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Arborização planejada começa a mudar visual da cidade

Publicado: 22 de maio de 2009
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Com cerca de 30 mil árvores registradas, Santos é reconhecidamente uma cidade arborizada. Contudo, boa parte dos exemplares formados ao longo dos anos não é apropriada para o local onde foi plantada, resultando em interferência na fiação elétrica e danos às calçadas. Resolver esses problemas é o desafio que a prefeitura está enfrentando, por meio de planejamento estratégico da Semam (Secretaria de Meio Ambiente). Este prevê, por exemplo, reorganização da arborização, com a substituição das espécies; e aumento do plantio em regiões como a Zona Noroeste. Conforme os dados da Semam, cerca de 60% das árvores da área urbana são de ingás, espécie que cresce rapidamente, exigindo várias podas. Outro problema é o risco de queda da árvore durante dias chuvosos e com fortes ventos. A raiz também é superficial, o que facilita a quebra das calçadas. Os vegetais doentes e sem possibilidade de recuperação estão sendo substituídos por outros, nativos da região, gradativamente, segundo o chefe do Depav (Departamento de Parques e Áreas Verdes), João Cirilo. Não podemos substituir de uma só vez, senão ficamos sem verde e o microclima do local é alterado drasticamente, disse ele. As espécies fícus, saboneteira, flamboyant, chapéu-de-sol têm as mesmas características e são substituídas conforme a necessidade. De acordo com o mapeamento do Depav, Santos tem 103 espécies. Estudos apontam que uma cidade deve ter, no mínimo, 75, disse Cirilo. A prioridade agora, segundo ele, são os plantios de árvores de flores com coloração intensa, como ipê-amarelo, ipê-roxo, pata-de-vaca, quaresmeira e magnólia. Estas modificam a paisagem e causam sensação de bem-estar à população. Em cinco anos, foram cultivadas mais de cinco mil. O ingá e o chapéu-de-sol, ainda maioria, também têm flores, mas não são perceptíveis. PROGRAMAÇÃO E CONTROLE Quatro engenheiros agrônomos da Semam programam anualmente a arborização urbana. Em 2008, foram 9.956 podas de galhos e 1.707 plantios. Neste ano, até março, estão registradas 3.035 podas e 351 plantios. De abril a outubro, o Depav intensifica a poda, já que nesse período o metabolismo das plantas é mais lento. Antes de cada plantio, eles avaliam a escolha da espécie em fatores como: largura de calçadas, localização de iluminação e das tubulações de água e fiação elétrica, recuo de edificações e resistência das folhas. O trabalho é complexo e reflete na qualidade de vida das pessoas, apesar de 20% de tudo o que é plantado ser perdido por vândalos. A população pode colaborar. Interessados devem entrar em contato com o Depav pelo telefone 3203-2905, para obter mudas gratuitamente ou participar do programa voluntário de plantio em vias públicas. Pedidos de plantio, poda e vistoria são feitos pela Ouvidoria Pública, no 0800-112056. As substituições de árvores devem ser pedidas no protocolo geral da prefeitura. VANTAGENS Com 161 árvores, a Praça Nossa Senhora Aparecida, na Avenida Afonso Pena, é a campeã dos pontos mais arborizados, tornando-a um grande filtro de ruído e poluição para os que vivem em seu entorno. Ali, as árvores chegam a conter 70% da poluição, afirmou João Cirilo. Entre os benefícios proporcionados pelas árvores estão: mais sombra, redução de temperatura e poluição do ar, liberação de oxigênio na atmosfera, absorção do gás carbônico, melhora das condições de uso do solo, valorização de imóveis, diminuição de custos com energia elétrica e aumento da durabilidade do asfalto. Há pesquisas afirmando que locais arborizados retêm dez decibéis de ruídos. Outro ponto é a Praça da Paz Universal, na Zona Noroeste, com 75 árvores. A região vem ganhando cerca de 500 plantios por ano. JARDIM DA ORLA Com 5.335m de comprimento, 218.800m² de área e largura média de 45m, o maior jardim de orla marítima do mundo possui 2.286 árvores, das quais 1.443 são palmeiras de pequeno e médio porte, de 27 espécies diferentes. Das 843 árvores restantes, 90% são chapéus-de-sol. NOVA PAISAGEM Os canais estão recebendo novas espécies. Nestes locais, elas podem ser de grande porte, porque o espaço permite, disse Cirilo. Com a reforma do calçamento dos canais, as árvores ganharam canteiros maiores, o que colabora para a permeabilidade do solo e respiração das raízes, contribuindo para o desenvolvimento das árvores. Até o momento, são 181 plantios dos canais 2 ao 5. Os canais 1 e 6 receberão 275 árvores, após a recuperação do calçamento pela Seosp (Secretaria de Obras e Serviços Públicos). Novos plantios foram feitos nas ruas Bassin Nagib Trabulsi, José Olintho de Carvalho, Benjamim Constant, Voluntários Santistas, Vahia de Abreu, Princesa Isabel, Almirante Tamandaré, João Guerra, Godofredo Fraga, República Portuguesa, Álvaro Guimarães, Freitas Guimarães e Manuel Ferramenta Júnior, além das praças João Jácomo Bruneto e Altino Arantes. INCENTIVO Á ARBORIZAÇÃO A Semam também foca a arborização no Núcleo de Educação Ambiental, no Jardim Botânico Chico Mendes (Rua João Fraccaroli s/nº, Bom Retiro). Agendadas pelo telefone 3299-7878, as atividades monitoradas apresentam espécies arbóreas, informações de plantio e produção de flores e frutos. Por ano, normalmente, são atendidas três mil pessoas, a maioria alunos da rede municipal e estadual. Com as crianças é explorado o uso dos sentidos (tato, olfato, audição e visão) para observação e reconhecimento das espécies. No parque são oferecidas outras oficinas: Jardinagem da Vovó Florinda (projeto ‘Vovô Sabe Tudo’) e Programa de Horta Escolar que, desde 2008, é desenvolvido nas escolas municipais com a parceria da Seduc (Secretaria de Educação) e da Casa da Agricultura de Santos. O parque oferece também a biblioteca temática ‘Paulo Viriato Corrêa da Costa’ para quem quer aprimorar o conhecimento sobre o tema. CIDADANIA Um dos bairros mais arborizados é o Boqueirão. O promotor de Justiça Éuver Rolim, 43 anos, teve papel fundamental neste processo. Apaixonado por jardinagem, ele plantou 70 mudas nas ruas quando residiu no bairro, cuidando delas como se estivessem dentro de sua casa. Eu falava com os síndicos, coordenava a compra de mudas, contrato de pedreiro para fazer a cova e de marceneiro, para armação de madeira, e fazia o contato com a prefeitura para a autorização do plantio, disse. Cada árvore recebeu placa com nome científico, popular e data de plantio. Com pouco de conhecimento sobre jardinagem, Rolim plantou mudas medicinais, frutíferas e de flores, e até prestou uma homenagem ao país em 2000, com o plantio de uma muda de pau-brasil no bairro, pelos 500 anos do Brasil. Hoje, no jardim de sua casa, cuida de 80 espécies e aguarda que cresçam para plantá-las em locais públicos. Em ecologia é importante pensar: dentro do meu alcance o que eu posso fazer? Cada um deve procurar algo que tenha afinidade e seja em benefício do coletivo. Para Cirilo, pessoas como Rolim fazem a diferença na cidade. Gostaríamos de ter mais pessoas dedicadas como ele, que sempre nos procurou, preocupado em plantar espécies indicadas para a região.