Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

Parceria reforça atendimento a dependentes químicos

Publicado: 2 de setembro de 2013
15h 21

A temperatura média de Santos, em agosto, foi de 12.8 graus, mas em alguns dias chegou a 7,6 graus, segundo dados da Coordenadoria de Defesa Civil do Estado. Ao invés de agasalho e cobertor, André Luiz de Souza enfrentou o frio das ruas fumando crack. A droga não o impedia de sofrer com a baixa temperatura, mas a obsessão pelo vício fazia com que ele não pensasse em outra coisa: conseguir mais uma pedra e queimá-la.

Geisa Brandão conheceu as drogas aos 13 anos, ainda em casa, em Ubaitaba (BA). Após a morte da avó, caiu literalmente no mundo. Andou 778 km, de sua cidade natal até Sete Lagoas (MG). No caminho teve acesso a outros entorpecentes. Conheceu a maconha, cocaína e crack. De Minas Gerais veio de carona até São Paulo, onde passou parte da vida na cracolândia. Depois de ser violentada algumas vezes, se vestia e se comportava como homem para não ser abusada, mas em algumas ocasiões se prostituiu para manter o vício.

Jorge Barbosa Santos Junior mora em Cubatão e por 10 anos usou de tudo para ‘viajar’. E sem sair de casa, nunca morou na rua. Começou fumando maconha, depois cheirou cocaína, provou as “balas sintéticas”, mas quando foi apresentado ao crack, as outras drogas perderam importância. O mesmo aconteceu com o trabalho. “Perdi bons empregos por causa do crack”.

Três pessoas com histórias diferentes, mas que se cruzaram na Cristolândia, programa da Igreja Batista que ajuda na recuperação de viciados. O projeto existe há quatro anos, está em outras sete localidades e somente em Santos conta com parceria de uma administração municipal. Na segunda (2) foi o lançamento oficial, que incluiu a apresentação de um coral de voluntários e a despedida de 27 pessoas, que partiram para Itaquaquecetuba, onde iniciam a reabilitação.

Conheça o projeto

- Origem

O Ministério Cristolândia surgiu em 2009. Um ano antes, o diretor da Junta de Missões Nacionais da Igreja Batista, pastor Fernando Brandão, conheceu a realidade de quem vive na cracolândia, em São Paulo, e decidiu ajudá-los.

- Primeira

Em março de 2010 foi inaugurada a primeira unidade, na Capital, oferecendo corte de cabelo, banho, alimentação e culto religioso.

- Santos

A unidade funciona 24h e tem acomodações para 28 homens. Quinze voluntários trabalham no local. A parceria inédita com a prefeitura é feita pelo Comitê Gestor para o Enfrentamento do Crack e outras Drogas.

- Etapas

Para entrar na Cristolândia, a pessoa precisa querer sair do vício. No imóvel do Gonzaga eles permanecem até 21 dias, tempo necessário para decidirem se querem de fato iniciar a reabilitação. Quem prossegue, passa até 2 meses em Itaquaquecetuba. A fase seguinte dura entre 6 e 8 meses, em Bauru; por fim, até um ano, em Cajobi. Os assistidos contam com assistência de psicólogos, terapeutas ocupacionais e psiquiatras. Quando necessário são encaminhados para tratamento médico na rede pública de saúde.

- Trabalho

Uma atividade importante é recuperar a autoestima e conseguir reinserir o assistido na sociedade. A parte religiosa é uma ferramenta para alcançar esses objetivos.

- Histórico

Até agora o projeto cuidou de aproximadamente 3.800 usuários de drogas, sendo que cerca de 1.500 retornaram para suas famílias e são acompanhados periodicamente pelo projeto Celebrando a Recuperação, também da Igreja Batista. Atualmente, cerca de 400 pessoas estão em processo de reabilitação nas 8 unidades. - Futuro Nos próximos dias deve começar a Missão Belém, um projeto com a Diocese de Santos e a ong Estrela do Mar, para atender 58 homens usuários de drogas. O serviço funcionará na avenida Rodrigues Alves, 311.

Iniciativa é parte do ‘Recomeçar’

“Fazer obra é importante, mas a maior obra não é feita de areia e cimento, é com programa para cuidar das pessoas”. Dessa forma o prefeito Paulo Alexandre Barbosa anunciou a parceria com a Igreja Batista para viabilizar o projeto Cristolândia, em Santos. O programa faz parte de uma rede de ações sociais, o projeto Recomeçar.

O prefeito ressaltou que a responsabilidade é ainda maior com a população em situação de rua, porque já perdeu família e emprego. “A coisa mais fácil é reprimir, mas nossa opção é cuidar, porque esse é o caminho que gera mais benefícios, capaz de devolver a pessoa para a família, a sociedade”.

O vice-prefeito Eustázio Alves Pereira Filho lembrou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) relata que de cada 10 dependentes químicos, três se recuperam e com a ajuda da família. Sem esse laço familiar, a reabilitação da população em situação de rua é mais delicada. Eustázio revelou que o governo mantém conversas com a igreja Batista para trazer a Santos o Projeto Casa Rosa, voltado às mulheres viciadas em drogas.

O pastor Humberto Machado, coordenador para o Estado de São Paulo do programa Cristolândia, recebeu com entusiasmo o interesse pela Casa Rosa. “A droga virou uma epidemia e vamos ajudar quem quiser sair dessa situação, não importa a cidade”.

<i>Assista ao vídeo e conheça um pouco mais o projeto</i>