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CONCULT - NOTA DE POSICIONAMENTO SOBRE 1ª PARADA DO ORGULHO LGBT DE SANTOS

Publicado: 18 de dezembro de 2018
23h 37

Conselho Municipal de Cultura de Santos -
Concult
Lei Municipal n 1367/94
 

Nota de Posicionamento sobre 1ª Parada do Orgulho LGBT de Santos

 

"Resistimos no dia a dia

 para ver chegar o dia

que prevaleça o respeito,

 igualdade e esperança."

Quebrada Queer

 

 O Conselho de Cultura de Santos vem manifestar posicionamento sobre a realização da 1ª Parada do Orgulho LGBT de Santos.

Dia 30 de Setembro de 2018 foi uma data histórica para toda comunidade LGBT de Santos e região. Encerrando a Semana da Diversidade Sexual, o Centro Histórico e o porto de Santos receberam a primeira edição da esperada Parada do Orgulho LGBT, uma manifestação da diversidade por igualdade de direitos que acontece em várias cidades do mundo. Com extensa programação de atividades culturais e artes integradas, veio para atrair a atenção para o combate contra o preconceito de identidade de gênero e orientação sexual, além de promover sua visibilidade,  pautas e demandas.

O Concult agradece a Prefeitura Municipal,através da Secretaria de Desenvolvimento Social, Secretaria de Cultura, Secretaria de Turismo, Vereadora Telma de Souza e demais setores no apoio e logística para realização da Parada, assim como ao Sesc Santos, Dois Pontos Filmes, MODI Intelligence Brasil e Ludmilla Rossi pela valorização da cena artística LGBTQIA+ local, a  parceria com Cabify e Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo e imprensa local por somarem na luta contra a intolerância e acreditarem no potencial e importância histórica da ação.

O Conselho de Cultura parabeniza a Associação da Parada do Orgulho LGBT de Praia Grande,  a Prefeitura de Praia Grande e os seus apoiadores que realizaram dia 23 de Setembro de 2018 sua 1ª Parada que recebeu um público de 70 mil pessoas. Ações como essas impulsionam as discussões sobre direitos humanos e movimentam  cultura, turismo e a economia de toda região. 

Registre-se, a pedido de membros do grupo de trabalho da Parada e artistas presentes na reunião ordinária do Conselho de Cultura, uma nota de repúdio em relação à condução das ações da coordenadoria da Comissão Municipal da Diversidade Sexual de Santos, organizadora da Semana Municipal da Diversidade Sexual.

Silvino, artista presente e membro da Parada trouxe relato sobre o evento  "Concha Queer" , que contava com shows de Naat Matt, Banda 2D1 e Silvino que também produziu o evento, ocorrido em parceria com a SECULT, dia 17 de Maio 2018 em homenagem ao Dia Mundial de combate à LGBTfobia na Concha Acústica Zéllus Machado, seguido de bate papo entre público e artistas com mediação da Coordenadora da CMDS. Na função de mediadora, após os shows subiu ao palco junto com a representante da OAB e negaram que a Lei nº 3397 do Vereador  Antônio Carlos Banha (também conhecida como Escola Sem Partido, Lei da Mordaça) fosse cerceadora ou representava retrocesso como foi citada durante a apresentação, após inúmeras manifestações do público para que o debate acontecesse, foi dito: “Não vai ter debate”, gritando ao microfone enquanto o público pedia a palavra na platéia, o evento encerrou sem o bate papo que a CMDS foi convidada a mediar gerando repercussões negativas no público, em redes sociais,  além de publicação por um músico santista Raphael Fernandes Lopes Farias em texto do 14º Encontro Internacional de Música e Mídia:  “Dissonâncias, diálogos conflitantes e questionamento entre o poder público e a voz do público.”

“O evento intitulado Concha Queer, serviu de termômetro local para percebermos que há uma cena fora da capital paulista em que existem pessoas organizadas, engajadas e potencializando o debate sobre essa temática na busca por conquistar visibilidade; que os aparelhos públicos podem ceder seus espaços quando solicitados e servir de plataforma inclusiva e que proporcione acessibilidade para os movimentos LGBTQI+; que as Comissões, representantes da sociedade organizada frente ao poder público, ou de órgãos competentes, nem sempre estão dispostas a dialogar de maneira inclusiva e ouvinte com os grupos aos quais representam; que é necessário fazer mais e mais eventos que mostrem que se reunir em torno de uma manifestação artística é um ato político e que todo o espetáculo artístico pode ser um fórum de debate”.

