Setembro Amarelo: roda de conversa em Santos alerta sobre depressão e relação com o autismo
Não é frescura, falta de vontade, desinteresse e muito menos preguiça ou malandragem: depressão é uma doença séria, incapacitante, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde e que atinge 350 milhões de pessoas de todas as idades no mundo.
“Esse transtorno mental afeta a qualidade de vida, a capacidade de desempenhar as atividades do dia a dia, as relações pessoais e familiares, sendo um dos motivos catalizadores do suicídio”, alertou a psicóloga Taís Costa Bento, que na manhã deste sábado (3) coordenou uma roda de conversa sobre o assunto no Centro de Reabilitação e Estimulação do Neurodesenvolvimento (Cren), mais conhecido como Clínica Escola do Autista (Marapé).
A atividade ‘Orientação familiar e sinais de alerta na depressão’ insere-se no Setembro Amarelo, campanha de caráter mundial, promovida desde 2014 no País. Este ano, tem como lema ‘A vida é a melhor escolha’, com destaque para o dia 10, oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Taís Bento destacou a importância de identificar sinais como alterações de humor, isolamento, fadiga, perda de apetite e de interesse pelas atividades, primeiro passo para buscar ajuda, que envolve acompanhamento médico, psicoterapia e atividades físicas.
“É preciso ficar alerta e não ignorar mudanças de comportamento, mesmo que apenas um dos sinais seja evidente”, prosseguiu a psicóloga clínica, lembrando que a doença afeta mais o sexo feminino, por questões hormonais ou de estrutura social, que sobrecarrega as mulheres com as mais diversas responsabilidades.
PREVALÊNCIA ENTRE AUTISTAS
A possibilidade de recaídas exige atenção e acompanhamento ao longo da vida. “Depressão é muito ampla, tem inúmeras variantes e registra prevalência alta em familiares de autistas e nos próprios autistas”, alertou a psicóloga clínica, mestre em Saúde Coletiva, com ênfase em saúde da mulher negra.
Com uma população de 207,7 milhões, o País possui três milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de acordo com as estatísticas oficiais. “Hoje o diagnóstico para identificar o autismo é mais apurado e eficiente, favorecendo a busca precoce por ajuda”, afirmou Taís Bento, lembrando que o TEA “não tem cara e não tem cura”.
Ela também é professora de Psicologia da Unimes e pós-graduada em Intervenção Aba (Applied Behavior Analysis, ou Análise do Comportamento Aplicada, na tradução) para autismo e deficiência intelectual.