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Com esperança renovada, famílias começam mudanças para conjunto na Nova Cintra

Publicado: 13 de fevereiro de 2019 - 16h19

Andressa Luzirão

Janelas abertas do apartamento localizado no primeiro andar do Bloco A, do Conjunto Habitacional Santos – R, no Morro Nova Cintra. Na porta de entrada, um tapete com desenhos de flores e um vaso com a planta Espada de São Jorge revelam que ali já tem gente morando. A faxineira Solange Adelino da Silva Trindade, 57 anos, desde segunda-feira (11) respira novos ares ao lado do marido Ítalo, 58, desempregado, do filho Luiz Ricardo, 34, e da cadela Branquinha que, com seu jeito espevitado, também aparenta estar alegre com o novo lar.

A casa própria parece ainda ser um sonho para a proprietária, que sempre viveu de aluguel, perdeu o barraco onde morou por 11 anos no morro, após vendaval, e enfrentou dias difíceis em razão de um câncer no pâncreas, ainda em tratamento. Há três anos, a família morava em alojamento. “A gente ainda não acredita. Estamos felizes por saber que não corremos mais risco. Quando morávamos na favela, a casa caiu em cima da gente por causa da chuva. Ainda bem que havia duas portas e conseguimos sair correndo. Aqui não, já teve ventania e nada aconteceu”.

Cômodo por cômodo, ela mostrou o apartamento de dois dormitórios, banheiro, área, cozinha e sala, onde, sob um rack, colocou a imagem de Nossa Senhora Aparecida com uma foto da família – os dois filhos homens, a nora e o marido. “Agora torço para meu outro filho e minha nora conseguirem o lugar deles. Muito bom saber que tem um canto que é da gente”, se emociona, contando a ansiedade dos dias que antecederam a mudança. “Não dormi a semana toda, não conseguia. Muito bom arrumar cada coisinha. Moramos em casas boas, mas era aluguel. Aqui é outra emoção. Estou muito feliz mesmo”.

Primeira a se mudar, com o marido e o gato Bebê, no último dia 7, a aposentada Conceição Souza Oliveira, 60, é só gratidão. “Todos nós merecemos uma moradia digna. Deus me deu esse privilégio de conseguir mais essa vitória, de sair de onde estava para vir para cá, para ter paz e um pouco de conforto. Tenho pouco a pedir e muito a agradecer a Ele”.

A munícipe, curada de um câncer no seio, morou oito anos no alojamento e, antes disso, em área de risco. “Por tudo o que passei e estou aqui, é só fé e benção. Só tenho a agradecer a Deus”. À reportagem, ela disse, ao se despedir, orgulhosa da nova casa: “Agora voltem para tomar um chá”, brincou.

Famílias e novas unidades

São, ao todo, 128 famílias contempladas com as unidades entregues pela Prefeitura e pelo Governo do Estado para atender apenas pessoas que vivem em áreas de risco dos morros. De um e dois dormitórios, sala, cozinha, área de serviço, banheiro e garagem, os apartamentos estão em área de 18.404,51m² e compreendem a primeira etapa de edificação deste conjunto construído pela CDHU. Mais 198 unidades estão previstas, sem prazo de conclusão.

As primeiras famílias são as 28 do alojamento para pessoas de áreas de deslizamento dos morros nos últimos anos. Outras 21 removidas do Morro do Tetéu, em 2012, que recebiam auxílio-aluguel; 20 retiradas pela Defesa Civil de áreas de risco e que também recebiam auxílio financeiro; mais 59 que ainda vivem em áreas de risco no Monte Serrat, José Menino e Caminho Santa Maria (Morro da Boa Vista).

Fotos: Susan Hortas

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