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Com diabetes, santista alerta: "aceitar a doença é fundamental para o tratamento"

Publicado: 14 de novembro de 2022 - 9h50

Luigi di Vaio

Aceitar a doença e procurar o tratamento, se possível precocemente. Essa é a mensagem da funcionária pública municipal Jenifer Pavani Ribeiro neste dia 14 de novembro, Dia Mundial do Diabetes. Ela descobriu a doença - diabetes mellitus tipo 1 - aos 9 anos, mas a negligenciou. Como resultado da negação e não tratamento, ela, hoje aos 41 anos, tem cegueira total da vista esquerda, apenas 8% de visão na vista direita, problema pulmonar e apenas 35% da função renal.

Atualmente trabalhando na Escola Radical de Surfe Adaptado, no Posto 3, Gonzaga, Jenifer se reinventou, após ter ficado com sequelas do diabetes. E na Escola Radical, ela não apenas trabalha: uma vez por semana, pega a prancha e é uma das alunas que vão ao mar enfrentar as ondas.

O SUSTO QUE MUDOU A VIDA

A doença foi descoberta aos 9 anos. Dentro de casa, os pais cuidavam para que a filha tivesse alimentação adequada. O problema era fora de casa. Com o grupo de amigos, ela, que negava ter diabetes e tinha vergonha da doença, "descontava" comendo tudo de errado e que era proibido para ela - principalmente hambúrgueres.

"Tudo desencadeou quando tomei um susto muito grande, e tive sequelas desse episódio", lembra Jenifer. "Eu era uma menina muito alegre, mas mudei meu jeito. E comecei a emagrecer muito. Tudo o que eu comia, devolvia. O fator emocional desencadeou o meu diabetes".

A vergonha de encarar a doença dentro da escola foi decorrente da perda rápida de peso. A menina bochechuda saiu de cena para dar lugar a uma jovem muito magra. Em um passado não tão distante, perder peso rapidamente era relacionado a Aids, mesmo entre os amigos mais próximos na escola. Era o gatilho para a jovem Jenifer negar o diabetes. "É uma doença muito silenciosa. Por isso, é importante o diagnóstico e o enfrentamento".

Já adulta e formada em Pedagogia, ela trabalhava como oficial de administração na Policlínica Ponta da Praia, quando teve a primeira crise de hemorragia em um dos olhos. Foi para a frente do espelho e viu seu corpo "deformado". Um exame posterior detectou o que ela já sentia: micro-hemorragia na vista.

Outro episódio que ilustra a perda da visão foi quando um dia, se preparando para correr, o prédio de cor branca que ficava perto de onde morava simplesmente "desapareceu", saiu de sua visão por excesso de luminosidade.

Um dos médicos que a atendeu queria aposentá-la aos 25 anos, mas ela não aceitou a proposta. Decidiu prestar concurso público e enfrentar as dificuldades. Começou trabalhando na Procuradoria Fiscal do Município (Profisc), depois foi para a Secretaria Municipal de Esportes (Semes).

EQUILÍBRIO, O DESAFIO

Ela já praticava esporte adaptado, mas foi o contato com o professor Cisco Araña que a levou para o mar. A baixa visão era um desafio a mais para se equilibrar na prancha. Mas com muita boa vontade e dedicação, superou essa etapa, como qualquer onda no mar.

"Ela é muito dedicada e, pra nós, é fundamental ter ela aqui, não só trabalhando, atendendo o público, mas também surfando", atesta o surfista Cisco Araña, responsável pela primeira escola pública de surfe adaptado no mundo. "Ela mostra uma força de vontade muito grande. E, mais do que surfar, é importante ela estar aqui e socializar com as outras pessoas".

SUPERAÇÃO CONTADA EM LIVRO

Fazer com que outras pessoas com diabetes não sofram o que ela sofreu foi um dos motivos que levaram Jenifer a escrever o livro ‘Vida que segue - um propósito para inspirar e motivar’, lançado de forma independente este ano, no qual conta também como foi ficar dois anos sem sair de casa, no período mais crítico da pandemia de covid-19. 

Para comprar o livro, basta entrar em contato com a autora pelo perfil @jeny_pavani (no Instagram) ou na página do Facebook Vida que Segue. 

COMO DETECTAR

É importante realizar os exames de rotina para quem nunca teve o diagnóstico de diabetes. O exame contém glicemia de jejum e hemoglobina glicada. Para a detecção de diabetes, o teste de glicemia é aplicado em Santos nas policlínicas, com médico clínico, médico de família ou enfermeiros.