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Conexão Itabaianinha: ligação com cidade sergipana transforma Santos na terra da oportunidade

Publicado: 8 de outubro de 2022 - 13h12

Luigi Di Vaio

Dois mil cento e quarenta quilômetros. Em uma linha reta, imaginária, esta é a distância que separa Santos de Itabaianinha, cidade de aproximadamente 42 mil habitantes do Vale do Rio Real, em Sergipe. Neste 8 de outubro, Dia do Nordestino, a homenagem ao povo de todos os estados nordestinos pode ser contada mostrando um pouco da ligação especial dos itabaianinhenses que transformaram a ‘terra da caridade e da liberdade’ em terra da oportunidade.

Assim como muitos nordestinos, vários filhos da cidade sergipana escolheram Santos para viver, trabalhar e empreender. Há exemplos, de sobra, de pessoas que, depois de muitos anos com carteira assinada, abriram seus próprios negócios por aqui - especialmente no ramo do comércio.

Membro da Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial e Étnica, da Prefeitura de Santos, e representante da Associação Santos-Nordestinos, Gildo Andrade destaca não haver números atualizados de nordestinos morando em Santos.

Os últimos dados estatísticos são do censo do IBGE de 2010, apontando que os nordestinos representavam quase 69% do total de 408 mil imigrantes de outros estados brasileiros vivendo nas nove cidades da Baixada Santista.

Em Santos, desde 2019, graças a uma lei municipal, celebra-se a Semana Municipal da Consciência Nortista e Nordestina de Santos que, este ano, desenvolve campanha de arrecadação de alimentos.

'ESPERANÇA'

Danilo de Jesus Oliveira passou a metade dos seus 34 anos em Santos. Nascido em Itabaianinha, ele trabalhou 13 anos como cozinheiro em um tradicional bar do Embaré. Há seis meses, Passarinho, como todos o conhecem, é dono de seu próprio estabelecimento, um bar e lanchonete no Estuário.

Passarinho lembra com carinho do tempo em que passava bordando e costurando lençóis em sua terra natal. Ao perceber que seu futuro não era na cidade natal, ele decidiu vir sozinho para Santos. "Foram dois dias de viagem de ônibus".

A impressão inicial daqui foi excelente: "Gostei logo de cara. Hoje sou um apaixonado por Santos", conta ele, hoje pai de duas santistas: Julia, de 10 anos, e Lorena, de 4, fruto de seu casamento com a também nordestina Jaine.

A saudade dos familiares, especialmente da mãe Maria Genilza, é amenizada com as videochamadas pelo celular. "Além das oportunidades de mudar de vida, Santos representa para nossa família uma oportunidade de dar boa educação para nossas filhas", diz orgulhoso o empresário, cujo irmão Diego também abriu um negócio em Santos, na Vila Mathias.

APOIO

Outro filho de Itabaianinha que escolheu Santos para viver e hoje empreendedor na Cidade é Edson de Jesus Silva, ou simplesmente Jesus, de 34 anos, dono de um bar no Gonzaga. Depois de trabalhar 14 anos como garçom em um bar no Embaré, Jesus abriu em janeiro deste ano seu próprio estabelecimento, com seu sócio Maycon, também nordestino.

"Meu primo já trabalhava em Santos e eu vim em busca de emprego", diz o empresário, que é casado com a pernambucana Rosilvania e pai da santista Sophia, de 10 anos. "Santos é uma cidade boa para viver e para trabalhar".

RECOMENDADO

"Vai para São Paulo, que lá é bom", ouviu Maicon Soel dos Santos, de 32 anos, garçom de um tradicional bar no Embaré. E assim ele fez. A primeira parada de Maicon, nascido em Tobias Barreto, cidade a 30km de Itabaianinha, foi a capital paulista (São Paulo), mas ele não se adaptou à metrópole, onde ficou apenas três meses trabalhando.

Perguntado sobre a razão de gostar de morar em Santos, Maicon responde sorrindo: "Casei três vezes aqui, tive três filhos, com três mulheres diferentes", revela o pai de Luna, de 3 anos, Valentina, 6, e Nycollas, 9.

Quem divide a entrega dos pedidos dos clientes com Maicon é Creversson Santos Santana, de 20 anos, também nascido em Itabaianinha. Ele trabalhava com estamparia na terra natal e está há quase um ano em Santos. "Acho que vou ficar muito tempo por aqui", diz ele.

O jovem ainda não teve tempo de retornar para a cidade de origem e poder contar as novidades para a mãe, Maria Raimunda, que vive da venda de galinhas na feira, e para o pai Gidevaldo, que trabalha com cerâmica. Por enquanto, Creversson os mantêm informados com as videochamadas.

POVO GUERREIRO

Para Gabriel Domingos dos Santos, de 20 anos, os tempos de cuidar os animais em uma fazenda em Itabaianinha ficaram para trás. Também trabalhando como garçom em Santos, ele conta que os conterrâneos têm muita curiosidade sobre como é a vida em Santos. "Digo que aqui a gente trabalha bastante e a Cidade é muito bonita".

Sobre o sentimento de ser nordestino, Gabriel define: "Somos um povo guerreiro, trabalhador e honesto". A esta definição, Pedro Luiz de Souza, que frequenta o bar onde ele trabalha, acrescenta: "Os nordestinos são muito alegres. Não reclamam, são muito divertidos. Muitos dos que trabalham aqui ou já passaram por este bar, tenho como amigos".

Toninho é considerado ‘pai’ e incentivador

Não é exagero apontar que muitos itabaianinhenses de Santos veem em Antonio Almeida Cardoso, ou simplesmente Toninho, um pai ou incentivador. Mais de 20 filhos de Itabaianinha, entre garçons e cozinheiros, já o tiveram como patrão.

Nascido na cidade baiana de Castro Alves, Toninho, que apagou nesta semana 71 velinhas, também construiu uma história de muito trabalho em Santos.

Hoje dono de um tradicional bar no Embaré, Toninho começou a vida em Santos na construção civil. Se orgulha de ter trabalhado como ajudante na casa onde viria a morar Pelé, no canal 7. Não demorou muito, foi parar na cozinha de uma lanchonete no Boqueirão.

Foram 11 anos entre panelas e frigideiras até começar a empreender, inicialmente entrando com 20% em uma sociedade em um restaurante. 

O trabalho duro, uma característica forte entre os nordestinos, resultou em seu próprio negócio, em 1987, na Avenida Epitácio Pessoa, atrás da Basílica Santo Antônio do Embaré.

Hoje, estabelecido em outro ponto do Embaré, Toninho vê com orgulho as trajetórias sua e de sua equipe. "É uma satisfação vê-los trabalhando ou abrindo o próprio negócio, fico feliz com isso. E Itabaianinha acabei conhecendo graças a eles. É muito bonita".

Fotos: Carlos Nogueira. 

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Passarinho serve cliente em estabelecimento. #paratodosverem
Passarinho: "Sou um apaixonado por Santos".