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Lazer e religiosidade marcam o Embaré, bairro de Santos que completa 146 anos

Publicado:
16 de setembro de 2021
11h 19
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vista geral do bairro, a partir da praia, com muitos prédios ao fundo e a igreja ao centro. #paratodosverem

ANDRESSA LUZIRÃO

Faça chuva ou faça sol, da janela do apartamento da professora de espanhol, Maria de Fátima Abreu, 58 anos, o que ela vê é o recorte de algumas das principais referências de Santos quando se trata do bairro Embaré, que completa 146 anos nesta quinta-feira (16), unindo religiosidade, lazer e comércio com a atmosfera residencial. É na perspectiva do 1º andar, onde mora na Avenida Bartolomeu de Gusmão, que ela contempla a arquitetura neogótica do importante marco turístico religioso que é a Igreja de Santo Antônio do Embaré; o Centro de Paquera do Embaré (CPE), com seus quiosques 24h; a conexão com a praia, que dispensa comentários.

“A vista da minha janela é um cartão-postal. Me sinto abençoada por morar ao lado de uma igreja tão linda, a qual frequento. Afora o CPE, que é boa opção de gastronomia e lazer”, diz ela, que viveu na Venezuela e está há 23 anos em Santos, onde está a maior parte de sua família. Bairro movimentado, bonito, agradável e com serviços por perto, como farmácia, supermercado, feira, entre outros, é como ela define o local que escolheu para morar há 11 anos. 

Outra singularidade que é possível ver de sua janela é a Estátua de Santo Antônio, no canteiro central da avenida da praia. “É uma imagem bonita e acolhedora, tem a fonte e, às vezes, as pessoas põem velas. Gosto muito de morar aqui. Posso chegar tarde da noite sozinha tranquilamente, pois é muito iluminado”.

CARACTERÍTICAS E ESTRUTURA

Quadrilátero compreendido entre a praia, os canais 4 e 5 e a Avenida Afonso Pena, o Embaré ainda conta com os curiosos prédios tortos da orla; a ciclovia; a pista de skate da Praça Palmares; o comércio da Avenida Pedro Lessa e os inúmeros bares e restaurantes de gastronomia diversa, como mexicana, japonesa e nordestina. 

A infraestrutura urbana de que dispõe o bairro o caracteriza como um dos mais nobres para se morar em Santos. Conta com uma unidade básica de saúde, na Praça Cel. Fernando Prestes s/nº, e quatro escolas municipais - Cidade de Santos, Florestan Fernandes, Olívia Fernandes e Margareth Buchmann.

A cabeleireira Helena da Silva Costa, 71, mora há 36 anos no bairro, que também é seu local de trabalho. “Tenho salão há cerca de 20 anos, com clientela daqui e de outros bairros. O Embaré é ótimo”.  

DA IGREJA PARA A FORMAÇÃO DO BAIRRO

A formação e o desenvolvimento do bairro estão ligados à Igreja Santo Antônio do Embaré, construída como capela em 1875 pelo Barão do Embaré, Antônio Ferreira da Silva. Após sua morte, em 1881, ela ficou abandonada, até que, 20 anos depois, foi reconstruída. Em 1915 foi ampliada, tornando-se uma igreja. Em 1922, foi entregue aos frades capuchinhos que, em 1930, iniciaram a construção da atual basílica.

O aniversário é celebrado em 16 de setembro, mas a ocupação da área é anterior, desde a época em que os moradores da Região Central vinham à praia por orientação médica. Por isso o nome Embaré, que vem do tupi-guarani Mbaràa-Hé, que significa "águas que curam".

“Até a década de 1930, as pessoas só tomavam banhos de mar como tratamento médico, com receita e tudo. Só a partir da década de 40 que o uso da praia se volta para o turismo. O Embaré vai se desenvolver bastante a partir das décadas de 60 e 70”, explica o historiador José Dionísio de Almeida, da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), contando que uma das curiosidades do bairro é o fato de a família do Rei do futebol, Pelé, ter morado na Av. Almirante Cochrane.

CENTRO DE PAQUERA DO EMBARÉ

Com quiosques de lanches funcionando 24 horas, o Centro de Paquera do Embaré (CPE) se consolidou como tradição não só do bairro, mas de todos os santistas e turistas. O nome surge com taxistas que usavam rádios (PX) e tinham como ponto de reuniões os trailers de lanches. “Eles criaram a Central de PX do Embaré. Mais tarde, com a popularização do termo e muitos encontros amorosos que geraram relacionamentos, inclusive casamentos, a própria população apelidou o CPE de Centro de Paquera do Embaré”, afirma o permissionário do quiosque Paullu's Lanche, Paulo Roberto Almeida de Sá, 50, que há 38 trabalha no local.

Apesar de não morar mais no bairro, ele nasceu e foi criado ali, e acompanhou a transformação dos quiosques ao longo do tempo, com instalações mais modernas e melhor estrutura. “Comecei quando ainda eram trailers iluminados por lampião. Após isso, vieram os trailers mais modernos, com caixa d'água e iluminação à bateria. Depois de alguns anos, vieram os primeiros quiosques e hoje estamos na quarta geração com essa linda estrutura atual”.

Paulo conta que tem clientes que o acompanham desde o primeiro trailer e que hoje trazem filhos e netos para lanchar em seu quiosque. “E todos os finais de semana recebemos turistas que acabam sempre voltando, pois ficam encantados com nossos lanches diferentes, atendimento personalizado e pela nossa linda vista. É um bairro muito acolhedor, familiar e com comércio próximo aos moradores”.

 

Galeria de Imagens

Paulo Roberto Almeida de Sá segura um prato cheio de comida, com o quiosque ao fundo. #paratodosverem
Paulo Roberto Almeida de Sá
Maria de Fátima Abreu posa para foto dentro de casa, com a cortina aberta. Bem à frente se vê a fachada da Igreja de Santo Antonio do Embaré. #paratodosverem
Maria de Fátima Abreu
Estrutura dos quiosques com mesas e algumas pessoas sentadas. #paratodosverem
vista geral da praça diante da igreja, com santo antônio de costas para imagem e flores em primeiro plano. #paratodosverem
O altar principal da igreja no seu interior. #paratodosverem
vista aérea de trecho do bairro, com praça, igreja e prédios. #paratodosverem