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Santos reduz índice de mortalidade infantil em 50% em dez anos

Publicado: 18 de abril de 2001
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O índice de mortalidade infantil medida entre zero a um ano de idade, em Santos, foi reduzido de forma significativa nos últimos anos, em mais de 50%, se for considerado o ano de 1990 quando morriam 33,9 crianças por 1 mil nascimentos. Em 2000, o índice alcançado foi de 14 por 1 mil, num salto de qualidade que demonstra a eficiência do trabalho realizado nessa área. Em relação ao ano passado, quando foram registrados 18,1 óbitos por 1 mil, houve redução de 22,7%. E a grande meta é chegar a sete óbitos por 1 mil nascimentos, equiparando Santos aos centros mais desenvolvidos do mundo e dentro das expectativas preconizadas pela Organização Mundial de Saúde. Foram avaliados os programas implantados que estão dando certo, entre os quais o aperfeiçoamento na qualidade do pré-natal, a partir de 1997, e de novas ações que serão feitas, especialmente no Centro, Paquetá Vila Nova e Vila Mathias, onde a mortalidade infantil ainda é significativa. Participaram os representantes da Secretaria de Saúde, e as médicas que respondem pelas coordenadorias da Mulher e da Criança, complementando informações sobre o trabalho desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e as novas ações programadas. A região do Centro, Paquetá e Vila Nova receberá atenção especial do trabalho dos agentes comunitários de Saúde, e do Programa de Saúde de Família (PSF), que, em breve, deverá contar com 70 equipes, cada qual com nove componentes. Foi ressaltada a necessidade de estratégias específicas para essa região, num trabalho conjunto com a Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania (Seac). Entre as ações figura a busca ativa de portadores de Aids, hepatite e tuberculose. O fato é atribuido à situação precária de vida dos habitantes, onde proliferam cortiços, e doenças como tuberculose, a ocorrência de maior mortalidade infantil nesses locais, mas destacou o fato de Santos vir diminuindo gradativamente esses índices, resultado de ações eficientes em áreas mais pobres. Há muita resistência por parte de moradoras do Centro, especialmente prostitutas, em freqüentar os programas de pré-natal, em razão do seu horário de trabalho, na madrugada, e da hora que acordam. Mesmo assim, a Casa da Gestante chega a criar condições específicas de atendimento, permitindo que durmam uma parte do dia no equipamento, onde são desenvolvidos cursos e atividades de artesanato, além de atendimento psicossocial, fornecimento de cestas básicas às famílias, e o acompanhamento clínico permanente. Outro fator predominante nessas áreas pobres é a gravidez precoce. Nos levantamentos do Município já foi apurado que dos 6.500 partos anuais, 23,19% são de jovens entre 13 a 19 anos. A gravidez na adolescência é incluída nos programas da SMS como fator de risco. E, além do atendimento na Casa da Gestante, há também programa desenvolvido pelo Hospital e Maternidade Silvério Fontes, voltado à gestação de risco. O hospital que tem o título de ´Maternidade Segura´, realiza uma média de 270 partos por mês, sendo que apenas 30,9% são cesáreas. No ano passado, foram realizados 2.900 partos, com índices crescentes de partos naturais. Em janeiro deste ano, por exemplo, apenas 22% foram cesáreas. APOSTA Mas, o programa que a SMS mais aposta envolve as atividades diárias dos agentes de saúde e o que será desenvolvido pelas novas equipes do Programa da Saúde da Família, que contará com médico, enfermeira além dos agentes. Os agentes fazem levantamento dos problemas de higiene em cada residência e realizam o encaminhamento aos equipamentos de saúde e a promoção de ações coletivas. Atualmente, são atendidas pelos agentes comunitários 123 mil pessoas, ou 33 mil famílias cadastradas, que corresponde a 40% da população santista. Outra novidade que será implantada no aperfeiçoamento do atendimento pré-natal é a criação do cartão da gestante, com número de identificação SUS, como preconiza o ´Programa Parto Humanizado´. Santos e Cubatão serão, por enquanto, as duas primeiras cidades habilitadas na região com esse programa, pelas condições de serviço que oferecem. A partir de segunda-feira (23), segundo Ângela Mariano, esse cadastro já entrará em funcionamento. Na medida que a gestante possuir um cartão com um número que a identifique, assim como sua cidade e estado, será possível fazer seu acompanhamento em qualquer unidade que for atendida. Também tornará mais fácil para a SMS realizar a busca dessa gestante, mesmo que mude de endereço, o que é uma situação comum dos moradores do Centro. Será discutido junto ao Condesb a possibilidade de outros municípios da região realizarem um atendimento de qualidade às gestantes, visando à queda da mortalidade infantil em âmbito regional. Santos é a cidade que possui os melhores índices na queda da mortalidade infantil, e ele acha importante que essa experiência seja copiada. ALEITAMENTO: SANTOS SE DESTACA Entre os vários programas que colaboraram para a queda da mortalidade infantil, em primeiro plano, o programa de aleitamento materno, onde Santos aparece em primeiro lugar no Estado. O índice do Município é de 40% de mães amamentando seus filhos exclusivamente no seio, até seis meses. No Estado esse índice não chega a 20%. Foi lembrada a excelência do pré-natal, que adotou desde 1997 em sua metodologia, a busca ativa de gestantes, a partir dos exames laboratoriais que comprovam a gravidez e um atendimento diferenciado nas 23 policlínicas. Segundo Ângela Mariano, a gestante, a partir de 1997, não entra em fila, tem agendamento priorizado, as fichas de atendimento recebem arquivo em separado, e na metodologia de atendimento, passam por entrevista com enfermeira que analisa uma série de situações de risco. Desde 97, a Prefeitura incluiu no pré-natal das mulheres santistas o exame anti-HIV. Essa, é uma iniciativa importante no fator da redução da mortalidade infantil. Isso porque, quando detectada na mãe, a Aids pode ser tratada e é possível evitar a infecção no feto. Outro trabalho importante é desenvolvido pela Casa da Gestante, que atende a média de 160 gestantes/mês com quadro de gravidez de risco. Nesses atendimentos, segundo Söderberg, são descobertos outros fatores que colaboram para que ocorra mortalidade infantil, como os casos de violência doméstica. É onde entra o trabalho de psicólogas, no acompanhamento psicossocial da família. O Município conta ainda com outros programas importantes na área de proteção à criança, tais como ´Recém-Nascido de Risco´, tanto que recebeu o título de ´Município Amigo da Criança´, no ano passado, atribuído pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em conjunto com o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). Na avaliação dos projetos foram observadas as ações que visam à qualidade de vida da crianças, mulher e do adolescente, nas áreas de saúde, educação e ação comunitária. Entre os equipamentos visitados e avaliados pela comissão organizadora, por exemplo, figurou o Centro de Valorização da Criança (CVC), que possui três unidades na Cidade. Há cerca de 10.200 crianças matriculadas com média de 53 mil atendimentos anuais. O Município de Santos, com a redução da mortalidade infantil alcançada, equiparou-se à taxa de queda do Estado de São Paulo, que caiu de 42 óbitos para 21 no ano passado. Em relação ao Brasil, os índices de Santos também são expressivos. No País, dados de 1999 apontam 34,8 mortes por 1 mil nascidos e na Região Sudeste, 25,7 em cada 1 mil.