 A Coordenadoria após convidar o Conselho de Cultura para a produção  da 1ª Parada de Orgulho LGBT de Santos, tornou-se inacessível e não dava retorno sobre as responsabilidades assumidas,  a CMDS foi convidada nesta e nas reuniões anteriores deste Conselho, para apresentação e avaliação da Parada, mas nunca compareceram ou enviaram preposto para diálogo e tendo inclusive que se retratar publicamente, pois em documentos oficiais difamou membro do Concult durante o processo de organização, onde também  silenciou e maltratou LGBTs presentes nos encontros ordinários da Comissão.  Realizou reuniões fechadas para  excluir LGBTs  que se dispuseram a ajudar voluntariamente o evento, não compareceram nas atividades organizadas pela própria Comissão durante a Semana da Diversidade, sendo ainda relatados  casos de omissão, falta de transparência, invisibilização e não encaminhamento de demandas e solicitações feitas em reunião, abuso de poder e censura ao grupo Baixada Hip Hop, impedindo a apresentação de coreografia inédita.

  Na 1ª Parada do Orgulho LGBT de Santos, ação que encerrou a  7ª Semana da Diversidade Sexual, e cujo tema era  “ACEITAR É UMA ESCOLHA SUA! RESPEITAR É DEVER  DE TODOS!", não houve acolhimento à diversidade por parte de sua coordenadora, que demonstrou despreparo técnico na realização de eventos, falta de interlocução, ética profissional e respeito para com  os voluntários, artistas, público e servidores da Prefeitura, em atos incompatíveis como representante da diversidade e da administração.

 A nota de repúdio é aprovada em votação unânime, para a Sra. Taiane Miyake.   

Uma moção de repúdio é proposta ao Sr. Caio Panaguiel, DJ e organizador da Parada LGBT de São Vicente, pela postura agressiva e anti profissional com mulheres,  LGBTs, e voluntários envolvidos, além de prejudicar o andamento da ação, e se recusar a dar espaço para as atrações subsequentes durante a Parada de Santos, conforme acordado.

A Parada teve início no Valongo, com exposições, gastronomia, música,  performances,  e a roda de conversa: “LGBTs em Santos: pautas, demandas & compromissos”, abordando questões como empregabilidade e legislações, com mediação da apresentadora oficial da Parada, Renata Carvalho,  atriz santista e transfeminista fundadora do MONART (Movimento Nacional de Artistas Trans), atualmente em cartaz com "Domínio Público" e "O evangelho segundo Jesus, Rainha do céu", peça que vem sofrendo ataques, ameaças e censuras desde 2016. A pauta da moradia social para LGBTs expulsos de casa foi elencada.

Com  carros de som, as Mães pela Diversidade abriram o desfile em homenagem ao Banho da Dorotéia, com a presença da bateria "Entre Elas" composta só por mulheres, o Bonde das Drags seguiu pelo percurso na Rua Tuiuti, até a Praça da República na apoteose, onde grupos de dança, slams, expositores de moda, artesanato e música ocuparam diferentes ruas e praças no Centro Histórico e Porto de Santos com um festival de artes integradas e cultura LGBT que contou com participações de Silvetty Montilla, Slam dos Andradas, Batalha do Caoz, Banda Isso e as Biscates, Natt Maat, Silvino, Flávia Bianco e trio, Banda Surr, Grupo Impacto, Vogue com Allan Maximiniano, performances de Matheus Lípari e Lokas de Favirenz e exposições de Dyego Costa. E ainda as performances drag de Punk Klo; Magenta, Ariella Ka; Bella Vellaskez; Ariellen Louzada; Jessica Lautner; Yessica Lafront; Mohara Benatto; Ayalla Dvainer;  Arthuria; Pesada e Juliana Sempre Bella e ainda xs Djs Nicolly Leblanc; Lorena Lauritzen; Litha Afrontite, Nanne Bonny, Lais Calasans, Dj Betinho Neto, Lucas Franz; Gabriel Nandi, Lucas Medeiros; Wictor Farias, Léo Costa, Hanna Sampazzi; Laysa Huana; Duo Vênus; Kaue Pozzani; Ady Francys; Paul Henry; Gabriel Oliveira; João Sykes; Marcos Rodrigues, entre outros DJs, A Praça é nossa e Bloco do Tinder, dança com o grupo Baixada Hip Hop, encerrando a programação com o espetáculo teatral “ZONA!” do grupo O Coletivo com participações de  Rafaelly Oliveira e  Dj Cigano no bairro do Paquetá.

