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Balé da terceira idade de Santos conquista vaga para o tradicional festival de Joinville

Publicado:
29 de maio de 2019
13h 13
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Vagner Dantas

 

Regina Simões, mas pode chamá-la de Branca de Neve; Lucia Souza, que também atende por Cinderela, e Glória Gouvea, agora conhecida como Chapeuzinho Vermelho. Foi dançando com muita graça e brincando com o mundo da fantasia que 10 bailarinas do curso de balé da 3ª idade de Santos conquistaram uma vaga para o Festival de Dança de Joinville, na segunda quinzena de julho.

A chance de participar do maior evento do país no segmento veio após a apresentação do grupo no Festival Dança Brasil, em Marília, no início de maio. As santistas concorreram com 88 grupos de diversos estados, apresentando a coreografia Princesas em Festa – Os Sonhos Não Envelhecem, assinada pela professora Cristiane Alvarez.

“É uma coreografia diferente, pois ela começa com uma música clássica e termina com a canção Dancin’ Days. O público adora esta parte mais animada”, comenta Cristiane, que há quatro anos ministra as aulas de balé no Cais Milton Teixeira (Vila Mathias). Gerenciado pela Secretaria de Cultura (Secult) o curso conta atualmente com 80 alunos, a partir dos 50 anos, divididos em três turmas.

“Atendemos pessoas que já fizeram balé na juventude e outras que jamais passaram por uma academia de dança. Procuramos fazer um trabalho dentro do limite de cada um, para que tudo possa se tornar mais prazeroso”, comentou Cristiane.

 

A FONTE DA JUVENTUDE

 

O grupo de 10 bailarinas que se apresentará em Joinville é relativamente pequeno, mas cheio de histórias para contar. A mais velha da turma, Nilsa de Araújo Lacerda Soares, 77 anos, está realizando um sonho guardado há mais de meio século. “Sempre desejei dançar. Quando era jovem, assistia àqueles musicais no cinema e voltava para casa sonhando”, recordou a aposentada, mãe de dois filhos e avó de quatro netos.

Depois que ficou viúva, há 15 anos, Nilsa começou a fazer aulas de dança do ventre, jazz, até chegar ao balé. Na opinião dela, a dança pode ser definida como a ‘fonte da juventude’. “A dança rejuvenesce a gente. A música, o som do aplauso, a luz do palco... tudo isso é maravilhoso”.

Para outra integrante do grupo, a também aposentada Sandra Cristina Antônio, 56, as aulas de balé para 3ª idade têm sabor de reencontro. Formada em balé clássico, ela teve que trocar as sapatilhas pelos cálculos. “Formei-me em engenharia elétrica em 1984, comecei a trabalhar, e daí não tive mais tempo para continuar dançando”.

Depois de 34 anos sem calçar as sapatilhas, Sandra voltou a sentir o prazer de dançar. “Existem outras opções de atividade física por aí, mas dançar é diferente. A dança não mexe apenas com nosso corpo, mexe também com a nossa cabeça e sentimento”.

 

MUITO ALÉM DA VISÃO

 

Mercia Cristina Soares de Carvalho, 54, é a caçula da turma e também com menos tempo no grupo. Após ser vítima de glaucoma, que tirou 80% da visão de um olho e 20% do outro, ela tomou uma decisão: “Comecei a priorizar as minhas vontades”, definiu a aposentada.

Após assistir a apresentações do grupo de balé da 3ª idade, há apenas dois meses, Mercia tomou coragem e resolveu começar a dançar. “O balé e todo o grupo me dão muita força para enfrentar os meus problemas de saúde”.

Tão grande quanto a fibra de Mercia é a vontade de se apresentar para as netas, que atualmente vivem em Santa Catarina e certamente vão assistir à apresentação em Joinville. “Geralmente são os netos que se apresentam para as avós. Agora será o contrário, mas, com certeza, será muito divertido”.

Fazem parte do grupo que irá se apresentar no festival de dança em julho: Sandra Antônio (Sininho), Mônica Silva (Tiana), Nilsa Soares (Jasmine), Lucia Souza (Cinderela), Elizeti Rocha (Ariel), Regina Simões (Branca de Neve), Glória Gouvea (Chapeuzinho Vermelho), Helena Camponero (Ana), Luciana Gutierrez (Elsa), Mércia Carvalho (Anastácia) e Selma Peralta (Bela).

 

Fotos: Marcelo Martins

 

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