publicado: 14 de dezembro de 2005
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Referência na preservação e recuperação da história santista, a Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams) comemora nesta quinta-feira (15) 10 anos de atividades, em solenidade, às 17 horas, na Praça do Outeiro (esquina das ruas Visconde do Rio Branco e Constituição), com a presença de autoridades e personalidades da Cidade. A cerimônia marca ainda a entrega oficial das obras de reforma e renovação visual do complexo do Outeiro de Santa Catarina (prédios e praça), realizadas em parceria com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos, e o lançamento de edição especial do livro "Santos – o Centro Histórico, o Porto e a Cidade", uma parceria com a Editora Horizonte Geográfico. A programação festiva, que contará com personagens caracterizados e automóveis antigos fazendo a ambientação de época, envolve apresentações musicais; homenagem a ex-presidentes da entidade e entrega do título Amigo da Fams a Roberto Clemente Santini, diretor-executivo de A Tribuna; Virgílio Pina, diretor-presidente da Multicargo, e Omar Laino, presidente da Construtora Phoenix. Tendo como sede a casa acastelada construída por João Éboli, na década de 1880, sobre o último bloco de rocha do outeiro (o monte foi desbastado, fornecendo aterro para a construção do cais), a Fams gerencia os arquivos públicos da Prefeitura e trabalha para o resgate da memória documental e iconográfica da Cidade, garantindo a salvaguarda, preservação e disseminação desse patrimônio. RARIDADES Três milhões de documentos, datados desde o final do século XVIII, estão divididos entre os arquivos Permanente (Rua do Comércio, 96, reúne material até 1953), Intermediário (Rua do Comércio, 87, guarda documentos de 1954 a 1991) e Geral (embasamento da Prefeitura, acesso pela Rua General Câmara, onde estão registros a partir de 1992). O acervo reúne desde históricos de sepultamentos e concessões de cartas de data e aforamento (indispensáveis no século XIX para o uso de terras) a processos administrativos da Prefeitura, passando por pedidos para obtenção de carta de cocheiro e para circulação de caminhão de estrume, processos com plantas de imóveis e raridades como registros de personalidades importantes da história brasileira. O documento público mais antigo de Santos encontra-se no Arquivo Permanente, um contrato para a pesca de baleia, datado de 1765. A fundação possui ainda um acervo fotográfico de mais de 90 mil imagens de Santos e região, muitas em fase de catalogação e levantamento de dados, e conta com laboratório e estúdio fotográficos, laboratório de encadernação e restauro de papéis, e a Sala de Leitura Catarina de Aguillar. A instituição também volta suas ações para projetos e iniciativas que contribuam para a disseminação da história santista, como publicações, cursos, roteiros, palestras e exposições fotográficas. Além do Outeiro de Santa Catarina, outro lugar de grande valor histórico está sob a responsabilidade da Fams: a Casa da Frontaria Azulejada, erguida em 1865, onde funciona o Arquivo Permanente. CUIDADOS Por questão de segurança e visando a preservação dos documentos, sobretudo os mais antigos, as consultas aos processos, livros e atas são feitas nos próprios arquivos, não sendo permitido o uso de xerocópia. A luz é a maior inimiga dos documentos e vai, aos poucos, queimando a tinta e o papel. O uso de máquinas fotográficas é permitido sem restrição. Dos documentos existentes no acervo, não estão disponibilizados ao público apenas dois, relativos a enterramentos no Cemitério do Paquetá. A tinta ferrogálica (à base de sulfato de ferro) corroeu o papel, que se fragmenta com simples manuseio. Esse tipo de tinta era muito usado da metade do século XIX a meados do XX. Com o passar dos anos, em contato com o ar e a umidade, as letras corroem o papel e simplesmente caem das páginas. Esses e outros documentos em situação semelhante estão embalados em papel alcalino, no Arquivo Permanente (AP), a título de proteção. Para manter o acervo do AP e evitar danos ao patrimônio público, a Fams tem seis desumidificadores industriais ligados 24 horas por dia, durante o ano inteiro. Para preservar os documentos, a temperatura deve se manter constante entre 19 e 21 graus e a umidade relativa do ar oscilar entre 50 e 60%. Uma mudança significativa, já que a temperatura em Santos pode variar até 10 graus em um mesmo dia e a umidade do ar, não raro, chega a 90%. REFORMA Foram três meses de obras para renovar os espaços interno e externo da Fams, oferecendo ao prédio da sede um ambiente de maior conforto para o trabalho diário e à Praça do Outeiro, mais segurança e estrutura para o desenvolvimento de novos projetos. Com a entrega dos serviços, realizados pela Secretaria Municipal de Obras, Santos ganha oficialmente, a partir desta quinta-feira, um novo e privilegiado espaço de 1.300 m² para a realização de atividades artísticas e culturais, entre elas lançamento de livros, apresentações musicais e teatrais, desfiles e aulas abertas de desenho, pintura, escultura e dança. No dia 25 de novembro, a Fams fez a pré-estréia do espaço, abrigando a última reunião deste ano do Programa de Incentivo à Leitura (Proler), do Governo Federal, coordenado na região pela Universidade Santa Cecília. Ao disponibilizar as instalações para atividades culturais, a fundação tem como objetivo fortalecer a área do complexo do outeiro como pólo de interesse turístico e oferecer um novo atrativo para os visitantes, santistas ou turistas, que já se encantam com o Centro Histórico. Para tanto, as obras no prédio envolveram substituição do piso, reforma dos banheiros e copa, pinturas interna e externa, além de reforma da sala de leitura. As calçadas, os mosaicos do piso e os bancos da praça foram recuperados, e o local recebeu novas luminárias, mais reforçada para evitar vandalismo e furtos. PARCERIA A praça, inaugurada em 19 de outubro de 2000, foi criada graças a uma parceria com a firma Multicargo, que adquiriu a área e a repassou à Prefeitura. O projeto de reforma do complexo do outeiro recebeu o aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), por tratar-se de área tombada. CONSELHO Criado pela Lei Complementar nº 196, de 15 de dezembro de 1995, o Conselho Deliberativo da Fams tem a incumbência de contribuir para o desenvolvimento da entidade e o aprimoramento de suas ações. O órgão tem como presidente nato o diretor-presidente da fundação e conta com 12 integrantes, que desempenham suas funções gratuitamente e por tempo indeterminado. Quatro são nomeados pelo Poder Executivo (representando as secretarias de Cultura, Obras, Turismo e Finanças), quatro indicados por entidades de ensino superior (UniSantos, Unisanta, Unesp e Fatec) e quatro afetos à sociedade civil (Sesc, Sindipetro, Museu de Arte Sacra e Associação Centro Vivo). O diretor-presidente é escolhido pela Prefeitura, a partir de uma lista tríplice elaborada pelo conselho, para um mandato de dois anos, podendo ser reconduzido ao cargo somente uma vez, por idêntico período. Os diretores administrativo-financeiro e de arquivos, com nomeações aprovadas pelo conselho, são indicados pelo diretor-presidente. Estão previstas quatro reuniões ordinárias anuais entre conselho e Presidência da Fams, registradas em atas, podendo ocorrer sessões extraordinárias, convocadas pelo presidente ou pela maioria absoluta dos membros.