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Santos promove palestra sobre anemia falciforme com doutora em saúde pública

Publicado: 17 de agosto de 2022 - 16h19

Dores articulares, fadiga intensa, palidez e icterícia (coloração amarela da pele ou olhos), feridas nas pernas e tendência a infecções. Esses são alguns sintomas da anemia falciforme, doença genética que atinge cerca de 80 mil brasileiros, principalmente os negros. E, para elucidar as dúvidas em torno dessa enfermidade, uma das principais autoridades sobre o assunto no País, a doutora em Saúde e Desenvolvimento, Berenice Kikuchi, ministrou palestra nesta quarta-feira (17), no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Santos.

Durante o evento, realizado pela Secretaria de Governo (Segov), Berenice promoveu uma aula aberta, traçando uma espécie de linha do tempo sobre a anemia falciforme. Abordou características genéticas da doença, o trabalho da Associação de Anemia Falciforme do Estado de São Paulo (Aafesp), da qual é fundadora, além dos avanços de políticas públicas e a luta da comunidade negra em torno da enfermidade.

Doutora pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e mestra em Educação pela Universidade Cidade de São Paulo, Berenice tomou conhecimento da doença em 1993, na zona leste de São Paulo. À época, por meio de uma criança recém-diagnosticada com anemia falciforme, ela lembra que a família da paciente encontrou dificuldades para um tratamento adequado.

Desde então, sobretudo nas duas últimas décadas, movimentos representativos de pessoas com a doença ganharam força em todo o território nacional. Em 1997, a Aafesp se tornou pioneira ao promover uma legislação específica para a doença, que norteou leis similares por vários estados e no País. Hoje, o Sistema Único de Saúde (SUS) também realiza diagnóstico precoce da doença na triagem neonatal (teste do pezinho).

“Estamos há 30 anos debruçados sobre esse tema. Alerto que as vítimas fatais morrem por imperícia e negligência. E é por isso que o diagnóstico correto é tão importante, com uma enfermagem vigilante, fundamental para salvarmos vidas”, salientou a doutora Berenice durante sua palestra em Santos, intitulada ‘Anemia falciforme no contexto socioambiental global’. O evento na OAB também contou com o apoio da Coordenadoria de Promoção de Igualdade Racial e Étnica (Copire), Secretaria de Saúde (SMS) e Secretaria de Educação (Seduc).

“Espero que, por meio dessa aula aberta, todos consigam absorver conhecimento. Costumo dizer que existem muitas leis sobre o assunto, mas ainda vemos muita negligência social. O objetivo é formularmos mais políticas públicas com equidade”, completou ela, que possui Especialização em Anemia Falciforme pela University of the West Indies (Jamaica).

GRANDE OPORTUNIDADE

Entre o público presente na palestra esteve a munícipe Diná Santos. Ela, que faz parte do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra e Promoção da Igualdade Racial, salientou a importância de a Cidade receber uma especialista em saúde pública.

“Hoje tivemos a grande oportunidade de ouvir uma palestrante ilustre, uma desbravadora no tratamento da doença que acomete a comunidade negra. Não tenho dúvida que todo esse conhecimento será de grande valia para todos os presentes, sejam profissionais de saúde, de educação ou a sociedade de forma geral”, concluiu Diná.

ANEMIA FALCIFORME

A anemia falciforme é uma doença genética e hereditária, predominante em negros, mas que pode se manifestar também nos brancos. Ela se caracteriza por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e elástica e adquirem o aspecto de uma foice (daí o nome falciforme). 

A doença dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e, consequentemente, a oxigenação dos tecidos. Para ser portador da doença, é preciso que o gene alterado seja transmitido pelo pai e pela mãe.

TRATAMENTO

O portador da anemia falciforme precisa de acompanhamento médico constante. Quanto antes iniciado o tratamento, melhor será o prognóstico. Embora não tenha tratamento especializado, isquemias cerebrais de repetição (terapia de transfusão regular), terapia da quelação de ferro para aqueles que recebem transfusões com frequência e acumulam ferro no organismo e, mais raramente, a troca de hemácias (eritrocitaférese). 

A doença pode ter cura através do transplante alogênico de medula óssea. No entanto, cabe lembrar, a maior parte das pessoas não é candidata ao procedimento pelos critérios de elegibilidade (características que a pessoa deve apresentar para se encaixar no perfil de saúde adotado pelo médico que coordena o tratamento).