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Atrações do Festival do Imigrante levam 12 mil pessoas ao Centro Histórico de Santos

Publicado: 16 de outubro de 2022 - 17h46

ROSANA RIFE

O Festival do Imigrante foi o destino de santistas e turistas neste final de semana em Santos. Pelo menos 12 mil pessoas passaram pelo Centro Histórico nos dois dias de evento. No domingo (16), com sol, o tradicional almoço familiar foi transferido para a praça de alimentação.

Difícil foi escolher entre as opções de cardápio, que passearam pela gastronomia de Portugal, Japão, Brasil, França, México, Grécia, Espanha, Argentina, Itália, além de Países Árabes e Africanos, além de vários restaurantes que abriram as portas na região Central.

A servidora pública Rosi Alonso chegou cheia de apetite para degustar a paella na tenda espanhola. Mas o prato fez tanto sucesso que, em pouco tempo, acabou. “Queria almoçar uma paella. Vim morrendo de vontade de experimentar. Acho que vou ter de viajar para a Espanha agora”, brincou Rosi.

Descendente de espanhol, Marco Alessandro Fatigatti, era lojista, mas decidiu abandonar o comércio de perfumes e, há 20 anos, decidiu se dedicar ao aroma e ingredientes da paella. “Eu fazia para os amigos e transformei o meu hobby em profissão. Era o meu sonho”.

Ele conta ainda que imaginava que o prato faria sucesso no Festival do Imigrante, mas superou suas expectativas. “No sábado foram uns 80 pratos. As pessoas gostaram tanto que hoje foi tudo e venderia muito mais se tivesse”.

Nas tendas da Grécia, do México, da Argentina e outros países, a cena se repetia. Filas e pratos sendo degustados aos montes.  As iguarias sírias feitas pelo casal Rahaf Salh Wessan Alzobedi também atraíram a atenção dos visitantes. Ele chegou ao Brasil há cerca de oito anos e ela, há cinco. Juntos começaram a colocar em prática as receitas de família, que, agora, estão encantando o público.

"Fazemos comida árabe para eventos, fazemos entregas em domicílio e trouxemos doces típicos, esfirras variadas, quiibe, charutinho e pastas sírias para o Festival”, explica Wessan.  “São receitas de mãe para filha”, complementa Rahaf.

No Brasil, os sanduíches feitos pela Rangaria Lanches, em parceria com a Tia Egle, também foram bastante disputados. Foram vendidos 250 sanduíches no sábado. “E hoje devemos repetir este número”, diz a presidente do projeto, Egle Rodrigues Pereira.

Outras opções estavam reservadas em cardápios especiais nos estabelecimentos Armazém 22, Café Carioca, Cafeteria do Museu do Café, Estação Bistrô, Gambiarra e Tasca do Porto (foto).

O técnico em segurança do trabalho Anderson Cavalcante está há três meses em Santos e adorou o Festival do Imigrante. Ele aproveitou para curtir novas experiências gastronômicas e aprovou o pastel de salmão do Café Carioca. A iguaria foi produzida pela chef Ju Souza.

“Estava bem curioso. E fiquei bem surpreso. O sabor é bem gostoso. É como se tivesse comendo o sushi tradicional com toque brasileiro. Tá perfeito”.

Já Vera Fernandes optou pelo bolinho de bacalhau e a sardinha da Tasca do Porto. “São deliciosos e muito bem preparados. O molho é diferenciado. Está tudo uma delícia. Vale a pena vir conferir”.

OFICINAS

A assistente social aposentada Teresinha Kaeryama Shiraki participou de várias oficinas e saiu do Festival com uma bagagem recheada de conhecimento e novos pratos para buscar inspiração. Neste domingo, ela aprendeu a fazer cannoli siciliano e ainda conheceu a história do prato. “Estava tudo magnífico. Explicaram a origem do prato, além da receita. E, quando a gente degustou, nossa foi simplesmente magnífico”. No sábado, ela participou da aula de gastronomia mediterrânea e agregou o risoto de camarão com pesto, assinado pelo chef Junior do Estação Bistrô Restaurante-Escola ao caderninho de receitas.  “Também fiz a oficina de pão de cará. Maravilhoso. As oficinas realizadas aqui foram de excelente qualidade”.  Agora, questionada se aplicará todo este conhecimento em casa? Teresinha, pensou bem antes de responder. “Pergunta difícil. Sou uma boa degustadora. Agora ir para a cozinha já são outros quinhentos", brinca.

