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Bebê que nasceu com um quilo e esôfago descontínuo tem alta

Publicado: 2 de julho de 2001
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A última sexta-feira (dia 29) foi um dia de muita alegria para o casal Rosimeire Aparecida Miranda, dona de casa, e Daniel Ferreira da Costa (coletor de lixo) e para toda a equipe multidisciplinar do Hospital e Maternidade Silvério Fontes, que trabalhou de forma integrada e eficiente para salvar um recém-nascido de altíssimo risco. O bebê João Vito Miranda Costa, de 87 dias, agora pesando 2 k e 180 gramas, obteve alta à tarde e pôde voltar para casa nos braços da jovem mamãe de 18 anos, depois de quase três meses de hospitalização, recebendo cuidados especiais, em razão dos problemas que apresentou desde que nasceu, no dia 2 de abril. Rosimeire, natural da Praia Grande, estava em Santos visitando a mãe e teve um parto emergencial cesariana, complicado por crise de eclâmpsia, (hipertensão específica de gravidez), que leva a gestante a ter convulsões. Além de ser prematuro (gestação de seis meses e meio), com apenas l k e 70 gramas, o que o colocava numa situação de alto risco, João Vito ainda nasceu com graves problemas de saúde, entre eles, o esôfago sem continuidade. Foi submetido a duas delicadas intervenções, entre elas uma esofagoplastia e uma gastrostomia, essa última feita dois dias depois do nascimento, quando foi colocada a sonda para passagem do alimento (leite), diretamente para o estômago. Em razão da falta de continuidade do esôfago, a alimentação pela boca era impossível. A segunda operação – esofagoplastia - realizada no dia 7 de maio, quando João Vito tinha um mës e 5 dias, demorou 4 horas e corrigiu o problema de má formação do esôfago, que precisou ser interligado "numa cirurgia de alta complexidade", explica o diretor- técnico da Maternidade Silvério Fontes, Marco Sérgio Duarte, elogiando a equipe que cuidou do bebê durante todo esse tempo. O que surpreendeu os profissionais é que esse caso de má formação apresenta alta taxa de mortalidade, com pouquíssimas chances de sobrevivência. E havia ainda o agravante de ser bebê prematuro de baixo peso. Foi um desafio e houve muita eficiência da equipe, resume o diretor técnico da Maternidade. O Silvério Fontes já ganhou os títulos de Maternidade Segura, do Governo do Estado, e Hospital Amigo da Criança, da Unicef. As intervenções foram feitas pelo cirurgião Ricardo Guidoni, auxiliado pelos médicos da equipe pediátrica, Adriane Sakae Tsujita e Flávio Saad. TRABALHO GRATIFICANTE Com acompanhamento diário de médicos, enfermeiras, auxiliares, João Vito, como outros tantos bebês prematuros e de alto risco que nascem na Maternidade Silvério Fontes (atualmente com média de 230 partos/mês), ganhou o carinho especial de toda a equipe, especialmente do médico José Roberto de Oliveira Martins, pediatra que fez o acompanhamento diário. A auxiliar de enfermagem Maria José dos Santos Rodrigues, que diz amar a sua profissão, explica que existe muita integração na equipe da maternidade. Todos vibram quando um recém-nascido de risco vence a batalha e sobrevive. A média do hospital é de 20% de bebês de risco ao mës, estima relembrando de um outro caso vitorioso em que o bebê nasceu com 650 gramas e sobreviveu. João Vito não será esquecido, garante, citando mães que enfrentaram problemas semelhantes e, agradecidas, costumam trazer os filhos para os funcionários reverem. O fato também é ressaltado pela enfermeira Sandra Regina Oliveira, citando o trabalho como gratificante. Já para a mamãe Rosemeire, que não escondia a felicidade de levar seu bebê para casa (ela mora na Vila Sônia, na Praia Grande), a equipe do hospital não é só nota 10. Todos eles merecem nota mil, disse relembrando o período em que ficou longe do bebê, mas fazendo visitas diárias e vendo os cuidados que recebia. Ele também foi um vencedor. E o nome dele (Vito), escolhido pela avó, é também de vitória. Ela admite que teve muito medo que ele morresse, mas ao mesmo nunca perdeu as esperanças. Rezei muito para Deus e na Igreja Assembléia de Deus que freqüento, houve correntes de orações. Ela também teve um bom atendimento na Maternidade. Após ter sido submetida à cesária foi encaminhada, no pós operatório, para a UTI do PS Central, que é a unidade de referência da Maternidade, dispondo de equipamento mais sofisticado. Retornou dois dias depois ao Hospital Silvério Fontes e depois de alguns dias recebeu alta. A reinternação aconteceu há 10 dias, para poder acompanhar os últimos dias do filho na Maternidade e receber as orientações para cuidar do bebê, que ainda está com a sonda, embora já se alimente pela boca desde o dia 17 de maio, exatos 10 dias após a operação no esôfago. Ele está se alimentando muito bem, explica Rosemeire, relembrando que houve um período que a criança chegou a pesar 900 gramas. O atendimento foi ótimo, elogia, explicando que ia tranqüila para casa já que foi bem treinada e informada sobre todos os cuidados que deve ter com o bebê. Essa é uma prática do hospital com todas as gestantes, mas no caso de João Vito, ganhou um reforço especial.