Araquém Alcântara dá aula de brasilidade no Festival Valongo

Foi para uma plateia jovem e interessada que o fotógrafo Araquém Alcântara abriu o coração, contou ‘causos’, repassou segredinhos e deu uma verdadeira aula de brasilidade na sexta-feira, 14/10, dentro do Valongo Festival Internacional da Imagem. No sábado (15/10) das 11h às 13h, ele retorna na programação para entrevista na Sala do Empreendedor: rua General Câmara, 30, no Centro Histórico. 

Considerado o maior nome da fotografia de natureza do país, Araquém é autor de 49 livros. Nascido em Florianópolis (SC), começou a carreira no fotojornalismo em Santos, em 1969, e expandiu horizontes. Ganhou 13 prêmios e hoje é reverenciado, também, como o precursor da fotografia ecológica no Brasil – ele é o autor de 'TerraBrasil', que com 120 mil exemplares, é o livro de imagens mais vendido em território nacional. 

Obstinação

Araquém deixou bem claro o que ainda o move a grandes empreitadas nos confins do Brasil, mesmo após 47 anos de estrada. “É o amor obstinado pelo país. Dediquei minha vida à cultura e ao povo brasileiro”, frisou, dizendo que seu mapa do País é feito do nome das pessoas que conheceu e fotografou. 

A aproximação, ensinou, é via 'olhar compassivo', que abre para histórias e estabelece um elo de emoção com seus personagens. Em sua última expedição, ficou 17 dias na mata. 

Para ele, muitas vezes o fotógrafo tem que reinventar o cenário, transformar o banal em espetacular. “Do contrário é xerox”, alertou. Embora tenha considerado “traumática” sua passagem de fotografia analógica para digital, ele transita entre ambos os meios e diz que '"fotógrafo esperto tem que fazer os dois. Um para velocidade e outro para contemplação".

Para a plateia atenta, Araquém incentivou a aventura, parafraseando o escritor Guimarães Rosa: “O real não se apresenta na chegada, mas na travessia”. Também ler muito, a ponto de conhecer na ponta da língua os grandes nomes da fotografia mundial. “E exercitar sempre”, arrematou.

Foto de Susan Hortas