Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

Referência em reabilitação de animais, Aquário tem infraestrutura para casos complexos

Publicado: 30 de junho de 2020
7h 00

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DE ANIVERSÁRIO

MARIA ESTELA GALVÃO

Desde que foi inaugurado, em 1945, o Aquário recebe animais marinhos feridos, debilitados ou doentes. O local é uma importante referência para o encaminhamento de aves e tartarugas, muitas vezes levadas pela Guarda Municipal, Polícia Ambiental, banhistas ou surfistas. O dia a dia dos profissionais dedicados à reabilitação desses bichos é desafiador, mas conta com a segurança de uma completa infraestrutura formada por laboratório de patologia clínica, equipamentos e um centro cirúrgico.

“Não são todas as instituições que têm nosso aparato cirúrgico. A anestesia para a retirada de casos graves de tumores em tartarugas, por exemplo, é complexa”, garante o médico veterinário Gustavo Henrique Pereira Dutra. Em quantidade menor, o Aquário também recebe mamíferos marinhos.

O laboratório de patologia dá agilidade e precisão a diagnósticos, permitindo definir os procedimentos seguintes com mais rapidez. O aparelho para anestesia e um equipamento multiparamétrico possibilitam tratar dos animais com segurança.
“Passamos por uma reforma estrutural importante e podemos fazer procedimentos mais invasivos e monitorar os animais de forma mais adequada”, ressalta Dutra. Enquanto o aparelho de anestesia controla a quantidade adequada de anestésico inalatório, o multiparamétrico é fundamental para acompanhar suas condições cardíacas e hemodinâmicas.

“Realizamos eletrocardiograma e o animal é avaliado durante todo o procedimento, incluindo a saturação (quantidade de oxigênio transportado pelo sangue), pressão arterial e medição de temperatura”.

O veterinário Gustavo Dutra ao lado de equipamento anestésico e multiparimétrico

O biólogo e coordenador do parque, Alex Ribeiro, explica que o tempo de recuperação varia de animal para animal e, conforme a gravidade do caso, pode ser de poucos meses a até um ano.  “O protocolo para fibropapiloma (doença caracterizada por múltiplos tumores) é de 12 meses. Já tivemos casos em que o tumor não voltou e soltamos o animal de volta ao seu meio natural”, contou ele. Atualmente, 15 animais estão em tratamento, sendo que 10 devem passar por cirurgia.

Entre as aves levadas ao local estão pinguins, atobás, albatrozes e gaivotas. Já entre as tartarugas, as mais comuns são as verdes, principalmente as jovens. E grande parte delas ingeriu lixo plástico no mar. “É um trabalho difícil, porque o material plástico fica compactado no intestino do animal”, esclarece o veterinário.

De acordo com ele, as tartarugas marinhas têm hábitos de vida fixos. Nascem em ilhas oceânicas, vivem no mar até chegar aos 30 centímetros e, depois, passam a se alimentar em áreas costeiras, tendo contato com lixo e poluição.

DESAFIO DE PESO

Dutra destacou um caso considerado emblemático para o trabalho de reabilitação de animais no parque, ocorrido em março de 2011, e que desafiou a equipe de profissionais. Uma tartaruga-de-couro, conhecida como tartaruga gigante, pesando 360kg e com cerca de 50 anos de idade, recuperou-se após nove dias em tratamento. 

Seu tamanho chamou muito a atenção e exigiu uma verdadeira operação para que fosse levada ao Aquário. O animal, um macho, foi levado ao parque porque, ao ser encontrado nadando no canal do estuário, estava adernando à direita.

“Confirmamos um quadro de enterite (infecção intestinal) e adotamos uma técnica de fluidoterapia (soro) e antibióticos”, recordou o veterinário.

Evoluindo para melhora, o animal precisava ser devolvido ao mar, porque até mesmo dentro do parque poderia sofrer lesões em função do seu tamanho. “A tartaruga era muito grande, foi levada e devolvida ao mar com a ajuda de um guindaste”.

BALANÇO

Nos últimos 10 anos, 200 tartarugas foram acolhidas e tratadas no Aquário, sendo 76 recuperadas. Enquanto boa parte tinha corpos estranhos no trato intestinal, outra apresentava doenças como fibropapilomatose, pneumonias e parasitismo. Há ainda as que foram atingidas por embarcações.

Entre as aves atendidas no Aquário, dos 395 exemplares, 158 foram recuperados nos últimos 10 anos. A maioria (61%) apresentava alterações gastrointestinais. Nos demais casos, problemas respiratórios e ortopédicos.

Soltura de tartaruga

Nesta quarta-feira (1º), a série especial apresenta o Aquário de Santos como pioneiro em educação ambiental relacionada à vida marinha.

Siga as reportagens anteriores

 

Fotos: Isabela Carrari e Arquivo Secom