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Capoeira é motivação para mudança de hábito

Publicado: 31 de março de 2009
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Luta, dança, cultura popular e muita música. Esta mistura resulta na capoeira, arte registrada como patrimônio imaterial desde 2008 pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que em Santos vem ganhando novos adeptos e provocando transformações de vida, por meio dos cursos oferecidos gratuitamente pelas secretarias de Cultura e de Esportes. São mais de 410 alunos de todas as idades, entre eles, vários deficientes físicos. Para começar, é preciso ter ginga, um movimento básico que identifica a atividade física, conforme a explicação de dois professores da prefeitura, os mestres Chocolate e Cícero. Sem ginga não tem capoeira, contou Cícero. Dado o primeiro passo, os alunos aprendem os movimentos de esquiva, os golpes traumatizantes e os desequilibrantes. Com isso, o aluno desenvolve a inteligência e a coordenação motora, já que a rapidez dos movimentos estimula a agilidade para se defender. Como mestre Chocolate costuma definir, essa arte é um jogo de perguntas e respostas com início, mas sem fim. É uma das poucas modalidades que podem ser criadas sempre, explicou o professor, que busca o vínculo participativo com seus alunos e o trabalho do equilíbrio emocional. SUPERAÇÃO Aluno e monitor das aulas do mestre Chocolate no Centro de Cultura Patricia Galvão, Luiz Carlos Lopez, de 32 anos, é uma dessas pessoas que encontraram na capoeira a motivação que faltava para mudar de vida. Com a paixão declarada por essa arte, ele teve força de vontade para transformar os antigos vícios em disciplina, determinação e respeito pelo próximo. E foi logo na primeira aula, há cinco anos, que Lopes sentiu essa necessidade. Quase briguei feio com um aluno na roda de capoeira, mas algo dentro de mim não deixou acontecer, e assim fui me modificando e conseguindo me reintegrar à sociedade, explicou o rapaz casado e pai de dois filhos. "Considero-me um novo homem. A capoeira é contagiante e se puder, vou resgatar pessoas que passam pelos mesmos problemas que já sofri, contou Lopes, que atualmente se dedica aos estudos, trabalha para uma empresa terceirizada na área de limpeza e ainda integra a seleção santista de capoeira. Esse trabalho de superação é endossado por mestre Chocolate, que afirma o crescimento do seu aluno: Ele é um dos mais dedicados. O amor pela arte é tanto, que a família toda foi contagiada. Sua esposa Nildete conta que o filho Rafael, de 15 anos, melhorou da bronquite, e o Gabriel, de apenas quatro, já apresenta mudanças no equilíbrio: Quando ele leva um tombo, cai diferente dos outros meninos, porque tem mais flexibilidade. QUEBRA DE BARREIRAS Muito mais do que uma aula é a capoeira inclusiva, que acontece duas vezes por semana no Complexo Esportivo e Recreativo Rebouças. É um aprendizado sobre o convívio com as diferenças entre 35 alunos, sendo 16 com diversas deficiências. Todos em constante harmonia sob coordenação de mestre Cícero. A musicalidade e os movimentos são os principais fatores que atraem os alunos especiais. Eles ficam fascinados, definiu Cícero, que nota a melhora da socialização e da transformação do corpo: Ficam mais comunicativos, ágeis e sentem-se integrantes da capoeira. É um trabalho muito gratificante, em que todos saem ganhando. Maria Aparecida de Lima é uma das mães que relatam o desenvolvimento do filho após o início da aula inclusiva. O Matheus está mais comportado, tranquilo, entende melhor as coisas e ganhou mais equilíbrio, contou ela, que aproveita a hora de aula do filho para fazer um pouco de hidroginástica. A farmacêutica Cristina Marra iniciou a capoeira há pouco tempo, mas já absorveu a lição de respeito pela diferenças em sala de aula. Sua filha é prova disso. Com apenas oito anos, Stephanie faz capoeira há cinco e tem a oportunidade de crescer sem o preconceito. No início, Stephanie tinha receio de se aproximar dos alunos especiais, mas hoje é uma companheira carinhosa, que entende as limitações do ser humano, segundo mestre Cícero. Ela chega a puxar os amigos para jogar capoeira, contou a mãe Cristina, enquanto aguardava com empolgação a sua vez de entrar para a roda de capoeira inclusiva. VAGAS NA ZONA NOROESTE Para as pessoas interessadas nas aulas de capoeira, no próximo dia 7 haverá inscrição para 30 vagas no Centro Esportivo da Zona Noroeste (Rua Fausto Felício Brusarosco s/nº, Castelo), das 8h às 12h e das 14h30 às 17h30. Para se inscrever, é necessário apresentar RG, comprovante de residência e duas fotos 3x4. E antes de iniciar as atividades, deverá ser apresentado exame médico. O público pode checar também se há vagas remanescentes no Centro Esportivo M. Nascimento Júnior (Rua João Fraccaroli s/nº, Bom Retiro) e no Rebouças (Praça José Rebouças s/n, Ponta da Praia). Já os cursos oferecidos pela Secult no Centro de Cultura Patricia Galvão (Avenida Pinheiro Machado, 48 - Vila Mathias), Centro Cultural do Morro do São Bento (Rua São Luiz s/nº) e na Sociedade de Melhoramentos da Encruzilhada (Praça Champagnat, 1) estão com inscrições encerradas.