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‘Eu me Defendo Inclusivo’ capacita e empodera mulheres de Santos

Publicado: 4 de dezembro de 2021 - 19h12

Em meio ao curso ‘Eu me Defendo Inclusivo’, neste sábado (4), Maria Rodrigues Teixeira, 53 anos, cadeirante desde 2018, revelou na Arena Santos, local da atividade, o seu maior sonho atualmente: conseguir se levantar até a cadeira de rodas após uma eventual queda.

Sensível à demanda apresentada, o professor Fábio Abreu, técnico desportivo em caratê da Secretaria Municipal de Esportes (Semes), se comprometeu a falar com professores que são referência nessa área para trazer essa técnica já no próximo curso. Maria Rodrigues (foto) se emociona ao falar do sonho. “É o meu maior, porque eu sei que se não tiver ninguém em casa eu fico no chão. É chato você depender sempre de alguém. E eu sempre fui muito livre, muito independente, e como aconteceu comigo tudo de forma recente ainda não caiu a ficha”.

Na turma do período da tarde, o técnico Abreu, com assistência da sua esposa, a lutadora de muay thai e jiu-jitsu Allane Pinheiro, ensinou uma série de técnicas para Maria Rodrigues e outras três cadeirantes: Roseli Madeira Fontes, 64, e Laís Serrão, 41, ambas jornalistas, e Maria de Fátima da Silva Salgueiro, 68, comerciante aposentada.

“Esse curso é sempre baseado em uma situação problema: em como sair daquela situação e mais uma técnica complementar para a mulher ganhar tempo, para poder se distanciar e pedir socorro. Geralmente é uma saída de agarramento, uma técnica de imobilização, e uma técnica contundente, que atinge áreas sensíveis do corpo do homem”, explicou o professor.

SEGURANÇA

Laís Serrão disse que já estava mais segura. “A gente se sente muito indefesa porque está na cadeira de rodas e a gente não sabe como se defender. Ele ensinou técnicas que vão ser muito úteis para a gente”, comentou.

Roseli Fontes, que tem degeneração progressiva na musculatura do tórax e dos braços em decorrência da poliomielite, afirma que se preocupa com a dor que sente nos ombros e trabalhou as técnicas na aula para agir de forma eficiente em uma hipótese de agressão. “Se alguém vier me atacar pelos ombros eu vou ter que ser muito rápida para me livrar dessa dor. Eu não posso pensar que aqui está doendo. Se eu pensar que está doendo eu não vou conseguir me esquivar”.

Maria Salgueiro revela que não teve contato anterior com técnicas de defesa pessoal. “Eu preciso, pois eu ando muito sozinha. Gostei muito de poder me defender”.

SUCESSO

O ‘Eu Me Defendo Inclusivo’ é uma iniciativa da Coordenadoria de Política para Pessoas com Deficiência (Codep), da Coordenadoria de Políticas para a Mulher (Commulher) e da Coordenadoria da Diversidade (Codiver). No período da manhã, o curso atendeu outras 15 pessoas, incluindo uma deficiente visual e uma transexual.

A coordenadora de Política para Pessoas com Deficiência, Cristiane Zamari, destacou o sucesso que a atividade atingiu. “Esse curso mostra o quanto a gente quebra paradigmas em relação às nossas limitações enquanto mulher e ser humano. Está sendo muito surpreendente, está sendo emocionante ver como essas mulheres conseguem absorver fácil os ensinamentos e como elas têm vontade de se empoderar e se defender”.

Fotos: Carlos Nogueira