ECA inspira oficina de desenho no Ceconv Santa Maria

Uma folha de papel no chão, lápis coloridos na mão e, ao invés de desenhos infantis, 15 crianças de 9 a 13 anos abordam o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Moradoras do Morro Santa Maria, aos poucos os traços inocentes revelam as violações de direitos que sofrem.

Desde março, a oficina é realizada no Centro de Convivência (Ceconv) do bairro pelo professor de Filosofia, José Carlos Marques Aleixo. “Uma vez eu pedi para cada um desenhar uma casa. Ao final, perguntei se faltava algo na casa e a resposta de uma delas foi que faltava tudo”.

O Ceconv é um equipamento da Secretaria de Assistência Social (Seas) e a chefe da unidade do Morro Santa Maria, Ana Flávia Mello Ramos, conta que, aos poucos, os problemas aparecem, como o trabalho infantil. “É criança tomando conta de criança, fazendo atividade doméstica”. Ela explica que esses casos são informados ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Nova Cintra para as famílias serem acompanhadas.

Diálogo

O professor José Carlos Aleixo norteia suas aulas na história da arte e no filósofo e matemático grego Pitágoras (571 A.C.). “Começo a dar noções de democracia, ensino que é necessário votarmos para tomarmos decisões coletivas e também que a maioria vence”.

O professor enfatiza que isso é necessário, porque existe ofensa entre as crianças. “Aqui (Ceconv) trabalhamos a convivência e mostramos que as coisas acontecem por meio do diálogo”.

Opiniões

“Eu nunca tinha ouvido falar do ECA, mas acho legal o que o professor explique”, Rafael Augusto de Souza Silva, 10 anos.

“O professor fala do ECA que é para a gente se respeitar e ensina que, conversando, a gente se entende”, Gustavo Rodrigues, 9 anos.

“Eu gosto de desenhar, de falar do ECA e gosto de quando o professor fala que tenho direito de brincar”, Wendel Gabriel dos Santos, 10 anos.

“Deu pra aprender bastante coisa, como o direito que as crianças têm de brincar”, Rayssa Silva Frazão, 9 anos.

Foto: Isabela Carrari