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Rainha do Congo visita Santos e deixa mensagem humanitária

Publicado:
14 de março de 2019
18h 08
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Uma reverência à ancestralidade a partir da história de luta dos povos africano e brasileiro e à toda construção de sua identidade. A Rainha do Congo Diambi Kabatusuila, da etnia bantu Bena Tshiyamba, de Bakwa Indu, esteve em Santos nesta quinta-feira (14) apresentando a soberania das palavras em seu discurso humanitário, de paz e união. Nas escadarias do Palácio José Bonifácio (Centro), onde foi recebida por representantes da Prefeitura e de religiões de matrizes africanas, ela mostrou simplicidade e afetuosidade ao cumprimentar um a um, com seu cetro real nas mãos e sua coroa repleta de búzios.

Esta é a primeira vez que uma rainha de origem bantu vem em território brasileiro depois de 400 anos. No Salão Nobre que leva o nome do único prefeito negro eleito, mas que não tomou posse - Esmeraldo Tarquínio, a rainha falou, sobretudo, de amor em pouco mais de 30 minutos. “Eu percebo a história dessa municipalidade. Muitos dos meus ancestrais passaram por aqui. Temos que agradecê-los. Apesar da dor da escravidão, eles conseguiram passar o conhecimento do povo africano, que é amor. Sem amor ninguém conseguiria sobreviver a isso. Somos descendentes das pessoas que inventaram a ciência e todos esses conhecimentos foram da observação da natureza. Somos produtos dessa história. Não podemos deixá-la para trás. É preciso ouvi-la, só assim conseguimos transformar o mundo”, disse ela.

Ressaltou ainda a criatividade brasileira. “Vocês reinventaram a África aqui. Acredito que o Brasil pode ser um exemplo, que irá ter a liderança da inovação social, de como viver em conjunto com todas as nossas diferenças. É preciso considerar a diferença como uma riqueza. E o Brasil é um dos países mais poderosos pela sua diversidade”.

O vice-prefeito Sandoval Soares ressaltou a importância da Cidade e destacou personalidades negras que fizeram história, como Esmeraldo Tarquínio e Quintino de Lacerda. “Temos uma comunidade negra atuante que faz reviver toda essa cultura da raça que ajudou no crescimento do País e da Cidade”.

A rainha estava acompanhada de comitiva formada pela princesa Laurence, da República Democrática do Congo, e do príncipe Randy, de Benin, entre outros africanos. Sua visita ao Brasil começou em 27 de fevereiro - ela já passou por Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro e São Paulo.

 

Rainha quebra protocolo e ensaia passos de capoeira 

 

Ela distribuiu abraços, fez questão de apertar a mão de todos que a aguardavam no Museu Pelé e quebrou o protocolo, ensaiando passos e gingado da dança com alunos do mestre Márcio, coordenador do Projeto Capoeira Escola. A rainha Diambi Kabatusuila Diambi Mukalengna Mukaji wa Nkashama, da República Democrática do Congo, conquistou visitantes, pais e alunos de capoeira, além de funcionários do museu, no início da tarde desta quarta-feira (14).

Sorridente, ela aplaudiu os alunos, posou para várias fotos e cumprimentou o coordenador e os alunos, entre eles crianças, uma cadeirante e um jovem cego. “Fiquei com dor na barriga quando vi a rainha”, confidenciou Daniel dos Santos Souza, 11 anos, acrescentando ter ficado feliz em poder se apresentar para uma comitiva estrangeira. “Muito legal, ainda mais por ser uma rainha.” Marcos Peres dos Santos, 7 anos, sentiu o peso da responsabilidade. “Foi uma sensação diferente”, afirmou, dizendo que dança capoeira “desde que tinha fralda”.

 

ESTAÇÃO BISTRÔ

 

Na sequência, rainha e comitiva almoçaram no Estação Bistrô Restaurante-escola, que oferecer duas opções bem brasileiras: filé de sobrecoxa assado, creme de cebola, arroz branco e batatas coradas, e picadinho com legumes e arroz branco. De sobremesa, pudim de leite com calda de laranja e farofa de paçoca.

“Gostei de tudo. Tudo muito bom”, afirmou a rainha em português, passando a mão na barriga e reconhecendo ter comido além da conta. “A carne, então... .” Coube ao secretário de Turismo Odair Gonzalez apresentar o projeto do restaurante-escola, desenvolvido em parceria com o Ministério do Turismo e a Universidade Católica, que oferece qualificação na área de Alimentos & Bebidas a jovens em risco social. “Esse programa é muito importante para oferecer oportunidades aos jovens”, afirmou ela, dizendo-se impressionada com a iniciativa e os resultados já auferidos.

Na sequência, a comitiva retornou ao Museu Pelé, onde apreciou a Linha do Tempo, que mostra um pouco da história do Rei do Futebol, de  sua infância em Três Corações (MG) e Bauru (SP), cidade que o viu crescer, até a conquista da Bola de Ouro, em 2014, prêmio concedido pela primeira vez a um jogador fora da Europa. 

 

Fotos: Isabela Carrari

 

 

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