Atividades inclusivas para crianças marcam o Dia Internacional da Síndrome de Down em Santos

Escola Gota de Leite promove atividade para aumentar interação

Atividades inclusivas para crianças da rede municipal de Santos foram realizadas, na manhã desta segunda (21), no Jardim Botânico Chico Mendes (Bom Retiro) e na UME Gota de Leite, para comemorar o Dia Internacional da Síndrome de Down.

No Jardim Botânico, um grupo de 26 alunos do curso de Educação Física da Unimes ofereceu um circuito de exercícios motores diversificados e inclusivos. O objetivo foi aproximar as crianças das pautas inclusivas e incentivar sua empatia.

Durante o passeio, aproximadamente 60 crianças também foram apresentadas à fauna e flora do local. Estudante de Biologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Vinicius Pasqualine, que trabalha no espaço, ensinou sobre as curiosidades das árvores e animais. "Acho que essa é a atividade mais significativa do parque, a gente consegue mostrar um pouco mais da coleção botânica e, às vezes, introduzir algo mais criativo, como a trilha para caçar o saci" conta o estudante de biologia.

Os alunos se mostraram interessados pelo assunto. "O importante é que eles perguntem. E eles perguntam bastante!", completou Vinicius. O aluno do 6° ano da escola Mário de Almeida Alcântara Guilherme Misael, 12 anos, com Síndrome de Down, participou do passeio e das brincadeiras. "Gostei de pular" contou, se referindo a brincadeira "amarelinha". "Ele acompanha as atividades e é bem disciplinado. Participa bem das aulas e apenas algumas tarefas são adaptadas" explica sua mediadora, Laine Andrade, que o acompanha desde o ano passado.

Raquel Martins, 11 anos, aluna do 5° ano da escola Leonardo Nunes, também aproveitou a ação. "Gostei muito", diz a menina acompanhada de sua mediadora, Suelen Salazar. A profissional conta que foi sua primeira experiência com uma criança com Síndrome de Down. "Impossível não se apaixonar, né?" conta Suelen. "Mesmo ela sabendo que tem algumas limitações, ela gosta e participa. Faço uma adaptação pra ela estar acompanhando. Se ela subir uma árvore, estou com ela" diz a mediadora, que convive com a aluna há seis meses.

Criado por uma parceria entre a secretarias de Educação (Seduc), Esportes (Semes), Governo (Segov) e a Unimes, o trabalho foi um sucesso, mesmo com a chuva que ameaçava na região. A coordenadora do Coordenadoria de Defesa de Políticas para Pessoas com Deficiência, Cristiane Zamari, reafirma a importância do passeio com os alunos dessa faixa etária, que estão em construção da cidadania, para que aprendam o convívio irrestrito entre todos. "É muito importante esse dia ser marcado com uma atividade que mexe com todos os sentidos. É o que vai fazer eles crescerem de uma forma muito mais humana, diferenciada e inclusiva".

Ela também explica que o parque do Jardim Botânico se tornou 100% acessível e inclusivo, promovendo atividades paralímpicas e circuitos sensoriais. "A pluralidade é importante para sermos adultos melhores, tanto em outros ambientes sociais, como o mercado de trabalho" completa Cristiane.

Para o professor Aldemir Lima, da Seduc, o trabalho de inclusão é realizado durante o ano inteiro, atuando tanto na praia, quanto no Jardim Botânico. "A importância de toda essa situação é realmente você entender que o outro tem uma dificuldade, mas você também tem as suas. Poder entender que você pode conduzir, ajudar seu amigo a se sentir acolhido".

A atividade fez parte do projeto Meio Ambiente em Movimento, da Seção de Projetos Educacionais Especiais, da Seduc.

Escola Gota de Leite promove atividade para aumentar interação

Maria Larissa Araújo de Lucena tem 9 anos e ama brincar. Não para um segundo durante o intervalo da aula. Vaidosa, confere quase sempre como está o seu cabelo, cuidadosamente preso pelo elástico. Ela está na quarta série do ensino fundamental na UME Gota de Leite, durante as aulas tem apreço especial pela hora da leitura, onde para e escuta atenciosamente a história contada pela professora Cláudia.

Mesmo no final de março, a menina já está ansiosa para a quadrilha de festa junina, ao lado da amiguinha Amanda de Souza, de 9 anos, ensaia os passos da tão esperada festa (que só vai acontecer daqui a quase três meses). Aliás, é Amanda a parceira das dancinhas de tik tok, que todas as professoras param para ver e se divertem.

Amanda conta com muito carinho da amiga que conheceu na segunda série e se tornou inseparável. “Gosto muito dela, das dancinhas, de brincar de panelinha, de pega-pega”.

Quando perguntada sobre qual a diferença dela para as outras crianças, a menina não tem dúvidas, com um sorriso expressado pelos olhos, enquanto a boca é encoberta pela máscara ela declara. “Ela é muito diferente dos meus outros colegas, não tenho dúvidas é minha melhor amiga”.

Maria Larissa é portadora de síndrome de down, ainda verbaliza poucas palavras, mas tem evoluído muito e ganhado cada vez mais autonomia, seja nas aulas do turno escolar regular, ou no contra turno.

Para a coordenadora pedagógica da UME Gota de Leite, Débora Marreiro, a integração entre ela e as crianças do ensino regular é benéfica para todos. A pedagoga conta que apenas a informação é capaz de eliminar o preconceito. “A escola prepara para a vida em sociedade, desde cedo ensinamos que devemos respeitar e incluir a todos. Com a educação inclusiva e informação, teremos seres humanos melhores. Ensinamos a acolher e a entender cada uma dentro das suas diferenças, seja ela qual for”

ATIVIDADE ESPECIAL

Nesta segunda, Dia Internacional da Síndrome de Down, a unidade municipal de ensino, que conta com 24 alunos com alguma necessidade especial (dentre os 300 matriculados na instituição) realizou uma atividade diferente. Os alunos conheceram a sala de educação especial, onde os estudantes com qualquer tipo de deficiência recebem os reforços ao ensino regular.

A professora de ensino especial, Cláudia Igrejas, fez a leitura do livro “Meu Amigo Down”, que dialoga com o tema de maneira leve para o entendimento das crianças. Todos ficaram atentos e participaram, esbanjando amor e mostrando que as crianças têm mais a ensinar do que os adultos. “Essa interação é fundamental para ambos os lados, pois as crianças aprendem uma com as outras, principalmente a respeitar a diversidade. Nós vemos que por aqui não existe o preconceito e valorizamos isso”.

A diretora Adriana Dias conta que o evento, intitulado “As nossas diferenças que nos tornam fantásticos”, visa aumentar essa interação entre todos os alunos. Durante o ano, outras atividades como essa acontecerão. “Essas atividades são definidas de maneira participativa, entre os professores e a direção, para que possamos entender quais as nossas necessidades, assim surgiu a ideia da atividade de hoje e vamos fazer cada vez mais, pois notamos o quanto é positivo”.

Fotos: Rogério Bomfim, Raimundo Rosa e Denise Gouveia