A Primeira Parada do Orgulho LGBT de Santos teve mais de 12 horas de atividades foi dedicada Im memoriam à Dudu do Gonzaga e contou com a presença de  milhares de pessoas.

Produzido para 1ª Parada do Orgulho LGBT de Santos, para registro e posterioridade o

 

 MANIFESTO "A LIBERDADE É ARCO ÍRIS!"

 

"Somos homens e mulheres, mulheres e homens livres por nossa militância no amor: nossa rebeldia, peculiaridade, estranheza e encantamento são baseadas no amor! Pelo amor fomos perseguidos, pelo amor discriminados, em nome desse radical amor que agora ousa dizer todos os nomes nos fortalecemos e unimos! Fazemos a mais profunda revolução: a rebeldia pelo corpo, pela reinvenção dos afetos, pela subversão da carne com todas as cores da sensibilidade! Somos amantes do mar, do cais, do porto, da terra que mais sofreu com a ditadura e primeiro conheceu o flagelo da Aids e a intolerância pelo desconhecimento do seu contágio: somos descendentes diretos de Pagu, Plínio Marcos e seus personagens malditos, em nossa pele e alma correm as veias das putas, dos putos, dos cabarés centenários, da boca imortal , do amor de marinheiros, das lésbicas pioneiras, das travestis que faziam arte anonimamente sob o risco da prisão e saciavam seus desejos sob o peso das trevas de todas tiranias. Saudemos antes de tudo as mulheres, homens e transformistas que proporcionaram a liberdade de nossos atos com o martírio de seus sonhos e vidas: saudemos aos que tombaram em nome dessa nossa libertação! Ser LGBT é o mais antigo gesto revolucionário, resistamos a alienação, aos padrões instituídos, resistamos a tentação da normatização pelo mercado, pelo consumo e a cooptação da mídia conformista! Somos herdeiros de Oscar Wilde, Andre Gide e Jean Genet: devemos estar altura de nossas responsabilidades

festejando sim!

Mas sem nunca perder a noção do combate diário contra qualquer preconceito nas ruas, nas universidades, nos ambientes de trabalho, no cotidiano burguês que por tanto tempo nos tentou sufocar.

Já agora comemoramos 50 anos de Stonewall e quarenta anos do jornal Lampião e só nesse momento a libertária terra do cais do porto conheceu o grito de uma primeira Parada!

Por quê esperamos tanto?

Onde nos acovardamos para nunca mais estancar nosso brado!?

É chegada a hora de nossa afirmação de respeito: respeito ao nosso abraço, nosso beijo, aos nossos laços, aos nossos modos e ao nosso comportamento.

Todo silêncio é reacionário!

Exijamos respeito além do politicamente correto,

além da festa, além do carnaval, muito além das eleições,

nossa causa é todo dia, toda hora, todo instante

em que nos neguem a liberdade a nossos poros, mucosas,

ardores, todo amor que houver em nossas vidas e para todo sempre visível, desnudado, iluminado sem medo.

Nossa revolução enfatizo se faz pelos lábios!

Todos lábios mais poderosos de nosso corpo e espírito que

qualquer munição antiga dos seres bem comportados!

Beijemo-nos porque o arco íris daqui

pra frente será multicor, transformado, travestido para que mil primaveras floresçam a partir dos nossos passos destemidos!"

 

Flávio Viegas Amoreira

Poeta

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