Também houve oficinas de bijuterias e de porta vela para o Natal, com vidro float, totalmente reciclado, realizadas com os vidreiros Cleofaz Hernandes e Valeria Vieira, que ensinaram a técnica italiana para a confecção dos objetos.

“Somos artesãos há mais de 30 anos e começamos a trabalhar com vidro float por um acaso. Eu trabalhava com resina e ele com pedras. Um dia, passando de ônibus, vimos uma faixa escrito ‘fusing glass’. A gente se interessou, amamos e estamos até hoje”.

Maria Alice Bento é artesã e trabalha com patchwork e bordados, mas quis conhecer técnicas novas. “Você vê a peça e não tem noção do trabalho que dá para ser confeccionada. Vale a pena. Aprendi muito”.

NAS REDES SOCIAIS

O bonde instagramável também virou queridinho do público. Foram vários flashes, poses e sorrisos para bombar nas redes sociais.

A professora Maria Lucia Ferreira aproveitou que estava com a amiga fotógrafa Kátia Tomimoto para fazer um ‘book profissional'. “Ela tem o olhar clínico. As fotos vão para o Instagram e para o grupo da família, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e do Maranhão. Vai percorrer o Brasil todo”, disse.  “Adorei esses espaços instagramáveis. As pessoas se animam e querem deixar tudo registrado. E tem a importância de valorizar o Centro Histórico, estamos precisando disso e está acontecendo”, completou Kátia.

APRESENTAÇÕES

Danças típicas da Alemanha, Grécia, Espanha, França iam sendo apresentadas no palco ao longo do dia. Além de dança do ventre, flamenca e tango do projeto Fábrica Cultural da Secretaria de Cultura, também houve participação do balé africano e da arte japonesa.

 A Feira de Artesanato Feito em Santos Valongo e Gran Bazar, no Valongo, também repetiram o sucesso registrado no sábado.

Itamara Turato Ruiz Paiva faz geleias caseiras e expôs no Valongo pela primeira vez. “Foi muito bem divulgado. As pessoas viram na internet e na TV e hoje vieram. O tempo também ajudou. Está sendo um sucesso. Meus produtos são fresquinhos então agradam bem”.

As meninas da Vila Criativa da Zona Noroeste trouxeram bonecas de pano, travesseiros e almofadas feitas durante o programa. Tudo feito com material reciclado ou com sobras de tecidos.

“Estamos começando a empreender nesse ramo, fazendo nossos próprios produtos e isso tem ajudado bastante na renda de casa”, contou Danubia da Silva Galotti que estava desempregada até entrar na oficina de costura realizada na Vila Criativa.

BALANÇO

O Festival do Imigrante de 2022 vai ficar na memória dos visitantes e, na avaliação do prefeito Rogério Santos, o evento cumpre uma grande missão.

“Santos tem papel especial no processo da formação da cultura do País, pois foi o principal ponto de imigração para o Brasil. O Festival do Imigrante, que simboliza a união dos vários povos que constituem o brasileiro, é um sucesso e se integra ao processo de revitalização do Centro Histórico, atraindo público ao bairro fora do horário comercial e potencializando a característica histórica, gastronômica e turística do local”.

A diversidade gastronômica foi apontada como um dos pontos fortes do Festival nesta edição, disse a secretária de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo, Selley Storino.

 “Houve um esforço grande para buscar esta diversidade e isso refletiu na aprovação do Festival. Tivemos retornos de muitos turistas que ficaram impressionados com o evento e também com os equipamentos de patrimônio histórico e turístico de Santos. E, cada vez mais, o santista aprova o Centro Histórico como local propício para eventos”.