Fams restaura negativos de vidro e resgata imagens perdidas da história de santos

Uma parte da história de Santos que se supunha definitivamente perdida está sendo recuperada pela Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams): 70 negativos de vidro, material mais antigo da história da fotografia, que retratam cenas inéditas da Cidade no início do século passado, registradas pelo santista José Marques Pereira. O material pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos (IHGS) e foi encontrado casualmente, disperso e malconservado, pela presidente Carolina Ramos. As imagens precisavam ser recuperadas e, por intermédio de amigos, conheci o trabalho da Fams, comentou, ao receber, esta semana, 38 negativos. O restante encontra-se em fase final de avaliação pela Fams. Os negativos de vidro registram, entre outras imagens, o interior dos Casarões do Valongo na época em que funcionavam no prédio a Prefeitura e a Câmara, o órgão do Mosteiro de São Bento e a construção de um trecho do cais. Encontramos inclusive o negativo original da famosa foto da Casa de Banhos de José Cabalero, na Rua XV de Novembro, em 1889, imagem já reproduzida em diversos livros sobre Santos, surpreendeu-se Marcelo Mathias, responsável pelo setor iconográfico da Fams, que durante seis meses trabalhou na recuperação das peças. Há também imagens da fachada dos Casarões do Valongo ainda com a estrutura completa, Conjunto do Carmo, Centro Português, interior da capela do Mosteiro de São Bento, Avenida Ana Costa ainda em terra batida, vista panorâmica da Cidade pelo Monte Serrat, as famílias de Manoel Tourinho e Cesário Bastos, além de diversos grupos de autoridades. De acordo com Marcelo Mathias, o trabalho de restauro envolve higienização, estabilização, acondicionamento e conservação. O material é muito antigo e delicado. Cada chapa de vidro que reveste os negativos deve ter, no mínimo, 100 anos. Juntamente com cada negativo, foi entregue à presidente do instituto uma cópia de contato (tipo de negativo, semelhante a uma foto em preto e branco), de forma a preservar o material original. Os negativos restaurados foram reproduzidos e hoje integram também o acervo da Fams. A recuperação desse material é de extrema importância, tanto para o instituto como para a Cidade, frisou Carolina Ramos. IHGS Fundado em 1938, o Instituto Histórico e Geográfico de Santos é uma entidade cultural que visa preservar, divulgar e fornecer conhecimento sobre a história da Cidade. Presidido pela escritora e poeta Carolina Ramos, o instituto dispõe de duas bibliotecas: uma infantil e outra com cerca de 25 mil títulos. Há também pequenos museus sobre cultura indígena, coleção de xícaras, acervo dos combatentes de 32, pedras minerais e arqueologia, entre outros. Carolina Ramos é ainda presidente da União Brasileira dos Trovadores.