Parceria Seas e Unimes garante tratamento dentário à população de rua
A parceria entre a Secretaria de Assistência Social (Seas) e a Faculdade de Odontologia da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) garantiu um dia especial na última sexta-feira (29): o tratamento dentário para a população em situação de rua. Das 8h às 16h, 65 pessoas passaram pela clínica acadêmica da Rua Conselheiro Saraiva, 31. A presença na clínica foi espontânea.
Os participantes foram convidados entre os usuários do Centro Pop, da prefeitura, e instituiçôes voltadas ao segmento vinculadas à Seas. Devido ao sucesso, a experiência deve ser repetida em novembro. Foram feitas de simples retiradas de tártaro a tratamento de canal. Só que a atividade foi além do cuidado com a saúde, tanto para paciente quanto para estudantes e professores.
Rosimeire Chagas está morando no Albergue Noturno e não sabe dizer quando foi a última vez que sentou na cadeira de um dentista. Ela iniciou tratamento de canal no dente da frente e aposta que quando o trabalho estiver concluído sua autoestima vai melhorar. “Vou ter um sorriso mais bonito, isso vai melhorar a aparência e aumentar a chance de conseguir emprego”.
Especial
Priscila Amaral é aluna do 4º ano da faculdade e se emocionou ao falar do atendimento. “Acordei ansiosa e estou feliz por cuidar de pessoas tão especiais, que passaram por experiências tão fortes”. Fabiola Liberato, também estudante, confessou que acordou com medo. “Não sabia como lidar com eles, o que ia encontrar. E no fim atendi uma pessoa maravilhosa”.
Em outro box de atendimento, o morador de rua Erivaldo Pereira de Lima calculava que há dez anos não cuidava da boca. Ele não comia do lado esquerdo e extraiu o dente que o incomodava. “Tenho medo de dentista, mas hoje tive coragem e resolvi o problema”.
Victor Rios Franco, aluno do 4º ano, também se emocionou: “Não é todo paciente que fala de problemas tão graves. Com certeza vou refletir sobre a vida”. O que chamou a atenção de Mariana Lopes, do 3º ano, foi a elevada carência emocional da população em situação de rua. “Eles querem atenção, conversar, falar as dificuldades que enfrentam”.
Motivação
O professor de cirurgia Rui Sampaio afirmou que o trabalho com esse público motivou os alunos. Revelou que todos os 45 estudantes do 3º e 4º anos compareceram à atividade, que vem sendo planejada desde maio. “Nossa capacitação não é só técnica; temos uma preocupação social e essa experiência se soma a outras, que dão uma formação humana ao estudante”. Segundo o professor de periodontia, José Sani Neto, o laboratório Pfizer doou antibióticos e antiinflamatórios para atender o público.
Foto: Susan Hortas