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Jovens conseguem primeiro emprego com ajuda da prefeitura

Publicado: 7 de novembro de 2000
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Dificuldades econômicas, problemas familiares, precária situação de moradia. Com itens como estes no currículo, muitos jovens carentes encontram obstáculos, quase que intransponíveis, para entrar no mercado de trabalho. A vontade é muita, mas falta quem dê aquele empurrãozinho, quem acredite no potencial e estenda a mão, oferecendo uma oportunidade a este tipo de adolescente. Vítor Costa Santos, 18, e Rafael Santana Nascimento, 18, podem ser considerados privilegiados. Os dois rapazes inscreveram-se na Seprod – Seção de Capacitação Profissional, Geração de Renda Alternativa e Apoio ao Desempregado – da Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania (Seac), passaram pelo processo de seleção e foram admitidos no Curso de Iniciação Naval, promovido em parceria com a Praticagem. Durante quase sete meses, eles aprenderem as noções básicas de funcionamento de um barco (elétrica, mecânica e laminação) e também como agir no ambiente de trabalho. Depois do curso, eles ficaram cadastrados, aguardando a oportunidade de começar no primeiro emprego. Para Rafael, que cursa o segundo colegial na Escola Estadual João Otávio e mora no Morro da Penha com os pais e dois irmãos, a chance veio há um ano e meio, quando foi indicado para trabalhar na Mesquita Transportes e Serviços S/A, dentro do Projeto Educação pelo Trabalho. Ele começou no Setor de Comunicações (onde entram e saem todos os documentos para os terminais alfandegários) e já foi promovido para o Setor de Compras, Almoxarifado e Recebimento. Cada coisa nova que eu aprendo é mais uma atividade que eu posso dizer que eu já sei. Eu quero e vou ter uma situação melhor, afirma, com ares de quem pretende ser um vencedor. Vítor também fez o curso na Praticagem, há dois anos, e no próximo dia 15 completa cinco meses que foi admitido pela Mesquita. Ele lembra que foi uma surpresa quando o telegrama chegou na sua casa, no Conjunto Dale Coutinho, no Jardim Castelo, onde mora com a mãe e o irmão. Eu já tinha perdido as esperanças. Eu fiz a entrevista em dezembro do ano passado, com cinco jovens e sabia que só eram quatro vagas. Nem imaginei que ainda seria chamado. O garoto, que faz o primeiro colegial e sonhava em ser jogador profissional de futebol (treinou no Brasil, Portuários e até no Santos) está procurando aproveitar a oportunidade e acha que com esforço e dedicação vai se dar bem. Quando eu estava parado, minha mãe se preocupava muito com as influências da rua, não deixava eu sair de casa. Agora ela sabe que eu estou conhecendo gente nova e que não tenho tempo para arranjar encrenca, ressalta. E este é o principal objetivo da Seprod: oferecer perspectivas para adolescentes em situação de risco. Mais de cem jovens já foram indicados para empresas desde que o projeto começou. EDUCAÇÃO PELO TRABALHO O projeto desenvolvido pela Mesquita em parceria com a Prefeitura, entidades e universidades, oferece 30 vagas para jovens, que permanecem, em média, quatro anos, passando por sete promoções e faixas salariais. Dependendo do desempenho e da oportunidade, eles são absorvidos pelo quadro efetivo da empresa. Os adolescentes começam com um salário mínimo e chegam a ganhar R$ 347,00, além do registro em carteira, assistência médica e hospitalar, alimentação, transporte e seguro de vida. Quem termina o colegial e é aprovado no vestibular da Unimonte, ganha bolsa de estudo de 100%, durante todo o curso, se não for reprovado. Desde a implantação da iniciativa, há cinco anos, 13 jovens já foram contratados pela transportadora. O projeto é a menina dos olhos da Mesquita. Quando a gente vê eles saindo daqui, formados, encaminhados ou mesmo crescendo dentro da empresa, sabemos que o nosso trabalho foi bem feito, confessa a psicóloga e coordenadora do projeto, Patrícia Souto de Oliveira.