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Família acolhedora em Santos reforça afeto com a chegada de ‘Bia’

Publicado: 29 de maio de 2023 - 19h07

“Ela chegou dia 23 de dezembro do ano passado como presente de Natal”. É assim que Priscila Resende Farias, inspetora de alunos na rede da Prefeitura de Santos, descreve a primeira vez em que Bia (nome fictício), agora com um ano, entrou na vida dela e dos filhos Mateus, 25 anos, e Karen, 20.

Priscila conta que a criança é a primeira recebida após se inscrever no Família Acolhedora no Município. Foi em junho do ano passado, quando uma pessoa próxima falou sobre a existência e o funcionamento do programa.

O Dia Mundial do Acolhimento Familiar é lembrado nesta quarta-feira (31) e visa engajar a população nessa prática solidária. O Programa Família Acolhedora funciona como lar temporário para crianças ou adolescentes em situação de abandono ou afastados da família. A ideia é que a criança tenha todos os cuidados que um lar proporcione até que retorne para seus laços originais ou vá para adoção.

“No mesmo dia em que ouvi sobre o programa, liguei para saber como fazia para participar e, quando cheguei em casa, expliquei para meus filhos”, diz Priscila acrescentando que já havia tentado trabalhar como voluntária em hospital pediátrico e ajudar uma criança que vivia em abrigo em outras ocasiões, mas as tentativas não evoluíram na época.

Agora, a situação foi diferente. Há cinco meses Priscila e os filhos dividem o tempo e a atenção com Bia, que chegou com um sorriso no rosto e conquistou a todos em um instante. “Ela chegou rindo e eu, chorando de nervoso. Devia ser o contrário. Mas ela chegou sorrindo, dominou a casa, mamou, dormiu a noite inteira. Fez tudo como se já morasse aqui. Foi uma entrada na família muito tranquila”, relembra.

Além dos filhos e da família, a menina tem toda uma rede de apoio que conta com vizinhos e até amigos do trabalho. Todos se uniram para ajudar e apoiar a escolha de Priscila.

“Ela trouxe união. A minha chefe fez aniversário e, de presente, antes mesmo da bebê chegar, pediu fralda, lenço umedecido, coisas de bebê em vez de algo para ela. Então, você movimenta amor”.

Perguntada sobre o que deseja para o futuro da menina, Priscila responde emocionada: “Que a família dela fique bem, que possa recebê-la, ser feliz e que ela tenha muito amor, alegria, paz, que seja muito amada. Ela merece isso. O que posso é amá-la enquanto estiver comigo”.

MAIS DOSES DE AMOR

Afeto, atenção, cuidados e um lar. Então, se você tiver isso para oferecer, saiba que já pode fazer parte da lista de famílias acolhedoras de Santos.

Para participar, procure os responsáveis pelo serviço na Seção Família Acolhedora, na Rua Dino Bueno, 16 (Ponta da Praia), ou ligue para (13) 3251-9333. Eles farão um cadastro e uma entrevista para avaliar se o seu perfil se encaixa nas regras do programa. Haverá ainda visita à residência do interessado para conhecer os familiares, confirmando se todos concordam em receber a criança ou adolescente. O objetivo é garantir que a criança seja acolhida por todos e receba afeto.

“Não precisa ser uma família da forma tradicional. Pode ser uma pessoa que tenha disponibilidade em acolher desde que tenha uma rede de apoio para ajudar. A família acolhedora fica com a criança enquanto ela não pode ficar com a família de origem por diversos motivos, como vulnerabilidade, negligência, violência, entre outras razões. Em vez de ir para um abrigo, a criança terá um atendimento individualizado”, explica a assistente social e chefe da seção do Família Acolhedora, Carolina Medeiros dos Santos. 

PRÓXIMOS PASSOS

Os participantes também realizam um curso nos quais recebem orientações sobre cuidados e serviços oferecidos pelo Município para atender as crianças e adolescentes. É possível  definir a faixa etária que se quer acolher.

Ao final do treinamento, serão pedidos documentos como RG, CPF, antecedentes criminais, atestado de saúde física e mental, por exemplo. Uma comissão com integrantes até do Poder Judiciário avalia o cadastro do voluntário para confirmar se está apto para o acolhimento temporário. 

A iniciativa pode durar até 18 meses. Nesse tempo, os pais biológicos também são auxiliados para que tentem superar os motivos que levaram à separação familiar. No final do prazo, a criança ou adolescente retorna à família de origem se houver condições. Caso contrário, seguem para adoção. 

“Tenho certeza que vai doer. A gente se apega. Mas vale muito participar. Você ama seus filhos porque são seus filhos. Mas as pessoas não acham que você pode amar alguém de fora como se fossem seus filhos. Mas amor é amor. Participar do Família Acolhedora traz sensações e momentos que você nunca vai esquecer. É passageiro o tempo que ela está aqui, mas o que ela fez na vida da gente não é passageiro”.

E Priscila nem pensa em parar. “Quero aumentar a idade das crianças. Porque é um amor que a gente ainda vai ter mesmo depois que a Bia for. Então, porque não um próximo e próximo? A pessoa na qual me inspirei já acolheu mais de 30 crianças. Enquanto eu tiver saúde, quero levar adiante. Falo que tenho uma parede para encher de fotos deles. Não tenho pretensão de parar”, finaliza Priscila.

Critérios para participar

  • Morar em Santos
  • Ter mais de 18 anos
  • Possuir disponibilidade de tempo 
  • Dedicação e afeto com crianças e adolescentes
  • Não estar incluído no Sistema Nacional de Adoção
  • Não ter antecedentes criminais
  • Estar em boas condições físicas  e psicológicas
  • Todos os membros da família precisam aceitar o acolhimento.

CONTATO

Endereço: Avenida Dino Bueno, 16, Ponta da Praia 

Telefone: (13) 3251-9333

Atendimento: Segunda a sexta, das 9h às 17h.

Esta iniciativa contempla o item 10 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Reduzir Desigualdades. Conheça os outros artigos dos ODS.